qui, 20 março 2025

Crítica | Um Terror de Parentes

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Em Um Terror de Parentes (The Parenting), seguimos a frustrada viagem dos namorados Josh e Rohan, que planejaram um fim de semana especial para apresentar seus pais em uma antiga casa alugada. O casal, no entanto, vai descobrir que: pior do que encarar pais que duvidam do futuro do relacionamento dos dois é ter que dar de cara com uma entidade demoníaca que abriga o local das “férias” da família.    

 É curioso como se dá a apresentação do novo longa-metragem da Warner Bros. lançado diretamente na plataforma de streaming MAX, nos fazendo acreditar que, por nos depararmos com imagens aparentemente descontraídas e confortavelmente estranhas que nos remetem clássicos que amalgamam horror e comédia, como Os Caça-Fantasmas, Uma Noite Alucinante e por aí vai, uma produção atual que se prenderia a um estilo que tanto fez sucesso na década de 1980 ainda iria funcionar graças ao enfadonho fator nostalgia. Felizmente, não é do saudosismo que Um Terror de Parentes (The Parenting) se alimenta, o que chega a ser um forte fator para considerar a obra realmente interessante, mas da divertida mistura do terror sobrenatural com o pavor de conhecer os sogros e não receber suas respectivas aprovações, o que pode arruinar todo um relacionamento. Mesmo bebendo de uma fonte exclusiva para comédias que apostam em situações de constrangimento e inusitadas, o fator terror se mantém presente para ilustrar o caos e reunir possessões demoníacas às confusões familiares no melhor estilo Sessão da Tarde, o que acaba por acarretar em uma conclusão atrapalhada que mais parece se distanciar da boa proposta do longa e torná-la simplesmente comum.

  Acompanhando o casal Josh (Brandon Flynn) e Rohan (Nik Dodani), a narrativa tende a despertar no público uma afinidade por seus simpáticos protagonistas a ponto de gerar uma certa ansiedade para que tudo não termine da maneira mais absurda, ou trágica, a partir do momento que os pais mais rigorosos de Rohan, Sharon e Frank, interpretados pelos exímios veteranos Edie Falco (Família Soprano) e Brian Cox (Succession), entram em cena e começa o embate entre gerações. O cômico conflito familiar se agrava na chegada dos pais humildes e desengonçados de Josh, Liddy e Cliff, vividos também com entusiasmo por Lisa Kudrow (Friends) e Dean Norris (Breaking Bad). A cereja do bolo é o despertar acidental da entidade demoníaca que reside na casa antiga, que já foi palco de um assassinato provocado pelo próprio espírito faminto. A partir desta soma de conflitos, há momentos insanos que nos permitem ver Brian Cox sob o domínio de uma possessão sobrenatural, o que evidentemente foi divertido para todos os atores em cena, já que os momentos são genuinamente cômicos e bem filmados, além de contar com uma divertida adição ao elenco, que é Vivian Bang, intérprete de Sara, amiga do casal protagonista.

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Imagem: Warner Bros./MAX

  Se Um Terror de Parentes tivesse abraçado uma ideia de caricatura que beira ao pastiche e, ainda assim, levantar questões importantes na atualidade, como a aceitação de casais homossexuais por familiares de pensamentos retrógrados, além de amalgamar tudo isso a um terror que flerta com o trash – não poupando o uso de efeitos visuais práticos para caracterizar cenas de vômito proveniente da possessão demoníaca e até animais endemoniados -, o resultado ainda continuaria estranho para alguns, no entanto, para um público que aprecia uma comédia de erros aterrorizante, cairia como uma luva. O realizador Craig Johnson (The Skeleton Twins) sabe conduzir uma trama sobre relações e embarcar em uma narrativa que também aborda eventos sobrenaturais não lhe pareceu um grande desafio, já que o diretor soube equilibrar tons e reunir o melhor de dois gêneros cinematográficos, até quando o roteiro não favorece o desenrolar da trama.

 Assinado por Kent Sublette, do Saturday Night Live, o texto de Um Terror de Parentes estava tomando uma forma interessante até o segundo ato. Porém, ao fazer associação com a apresentação do filme e à verdadeira importância da personagem de Parker Posey, a narrativa acaba se desenvolvendo de maneira rápida e presa a clichês que comprometem com todo o encanto. Adotando também um ritmo automático, chegando a gerar estranhamento, o filme quase não encontra tempo para respirar em seus minutos finais, entregando uma decupagem de cenas rápidas, mostrando também uma deficiência por parte da edição.

Mesmo espacando da saudosismo cafona, Um Terror de Parentes desperdiça sua criatividade em um desfecho despreocupado que anseia por dar logo um desfecho para a sua narrativa. Por outro lado, os bons momentos presentes no longa, além da ótima participação de um elenco assertivo, fazem com que a comédia de terror não deixe de ser uma opção mais que adequada para se divertir com a família e amigos em uma tarde chuvosa.

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