O longa-metragem nacional dirigido por Ale McHaddo e estrelado por Leandro Hassum, traz uma abordagem leve e divertida para temas como os desafios enfrentados pelas mulheres e a desigualdade de gênero no ambiente de trabalho. O filme embora siga a fórmula tradicional das comédias brasileiras, combina humor, crítica social e uma jornada de autodescoberta.
A trama acompanha o brasileiro Mike (Leandro Hassum), um advogado cujo nome de batismo, Michelle, dado por seus pais italianos, lhe gera desconforto por soar feminino. Recentemente, vem enfrentando uma séria de adversidades em sua vida: mora nos fundos da pizzaria de seus pais (Wandi Doratiotto e Lucélia Machiavelli), dividindo espaço com o closet de sua irmã trans, Patrizia (Olivia Lopes); Sua ex-esposa (Cristiane Wersom) pretende se mudar com o filho (Gabriel Avellar) para outro país e o está acionando em um processo de pensão alimentícia.
Para Mike, a luz no fim do túnel parece brilhar quando a empresa em que trabalha é comprada pelo maior escritório de advocacia do país, conhecido como TOP. Porém, o novo chefe (Bruno Garcia) e seu braço direito (Felipe Torres) decidem demitir todos os homens devido à política de priorizar a contratação de mulheres para os cargos.
Quando tudo parece perdido para Mike, o personagem não é demitido, já que, por conta do nome, o setor de RH acredita que se trata de uma mulher. Assim, ele se transforma na Dra. Michelle, mergulhando em um mundo corporativo repleto de desafios que ele nunca havia enfrentado antes, o que inclui uma parceria inusitada com seu ex-colega de escritório (Fernando Alves Pinto), um processo de plágio onde pretende mostrar sua capacidade para se manter no emprego e se apaixonar por outra advogada (Claudia Campolina), tudo isso enquanto enfrenta seus próprios problemas pessoais como homem e mulher.

O roteiro, escrito por Luiz Felipe Mazzoni, Ale McHaddo e Cris Wersom, apresenta duas narrativas paralelas: a vida real de Mike, onde ele luta para provar ser um pai presente e interessado, e a vida fictícia da Dra. Michelle, que enfrenta assédio, interrupções e roubo de ideias no ambiente de trabalho. Essas histórias se entrelaçam de forma dinâmica, criando situações cômicas e reflexões sobre desigualdade de gênero.
Leandro Hassum, conhecido por seu carisma e talento para a comédia, entrega uma performance sólida, embora sem grandes inovações. Ele alterna entre os papéis de Mike e Dra. Michelle com habilidade, trazendo humor e emoção às situações vividas pelos personagens. Nota-se que, quando o ator “improvisa”, os risos são maiores do que quando segue à risca o roteiro.
O elenco de apoio masculino inclui o excelente Bruno Garcia e o sempre irreverente Paulinho Serra, que interpretam personagens arquétipos com os quais muitas mulheres se identificam. Danilo Gentili, Marcelo Mansfield e Fernando Alves Pinto, contribuem para a leveza da comédia, com atuações caricatas e divertidas.
O filme ainda conta com uma participação mais que especial de Nany People como a presidente do fã-clube de uma cantora (Renata Brás). E de Ale McHaddo, que além de dirigir o longa, faz uma participação como advogada de defesa.
O filme se destaca por sua narrativa ágil e humor inteligente, evitando o desenvolvimento lento e mantendo o ritmo dinâmico. Apesar de abordar temas relevantes, como assédio no trabalho e desigualdade de gênero, o roteiro não se aprofunda nas questões, optando por apresentá-las de forma leve e acessível ao público-alvo, predominantemente masculino. Essa escolha, embora limitadora, cumpre o objetivo de provocar reflexões sem perder o tom cômico.
Em resumo, “Uma Advogada Brilhante”, apesar de não trazer grandes inovações para o gênero, entrega o que promete: uma comédia divertida e leve, com momentos de reflexão. Para os fãs de Leandro Hassum, é uma escolha certeira, enquanto para o público geral, oferece uma experiência agradável e descontraída. Para alcançar todo seu potencial, a obra funcionaria melhor como série episódica, ao invés de um longa-metragem.