
Em Uma Batalha Após a Outra, Leonardo DiCaprio (Titanic) interpreta Bob Ferguson, um ex-revolucionário que sai da aposentadoria para enfrentar a missão mais importante de toda a sua vida: resgatar a sua filha. Tendo vivido a juventude como integrante de um grupo de guerrilha, agora a sua fracassada vida o atinge em cheio com frustrações e tristezas quando o mais cruel de sua longa lista de inimigos retorna após passar16 anos desaparecido e resolve sequestrar a garota. Diante de tamanha urgência, ele reúne seus antigos companheiros e embarca em um implacável desafio em que precisará correr contra o tempo para salvar quem ele mais ama.
Paul Thomas Anderson (Sangue Negro) dirige e roteiriza uma dos filmes mais insanos do ano! O elogio se deve a mistura de gêneros e temas que o diretor insere e desenvolve em sua trama. Alguns elementos podem gerar confusão e até desagradar, mas para aqueles que olharem atentamente o resultado será muito satisfatório. Anderson cria uma cadeia de eventos que explode em tela, apresentando temas sérios, como imigração, racismo, revolução e relações familiares, sem seriedade nenhuma.
O papel do protagonista no grupo revolucionário é o mais descartável possível e acompanhar ele em sua jornada é deliciosamente torturante. As cenas mais divertidas do filme, surgem da superação e reclamações feitas pelo revolucionário mais acomodado do planeta. A construção do personagem de DiCaprio é muito bem feita pelo ator, mas é inegável que o filme pertence a Sean Penn (Milk: A Voz da Igualdade) que surge repleto de maneirismos irritantes que escondem o poço de ambiguidades que seu personagem é. Outros destaques são: Benicio del Toro (Sicário) e Regina Hall (Todo Mundo em Pânico) que mesmo tendo pouco tempo em tela, entregam atuações marcantes nas cenas onde eles aparecem.

As quase três horas de duração passam voando, devido a ágil montagem. Se os temas parecem ser complexos, o roteiro de Anderson trata de apresentar eles de modo sutil e cínico, alternando isso para causar choque, humor e constrangimento (em algumas situações). A câmera do diretor serve para mostrar elaborados planos longos e o estado emocional dos seus personagens com uma câmera caótica, nas cenas de ação. A trilha sonora é MAGNÍFICA, sendo um ingrediente a mais e potencializa o que vemos. Os cenários e figurinos vistos são perfeitos e atemporais, além disso, o design de produção deve (e merece) uma indicação ao Oscar, assim como a direção e o roteiro.
Paul Thomas Anderson apresenta sua trama como uma guerra sem fim em um momento em que o mundo, não só o EUA, está em conflitos diários e sem sinais de melhora. A cena final, envolvendo uma perseguição em uma estrada é uma das melhores e mais tensas cenas de ação já feitas na história e mostra como essa caótica história é intensa.
Uma Batalha Após a Outra é uma desventura desconcertante, tocante e principalmente enervante que explora diversos temas relacionados a política e cultura americana em prol do entretenimento. Um dos melhores filmes do ano mostra que a verdadeira revolução está no cinema feito por Paul Thomas Anderson.