qua, 1 maio 2024

Crítica | Uma Família Feliz

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      Aparências enganam. Essa afirmação é a base para o filme de José Eduardo Belmonte. Uma Família Feliz começa pelo seu fim e vai, a partir dele, tentar desconstruir tudo que o público assume de seus minutos iniciais. Uma situação trágica é posta em cena mas o contexto ainda não existe e a partir desse recorte o roteirista Raphael Montes já está condicionando um julgamento sobre esses personagens. 

      O filme acompanha então a rotina de Eva (Grazi Massafera), Vicente (Reynaldo Gianecchini) e suas duas filhas gêmeas nos período que antecede uma tragédia. Talvez a melhor forma de descrever essa família seria como uma de “comercial de margarina”, eles vivem em um condomínio luxuoso, são pessoas bem sucedidas, uma família tradicional de ponta a ponta. Mesmo cuidando da casa, Eva ainda mantém seu próprio negócio, a produção artesanal de “Bebês Reborn”, bonecos realistas que imitam a aparência de um recém nascido e como se os bonecos já não bastassem, a personagem ainda espera agora a vinda de seu próprio bebê. 

      A relação de Eva e Vicente já é explorada desde o começo como algo não muito confortável. O filme trabalha um pouco com a questão de papeis de gênero como elementos que podam a autonomia das pessoas. Eva se vê cada vez mais encurralada pela vida de mãe, de esposa e aos poucos um outro elemento de suspense vai se instaurando nessa mistura. 

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      Infelizmente é aqui que o filme começa a se perder. Se o peso da relação de Eva e Vicente consegue se vender de maneira natural, o mistério quando entra em cena vem com um tom um tanto genérico e pouco inspirado. A sanidade deteriorada que serve tanto para o gênero, a dúvida de quem culpar pelas violências que vão surgindo ao longo da história não aparecem com o mesmo charme que se esperaria. Talvez charme nem seja a palavra ideal para descrever mas sim sutileza ou sensibilidade. É um filme pouco sensível ao seu próprio potencial e acaba caindo dentro de uma simplicidade que, se não mata essa história, faz dela esquecível.

      A proposta de revelar a farsa da família ideal acaba caindo em uma caricatura que se leva a sério demais e a conclusão que finalmente revela os crimes introduzidos no início do filme faz isso de maneira quase cômica. A introdução dessa história conseguiu armar todo um clima intenso que foi aos poucos se esvaindo dentro da dificuldade de transitar entre o Drama e o Thriller.

      Raphael Montes parece dizer com essa história que a “vida perfeita” é um produto vazio vendido caro. Pode até ser verdade, mas o que esse filme entrega não deixa de ser mais um esvaziamento dos temas que aborda.  

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Fabrizio Ferro
Fabrizio Ferrohttps://estacaonerd.com/
Artista Visual de São Paulo-SP
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