sáb, 26 abril 2025

Crítica | Until Dawn – Noite de Terror

Publicidade

Em 2015, a Sony lançou Until Dawn, para PS4, um jogo que presta uma homenagem criativa ao gênero slasher. Coescrito pelo icônico mestre do terror Larry Fessenden e estrelado por Rami Malek, Hayden Panetierre e Peter Stormare, o game se destacou não apenas pelo roteiro envolvente, mas pela mecânica que coloca o jogador no centro da narrativa. As escolhas feitas ao longo da história determinam o destino dos personagens que lutam para sobreviver a um assassino misterioso em uma montanha nevada.

Recentemente remasterizado para o PS5, o game trouxe à Sony um desafio curioso ao ser adaptado. A experiência interativa do jogo é essencial para sua imersão, e uma adaptação direta poderia parecer apenas como assistir alguém jogá-lo. No entanto, a solução encontrada até que surpreendeu pela criatividade em alguns pontos, mesmo não atingindo todos os objetivos esperados.

Clover (Ella Rubin) é a líder de um grupo de amigos que partem em uma jornada a um vale remoto para tentar encontrar sua irmã Melanie (Maia Mitchell), desaparecida há um ano. Ao seu lado, estão Max (Michael Cimino), seu ex-namorado que ainda nutre esperanças de reconciliação, sua amiga leal Nina (Odessa A’zion), o namorado de Nina, Abel (Belmont Cameli), e Megan (Ji-young Yoo), uma garota com habilidades psíquicas que parece deslocada na trama.

Publicidade

Ao chegarem a uma casa misteriosa, o grupo se depara com um ambiente que parece ter sido congelado no tempo. O calendário não é mudado há 17 anos, os nomes no livro de visitas se repetem estranhamente 13 vezes, e aquela enorme ampulheta na parede… parece que acabou de virar?

Antes mesmo dos personagens pararem para refletir sobre isso, um palhaço deformado surge para caçar essas almas infelizes, eliminando-as de forma brutal e eficiente. E então, como num passe de mágica, todos retornam ao ponto inicial, exatamente onde estavam quando a ampulheta girou pela primeira vez. É aqui que a premissa engenhosa ganha destaque: esses cinco amigos estão presos em um ciclo de mortes repetidas (o que equivaleria ao fator replay do jogo). Eles precisam encontrar uma maneira de sobreviver Até o Amanhecer ou enfrentar o destino de morrer continuamente, onde cada morte significa apenas um recomeço no último ponto de verificação (save).

Um parêntese aqui: os roteiristas adicionaram pequenos easter eggs para os mais atentos. Entre eles, o que ocorre durante uma parada em um posto de gasolina, onde os fãs do game perceberão que o ator Peter Stormare retorna a este universo. No jogo original, o astro avaliava o progresso dos jogadores e fazia perguntas que influenciavam o rumo da história. Outro que merece ser citado, é que, devido a uma cena específica, fica claro que o filme se passa antes do jogo.

Publicidade

Quando Until Dawn foi anunciado como um projeto cinematográfico, a ideia inicial sugeria que o filme mudaria, gritantemente, de estilo a cada giro da ampulheta, transformando-se em diferentes subgêneros do terror a cada nova interação. Imagine um slasher se tornando um filme de possessão, depois um found footage e assim por diante. Se essa abordagem esteve presente no roteiro de Gary Dauberman e Blair Butler, ela foi diluída na direção de David F. Sandberg.

As múltiplas versões da última noite de Clover e seus amigos acabam sendo frustrantemente semelhantes, bombardeando o público com jump scares para esconder a falta de ousadia. Não entendam mal, pois, não é de todo ruim, afinal a sequência em que os personagens descobrem que a água da casa tem um efeito explosivo, se sobressai facilmente.

Mas a cinematografia de Maxime Alexandre não contribui para a imersão do público, com uma iluminação precária e uma estética monótona — o jogo, ironicamente, possui uma identidade visual mais marcante do que o filme. Além disso, Butler & Dauberman oferecem pouco material para que o jovem elenco desenvolva seus personagens, limitando-os a expressões de medo e traumas superficiais, em meio a muito gore.

Ao que parece, muitas das ideias promissoras da pré-produção do filme foram sendo amenizadas, ocasionando a perda de acidez, inteligência e verdadeiro terror, no material finalizado. Assim, o que sobrou foi uma experiência repetitiva, marcada por uma edição frenética, um design de som exagerado e personagens que não deixam impacto. Tanto é que, quando o roteiro tenta inserir a história da cidade onde tudo acontece, já é tarde demais para se importar com o destino de seus habitantes ou dos turistas azarados que caíram nesse pesadelo. No fim, apesar de o filme entreter, a vontade que fica é de revisitar o jogo, onde a tensão e a narrativa são muito mais envolventes.

Publicidade

Publicidade

Destaque

Em 2015, a Sony lançou Until Dawn, para PS4, um jogo que presta uma homenagem criativa ao gênero slasher. Coescrito pelo icônico mestre do terror Larry Fessenden e estrelado por Rami Malek, Hayden Panetierre e Peter Stormare, o game se destacou não apenas pelo...Crítica | Until Dawn - Noite de Terror