O gênero de histórias whodunits sempre foi bem apreciado pelo público geral, desde os icônicos mistérios de Agatha Christie até lançamentos mais recentes como Knives Out de Rian Johnson. Nessas histórias existe um apelo para nosso apetite por mistérios e assassinatos fictícios, cada reviravolta nos mantém de olhos e sentidos vidrados na tela para tentar localizar o verdadeiro assassino na maior imersão que uma história do tipo pode ter. E tendo essa noção chegamos em Veja Como Eles Correm, filme whodunit dirigido por Tom George e escrito por Mark Chappell.
A história segue um assassinato que acontece no palco da peça A Ratoeira de Christie. Seguimos um detetive carismático vivido por Sam Rockwell que acredita na importância de se entregar em cada caso, junto com sua assistente vivida por Saoirse Ronan.
A beleza de Veja Como Eles Correm está presente muito na narrativa da dupla George e Chappel, tanto roteiro quanto direção abraçam as tropes do gênero whodunit de uma maneira profunda mas também metalinguística. A obra sabe o tipo de filme que está e então entrega muito além do que você espera, brincando com a inteligência do espectador e com as noções de interpretação.
Somando a linguagem meta do filme, a comédia afiada com sacadas espertinhas e trocadilhos ingênuos consegue arrancar algumas risadas sinceras de nossos rostos. Um dos elementos que servem de exemplo é a personagem de Ronan que entrega uma sátira com autoconsciência fugindo da arrogância e abraçando o arquétipo da personagem.
Junto aos protagonistas, o resto do elenco conta com David Oyelowo entregando tudo na sua atuação como o roteirista Mervyn Cocker-Norris. Adrian Brody vive o narrador Leo Köpernick trazendo uma charmosa e carismática virada ao longo do filme. E também outros nomes e rostos conhecidos como Harris Dickinson, Ruth Wilson, Sian Clifford e Reece Shearsmith
No fim, Veja Como Eles Correm é um filme extremamente divertido e autoconsciente. A jornada sincera de Rockwell e Ronan entrega um whodunit que nos entrega o já esperado mas ousa brincar com nossas expectativas do gênero.