seg, 23 dezembro 2024

Crítica | Velma

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Falar de produções boas é muito mais fácil do que falar de produções ruins, e por isso falar de Velma é tão difícil. Com um roteiro que parece ter saído diretamente de uma turma do 2° semestre de algum curso de audiovisual, a série tem como proposta apresentar a história de origem da famosa turma do clássico Scooby-Doo

A trama gira em torno de uma série de assassinatos, somados ao sumiço da mãe de Velma alguns anos atrás dos acontecimentos. Velma para provar sua inocência vai em busca de descobrir quem é o serial killer por trás dos recentes ataques, e da verdade sobre o desaparecimento de sua mãe para superar traumas que adquiriu desde o acontecimento.

Não é necessário ter um olhar crítico pra perceber o que fez essa série dar tão errado. O humor, um dos fatores centrais da obra, é de um dos níveis mais baixos. Não é apelativo para o lado sexual, como temos em muitas outras animações adultas, mas força uma espécie de humor em torno de temas sociais que não soa natural. Aqui é importante ressaltar que esse humor não é a parte negativa, mas sim a forma como ele é imposto, sendo forçado “goela abaixo”,  e às vezes fazendo parecer que os diálogos foram tirados diretamente de alguma camada do Twitter. Esse humor não é de tudo tão negativo assim, e merece um ponto pelo esforço em tentar trazer temas importantes como o racismo, xenofobia, machismo, e entre tantos mais, mas em demais, não realizou bem o seu propósito. 

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Mas o que realmente revoltou os espectadores da animação foi a forma com a qual a personalidade dos personagens foi completamente distorcida em comparação com as personalidades no clássico “Scooby-Doo”, e com isso, é necessário concordar que como spin-off, a série teve muitos furos. Quando a aparência dos personagens é afetada, não há porquê reclamar se isso não afeta diretamente no desenvolvimento do personagem, o problema é quando o próprio desenvolvimento do personagem é afetado pelo roteiro. O personagem que mais reflete isso é Norville, nosso querido Salsicha, que teve a base de sua personalidade completamente alterada em relação ao que já estávamos habituados. E aqui já não é mais uma questão de saudosismo, mas se vamos criar uma nova série com personagens tão diferentes dos originais, se valeria mais criar uma série diferente com outros personagens. São poucos os momentos em que realmente se pode pegar referências da obra clássica, e isso quebra toda a expectativa na obra.

O trabalho de animação é bom, os desenhos são bonitos e as cores vivas, tudo muito chamativo com a intenção de atrair o olhar do público, e nisso a série se sai muito bem. Uma menção honrosa vai para a trilha sonora, composta por músicas famosas e de boa aceitação do público, e que te faz imergir em vários momentos dentro da trama e dos acontecimentos presentes, e torna toda a experiência um pouco mais agradável. 

Em conclusão, a animação não vale tanto o esforço se você é um fã de Scooby-Doo que quer algo fiel e de qualidade, mas se você quer apenas algo para sentar no sofá e assistir duvidando de seus gostos, os 10 episódios de Velma já estão disponíveis no HBO Max.

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