ter, 23 abril 2024

Crítica | Wandavision (1º temporada – Completa)

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WandaVision estreou em 15 de janeiro, no Disney+ prometendo fazer uma verdadeira revolução no modo de contar histórias. Dois meses depois chegamos ao fim dessa trama que, não só cumpriu o que prometeu, como deixou os fãs perplexos com a sua ousadia e qualidade técnica. WandaVision marca o início de uma nova era para a Marvel e para a TV.

Elizabeth Olsen as Wanda Maximoff and Paul Bettany as Vision in Marvel Studios’ WANDAVISION. Photo courtesy of Marvel Studios. ©Marvel Studios 2020. All Rights Reserved.

As séries, em geral, funcionam da seguinte maneira: um número x de personagens é apresentado ao público até que um problema acontece e a série mostra a influência desse problema na vida dos personagens, e, como isso altera a sua relação com outros personagens após o ocorrido. Wandavision não segue essa cartilha pois já conhecemos o núcleo principal (Wanda e Visão) e a série se inicia “do nada”, com o problema já tendo ocorrido antes de ser apresentado. O espectador sabe que existe um problema, os personagens também, mas ambos não sabem qual é. Os dois primeiros episódios são uma prova concreta disso, e essa mudança tira a Marvel e o espectador da sua zona de conforto, o que é ótimo. Já que a própria franquia Marvel no cinema se tornou (na maioria dos filmes) esquemática, principalmente nos filmes de origem de qualquer novo personagem apresentado.

Os dois primeiros episódios da série (Gravado Ao Vivo Com Plateia e Não Mude de Canal) nos levam, a princípio sem razão, aos anos 50 e 60, e fazem referências as séries I Love Lucy no primeiro e A Feiticeira no segundo, com direito até a abertura temática. Os episódios são únicos e trazem uma trama pra lá de divertida que esconde diversos mistérios, que não são respondidos em momento algum nos episódios. Isso é algo que pode frustrar alguns fãs, mas vale a pena continuar vendo a série, pois essas questões serão respondidas. Nesses episódio temos que destacar os maravilhoso figurinos, a maquiagem e penteados feitos com esmero, a dedicação da Marvel nos detalhes aqui é algo fora do comum para produções da TV (a série teve o custo de US$ 225 milhões). A fotografia em preto e branco e o design de produção são magníficos e conseguem reproduzir os estilos da época com perfeição. Quanto ao roteiro ele não se mostra preocupado nesse início em situar o espectador do que está acontecendo, o foco é a homenagem as sitcoms clássicas que se estende por outros episódios (um focado em cada década da TV). Mas nada disso ocorre de modo aleatório, a razão de usar sitcoms pode ser entendida aqui.

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O terceiro episódio (Agora em Cores), o mais fraco da série, é o primeiro colorido e continua fazendo suas homenagens. A obra homenageada da vez é The Brady Bunch e o foco neste episódio é o núcleo familiar, além de mostrar alguns vislumbres do que está por vir. Novamente temos um episódio cheio de mistérios e com quase nenhuma reposta. Chega o quarto episódio (Interrompemos Este Programa) e agora sim, muitas perguntas são respondidas, além de claro novos mistérios, mas a partir daqui a Marvel começa a mostrar um esboço do que está acontecendo e este episódio é o suprassumo dos fãs que já estavam cansados de criar teorias. Entendemos que Wanda se inseriu numa bolha da realidade e vemos as consequências dessas atitudes no mundo exterior.

Os episódios 5 (Em um Episódio Muito Especial…) que homenageiam Family Ties e Growing Pains, o 6 (Um Halloween Assustadoramente Inédito!) que homenageia Malcolm in the Middle e o 7 (Derrubando a Quarta Parede) que homenageia Modern Family continuam respondendo questões e seguem mesclando humor com os traumas vividos por Wanda, além de mostrar com o passar do tempo como o psicológico dela está abalado. São nesses episódios que a sacada do roteiro é notada, a alteração da realidade por Wanda é o fio condutor da trama e não um mero acessório como se acreditava de início. O roteiro escrito por Jac Schaeffer (As Trapaceiras) é original e consegue cativar, quando precisa e consegue assustar com a mesma intensidade, além de intrigar o espectador. A análise feita sobre as motivações da protagonista é realizada apenas no episódio 8 (Nos Capítulos Anteriores), que é de longe o mais repleto de drama e o que menos lembra o formato de sitcom. Nele conseguimos, enfim compreender as motivações por trás das ações e a dor carregada pela personagem desde de antes de sua primeira aparição no MCU. Os vilões da trama e os coadjuvantes tem espaço para brilhar e possuem seus arcos bem definidos, mas o show é de Wanda e a personagem choca o espectador na mesma proporção que consegue encantar.

Divulgação Disney+

O final pode dividir os fãs, mas é claro que Wandavision faz parte de algo maior que só deve ocorrer em Doutor Estranho no Multiverso da Loucura. Devemos destacar que a obra possui uma infinidade de easter eggs e referências a situações do Universo Cinematográfico da Marvel (MCU) que a cada semana levou os fãs a loucura. Confira alguns deles aqui. Os efeitos especiais são dignos de cinema e deixam muitas produções da TV no chinelo pela sua técnica impecável. O elenco está afiadíssimo e as interações entre eles são sensacionais. Evan Peters (X-Men: Fênix Negra) é carismático e misterioso no seu retorno ao papel de Mercúrio, Teyonah Parris (Cara Gente Branca) e Kat Dennings (Thor: O Mundo Sombrio) roubam as cenas em alguns episódios com suas personagens. Mas são Paul Bettany (Vingadores: Guerra Infinita) e Elizabeth Olsen (Vingadores: Ultimato) que dominam o show com a sua química em cena e com suas atuações seguras, seja no drama, comédia ou nas cenas de ação.

Wandavision é divertido e sombrio na medida certa. Porém deixa um gostinho amargo na boca pois não encerra completamente o arco, mas revoluciona, e mostra que uma nova era está chegando na Marvel. Que venha então a próxima aventura do MCU.

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Hiccaro Rodrigues
Hiccaro Rodrigueshttps://estacaonerd.com
Eu ia falar um monte de coisa aqui sobre mim, mas melhor não pois eu gosto de mistérios. Contato: [email protected]
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