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Crítica | Westworld

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Se nos anos 80, quando os filmes imaginavam o futuro, e sempre incluíam carros voadores, agora olhamos para a frente e vemos robôs tão perfeitos que se confundem com humanos e se revoltam contra o seu criador. A ideia não é nova — é basicamente a mesma de “Blade Runner”, “Humans” ou “Ex Machina” — mas torna-se cada vez mais interessante e complexa. “Westworld” é o mais recente responsável por isso e desmonta esta temática, conferindo a cada detalhe um papel que pode não ter importância para agora, mas terá certamente mais tarde.

A mega produção da HBO foi projetada para substituir “Game Of Thrones”, que em 2017 entra nas duas temporadas finais, e pensada para durar pelo menos cinco anos. Este é, seguramente, um investimento a longo prazo e a série não nos oferece tudo de bandeja no episódio piloto.

Nem podia. A história ganha contornos tão complexos que só a explicação ocupa grande parte da hora e nove minutos da estreia. Westworld é um parque futurista, mas que recria o faroeste, habitado por robôs, ou “hospedeiros”, como lhe chamam aqui, programados com histórias e ações específicas, mas disponíveis para fazerem tudo o que os convidados querem. Estes, os “recém-chegados”, pagam uma grande quantia de dinheiro para estarem ali e brincarem de faz de conta durante uns dias. Alguns só querem beber copos no saloon ou perseguir os bandidos que aparecem nos posters com a indicação “procurado”, mas outros fazem render todos os centavos que gastaram para estar ali e põem em prática os seus desejos mais macabros, desde violações, a homicídios. É que aqui, façam o que fizerem, os recém-chegados nunca saem magoados.


É percetível que os criadores querem desenvolver o enredo com calma, para que tudo faça sentido.


A controlar tudo (ou pelo menos é essa a intenção) está uma gigantesca empresa e, se pode parecer estranho que o faroeste e os laboratórios futuristas repletos de máquinas e tablets se toquem, não é. Os dois universos ligam-se de forma muito consistente e sustentada.

Anthony Hopkins em Westworld

Mas quem se lembrou de um parque de diversões tão mágico e ao mesmo tempo tão perverso? Dr. Ford, ou mais precisamente o sempre incrível e enigmático Anthony Hopkins. Seu personagem é é superficialmente abordado nesta primeira hora mas, como é óbvio, ele não vai ter um papel secundário. Esta é só mais uma manobra para nos deixar a pensar, ansiosos pelo seu regresso. Bernard Lowe (Jeffrey Wright) é o homem que o ajudou a desenvolver o império e está a par de todas as atualizações e ajustes dos robôs (ou será que não?). É ele a pessoa indicada para resolver as falhas que alguns começam a apresentar. Mas ao controlar os seus passos, e raramente do seu lado, está Theresa Cullen (Sidse Babett Knudsen, de “Borgen”), que defende os interesses dos acionistas milionários do parque. Mais uma vez, ficamos no limbo, sem saber bem se ela quer o poder para ela e destronar Ford, ou não.

Em continuidade, o elenco não perde qualidade, pelo contrário. Evan Rachel Wood é Dolores, hospedeira e uma das personagens com mais potencial — e não posso falar mais, senão acabao revelando spoilers. Depois há James Marsden, Thandie Newton e Shannon Woodward. Ed Harris é um dos visitantes mais frequentes. Todo vestido de preto, revela-se um vilão sádico e impiedoso, mas ele procura bem mais do que simplesmente brincar ao jogo da fantasia, procurando algo, uma espécie de tesouro que ainda não fazemos ideia do que é.
Rodrigo Santoro aparece em um tempo apertado, mas com certeza, faz parte dos enigmas de J.J. Abrams.

A história, que se inspira vagamente num filme de 1973, é complexa mas, ao mesmo tempo, fácil de seguir. A atenção nunca se desvia de cada gesto das personagens — Será humano? Será máquina? — e muito menos das paisagens deslumbrantes engolidas por desfiladeiros sem fim.

De imediato não se pode dizer que o primeiro episódio nos tenha dado nenhuma personagem realmente surpreendente e até o final é previsível. Porém, é perceptível que os criadores querem desenvolver o enredo com calma, para que tudo faça sentido.”Westworld” vale mais do que a aposta de algumas fichas no saloon da cidade e parece ser um investimento seguro a longo prazo.

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