É um longa que parece se prender mais em uma homenagem ao musical consagrado e sua base de fãs do que propriamente buscar algo diferente em outra mídia, no caso o cinema. Tanto que ao seu final, existe uma estranheza da divisão em duas partes, típica do cinema Hollywoodiano, já que não existe tanta coisa para ser contada em um eventual segundo filme.
Na Terra de Oz, uma jovem chamada Elphaba forma uma improvável amizade com uma estudante popular chamada Glinda. Após um encontro com o Mágico de Oz, o relacionamento delas logo chega a uma encruzilhada.
Uma das primeiras críticas ao filme tem se relacionado ao seu visual, que causou uma estranheza devido ao uso de cores, ou melhor, a falta delas. No resultado final, não parece ter prejudicado tanto a obra no cinema, pois por mais que seja um filme bem quadrado, ao melhor estilo filme de estúdio padrão, é um musical que abraça bem o espetáculo.
Ele se apoia bastante em suas protagonistas, e felizmente as duas atrizes apresentam química e talento na hora de performar. Não só pelo óbvio show da Cynthia em voz , mas uma sensibilidade e uma relação presente e futuro da personagem que se torna bem melancólico. Já Ariana Grande funciona nesse arquétipo de patricinha irritante(no melhor sentido) com vários trejeitos e insistências da mesma que vão evoluindo para algo mais sentimental. As diversas vezes dela balançando o cabelo fez a graça.
Ele vai trazer uma história bem clássica de universidade americana- juntando com um universo de fantasia, bem parecido com Harry Potter, porém musical. É interessante ele trabalhar o tema de preconceito se utilizando de duas vias, a primeira é a óbvia com a Elphaba e sua tonalidade verde e toda sua luta para provar seu valor e suas ambições, constantemente oprimida ao seu redor. E o outro lado é a clara história de expurgamento dos animais desse universo, da clara repressão em torna-los seres básicos sem o direito de pensar e falar. É algo que o longa trabalha aos poucos até a revelação do motivo de tal ato.
O que importa em um musical realmente ? As músicas! O trabalho é bem executado, não são todas as performances que causam um brilho no olhar, porém destaque para algumas. A música individual da Elphaba, clamando sobre seus desejos e medos perto de um penhasco, faz um paralelo melancólico e triste com seu destino final. Existe também um destaque esperado pelos fãs do momento da dança sem música, se aproximação das duas protagonistas, é um momento bem único dentro do filme. Além disso, a parte “Popular”, bem conhecida do musical, é bastante divertida e expõe bem a boa química entre as duas atrizes. Talvez a mais impactante seja a trilha final, “Defying Gravity”, funcionando como Clímax do filme e expondo todo o talento da atriz em cantar e abraçar o espetáculo.
O principal problema é uma implicância dos estúdios em transformar obras em duas partes, obviamente se utilizando do hype e público gigantesco da obra original para levar a obra o mais longe possível. A longa duração de 2h40 é sentida em alguns momentos, talvez se estendendo demais com certos personagens secundários, que acabam não agregando para a trama ou certas piadas que podem soar repetitivas na narrativa. Exemplo disso é uma extensão desnecessária para o então momento de aproximação das duas protagonistas.
O resultado final da adaptação de Wicked é positivo, ele com toda certeza vai agradar os fãs do musical e história original. Lembrando em alguns momentos até os estúdios de super herói, com todo uma fachada de fan service e piscadas, até mesmo o formato de produção lembra bastante esse estilo de filme. E para os fãs do gênero musical ou simplesmente entusiastas vai chamar atenção devido ao bom talento das atrizes e a ótima e crescente química entre Cynthia e Ariana.