Wish: O Poder dos Desejos foi tido, antes de sua estreia, como o presente da Disney para o seu público durante as comemorações de 100 anos da Walt Disney Studios. A produção é uma comédia musical animada que leva o público para o reino mágico de Rosas. Lá, Asha, uma moça perspicaz, faz um desejo tão poderoso que é atendido por uma força cósmica: uma pequena esfera de energia ilimitada chamada Star. Juntas, Asha e Star enfrentam um inimigo formidável – o governante de Rosas, Rei Magnifico. Elas farão de tudo pra salvar a comunidade e provar que, quando um ser humano corajoso se une à energia das estrelas, muitas coisas maravilhosas podem acontecer.
O citado presente nunca se concretiza. A produção tem um certo charme e encanto, que nunca são suficientes de tirar Wish do lugar comum e a impressão que fica é que vimos uma reciclagem de tudo que já foi feito pela Disney em seus 100 anos. O roteiro escrito pelo trio Chris Buck (Frozen), Allison Moore (Elementos) e Jennifer Lee (Olaf’s Frozen Adventure) cria uma história que obedece o algoritmo das histórias de princesas que seus antepassados viram. Do início ao fim a produção é completamente previsível e em alguns momentos até tediosa. A motivação e mensagem até são nobres, mas os personagens que carregam as mensagens são recortes de tantos outros que já vimos na Disney e até em outros estúdios.
O Rei Magnífico é pra lá de caricato e não convence como vilão. A protagonista é independente e forte, mas tem muito pouco carisma. Os coadjuvantes poderiam ajudar a protagonista a carregar a trama. Mas os que são humanos, tem apenas lembranças unidimensionais do que poderia ser chamado de personalidade e por serem muitos, acabam não tendo espaço. E os que não são, estão na história apenas para servir como alívios cômicos. As piadas, tiram aqui e ali alguns sorrisos do público infantil. As músicas que poderiam ser o grande diferencial e atrativo, conseguem comunicar suas mensagens, mas não são encantadoras e nem trazem peso a história. A melhor delas é “This Wish”que merece receber indicações na categoria de melhor canção original no Oscar 2024, mas todas as outras são apenas corretas.
A direção da dupla Fawn Veerasunthorn (Raya e o Último Dragão) e Chris Buck consegue construir uma história que se desenvolve em um ritmo ágil, mas sem ser frenético demais. Conseguimos compreender tudo que é apresentado e os desdobramentos das diversas situações apresentadas ocorrem com naturalidade. A decisão por criar uma trama que mescla efeitos em 2D e 3D causa estranheza no início, mas aliada com a fotografia colorida em tons de azul e verde funciona. A qualidade técnica realça apenas alguns ambientes, enquanto outros são quase que escondidos, como o castelo e a selva. A história está recheada de easter eggs, que farão a alegria dos fãs de outras animações da Disney. Se no quesito originalidade, a história deixa a desejar, no quesito referências por metro quadrado o filme é nota 10. Podemos ver elas em cenas ou nas canções.
Wish: O Poder dos Desejos entretém enquanto apresenta para a criançada sua mensagem. Mas é inegável, que o filme decepciona o espectador, principalmente quando lembramos que esse filme feito para comemorar os 100 anos de um dos maiores estúdios do mundo. Presente de grego esse hein?!