qui, 28 março 2024

Crítica | X- A Marca da Morte

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A produtora A24 se tornou uma queridinha na comunidade cinéfila, muito em conta de diversos filme de alto padrão entregues com o passar dos últimos anos. X- A Marca da Morte surge como mais uma prova do cuidado e boa qualidade técnica do estúdio, é um filme com méritos, não querer inovar é um deles. O objetivo de ser um filme mais honroso do que pretensioso fez bem ao projeto. Em 1979, um grupo de jovens cineastas partiu para fazer um filme adulto na zona rural do Texas. Porém, o filme produzido pela equipe é pornográfico e os residentes da fazenda não sabem disso, o que acaba causando um grande conflito.

Nas 1h45 minutos, X se prova uma homenagem direta e indireta para os grandes Slashers da década de 1970, trazendo uma atmosfera imediatamente palpável para os fãs do antigo cinema. O longa obviamente mais relacionado é O Massacre da Serra Elétrica (1974), muito por conta das locações, enquadramentos e fotografia bastante semelhante com a clássica obra. Existe uma honestidade gigante presente aqui, desde seu início é deixado muito claro que se trata de um Slasher, mas não ocorre a violência gratuita presente em diversos tipos do gênero, assim como outros trabalhos do diretor, a construção e desenvolvimento dos personagens até o conflito inevitável é pacientemente feita. Inevitavelmente vai agradar muitas pessoas, mas também irritar outras pela demora dos acontecimentos.

Existe um subtexto presente no filme sobre o embate entre o velho e o novo, não só representado claramente pelos personagens do longa, mas com rimas visuais e planos cuidadosamente escolhidos pelo diretor Ti West. É uma comparação de estilos cinematográficos, serve até mesmo para a brincar com a produtora do filme, A24, conhecida por “inovar” o gênero terror, tudo isso representado pelos fatores já ditos e também a ótima montagem do filme, que em pelo menos três momentos usa a transição de cenas de forma sublime. É interessante perceber que um filme com essa abordagem mais “direta” esteja presente em um estúdio que busca apresentar projetos mais ousados, muito em conta dessa ideia de rejeitar estilos mais antigos ou “ultrapassados” do gênero.

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Apesar da proposta mais “direta”, o longa possui uma inversão de valores apresentada durante o filme, em que pode se traçar um paralelo com essa ideia de “inovação” da A24, que é justamente a libertação da sexualidade imposta durante a obra inteiro. A personagem da Mia Goth sonha em ser uma estrela suprema do cinema pornô, o ato sexual aqui é algo puramente normal e com bastante contexto. Nos Slashers é comum que os personagens que transam são as escolhas mais óbvias de morte certa, só existe chance de sobreviver quem é puro(geralmente virgem), assim surgindo diversas famosas Final Girls  do gênero. Nesse ponto, Ti West traz um filme libertador, a obra permite que seus personagens(especialmente as mulheres) abracem  a sexualidade sem culpa, algo extremamente raro no cinema americano. O paralelo entre os filmes pornôs e filmes de terror é representado aqui, poucos filmes fizeram isso, não é nada revolucionário, mas traz um fetiche bem aplicado com a proposta geral.

Entrando mais fundo na essência do Slasher, em relação as mortes e construções de conflito é onde o filme perde sua força. As mortes dos personagens são violentas, mas nada que nunca antes visto, pelo menos três encerramentos de personagem são pra lá de previsíveis. O clímax proposto pelo filme é bastante fraco, apesar da força da personagem Maxine e as limitações perceptíveis dos vilões, a saída parece apressada para concluir o filme. Depois de uma longa espera para o conflito, a resolução não passa uma total satisfação, mesmo com a proposta do filme ser bastante honesta.

Na parte técnica e figurino se destaca a recriação da atmosfera direta dos filmes da década de 70. O elenco escolhido a dedo traz mais triunfo para a obra, apesar do maior destaque ser para Mia Goth e Jenna Ortega, ambas funcionando como uma espécie de preto e branco para o subtexto puritano e o “pecado”. Todos muito a vontade em seus papéis, e o bom texto traz carisma e personalidade para a maioria dos atores.

Resumindo, X- A Marca da Morte é um longa bem interessante, divertido e com seus problemas perceptíveis. Mas no final das contas é empolgante de se acompanhar, muitas críticas relacionam a falta de criatividade ou lentidão dos acontecimentos(uma falta de assassino mascarado?). De fato, a divisão instaurada entre gostar ou não gostar do filme é totalmente compreensível, mas seguindo uma proposta tão honesta e coerente traz um olhar atual com requintes do antigo cinema. Como diz o personagem RJ do filme: “Viva o cinema Independente!”

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