qui, 25 abril 2024

Cyberpunk | Os hackers da mudança!

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O que você lerá a seguir é apenas um conto, uma história inventada. Aprecie com moderação!

Mais uma manhã, mais um comprimido. Mais uma madrugada e é outro dia sem nem ter dormido. Mas para que dormir quando não se precisa? Se alimentar de trabalho deve ser a melhor saída. Se não me ocupo, consumo. E se consumo, não trabalho. Produzir pode ser bom, desde que se ama aquilo que se faz. Mas, com um balde cheio de pílulas e telas brilhando sem parar, chega um ponto onde ninguém aguenta mais.

Mudar o braço, a perna ou até mesmo o rosto foi o que permitiu esse organismo se instalar em todo lugar. Começou como um analgésico, mas se expandiu até virar o principal dejejum da população. Todos os seus problemas e pensamentos ruins somem no mesmo instante, mas qual o custo para manter essa felicidade artificial, viva e pulsante? Um sonho, que se tornou um pesadelo, é o que faz uma sociedade inteira viver estática e sem mais nenhum desejo de mudar e acordar dessa gigante falta de certeza sobre a própria existência.

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“O que é o progresso? Quero que alguém o defina! Pois de nada adianta termos carros voadores e próteses robóticas se, aqueles que lideram, não dão espaço para que nós, cidadão comuns, possamos ir ainda além. Eles podem controlar aqueles que acreditam no poder dos comprimidos vermelhos, mas nós sabemos que o mundo tem mais de uma cor. O mundo é preto, é amarelo…. Seria lindo resolver tudo dessa forma simples e sentimentalista, mas os números não permitem isso. A realidade está muito além daquilo que eles te dão como a verdade. Então jogue fora as suas pílulas, olhe para as estatísticas e para de falar besteiras! Venha para o futuro, pois você já nem é mais o dono do seu presente.”

Esse foi o último discurso ouvido pela população antes do Sistema Global de Comunicação ser desligado por “problemas técnicos” através das mãos da Polícia Tática. Isso já havia acontecido antes, mas não por tanto tempo. Levaram poucos dias, sem nenhuma comunicação dos líderes, para que transmissões clandestinas começassem a surgir nas redes privadas. Entrar na lista de recebimento era simples, uma prótese intra auricular descriptografada já resolvia o problema. O perigo real estava em ser encontrado e preso pela Polícia Tática por ter acesso a informações que contrariem os ideais dos distribuidores das amadas pílulas vermelhas, a falsa venda de uma realidade inexistente.

Lógico que era possível se blindar ao adicionar um firewall em sua orelha. Por ter o livre mercado proibido e o controle absoluto de terras, as pessoas aptas a realizar esses procedimentos seguiam na ilegalidade em ambientes perigosos. E nem pense em aparecer por lá se estiver tomando seus medicamentos. Desmantelar ciborgues e vender suas peças separadamente havia se tornado uma atividade tão comum, para os contrabandistas, que até a Polícia comprava para revender dentro da sociedade. Claro, cobrando taxas enormes em cima da produto.

Após aquele discurso, que ecoou na mente de muitos que já duvidavam da honestidade dos líderes, o fluxo de pílulas reduziu. O que era consumido em apenas 3 dias, levava 10 para sumir dos estoques. O poder não estava pronto para perder esse mercado tão valioso, do qual tinha o monopólio universal. Era confortável estar lá, mandando e desmandando. Decidindo o que o povo podia e devia pensar. E caso surgisse alguma falha no sistema, bastava culpar um outro androide e forjar o seu cancelamento da lista de atualizações.

Em um período onde tudo é controlado por telas brilhantes, é simples fazer isso de uma maneira que soe como natural, mesmo sendo coordenada. Uma série de denúncias falsas eram o suficiente para que o acusado recebesse uma visita intimista da Polícia Tática e de seus clones cibernéticos. Após isso, a realidade que seus olhos viam, parecia mais limpa e com menos vírus atrapalhando seus conceitos de ‘progresso’.

Nos olhos de quem teve a audácia de abandonar o comprimido, a vida soava como uma imensa escuridão se espalhando desenfreadamente com alguns focos de luz que sofriam para continuar acesos. Lâmpadas que suplicavam para terem seu espaço e não serem sucateadas pelo poder e por aqueles que definiam as novas diretrizes da comunidade online. As que não aguentavam a pressão, acabavam sucumbindo a esse deserto virtual de ideias.

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Mas, naquele dia, o famoso dia do discurso polêmico feito por um desconhecido com atitude, amado por uns e odiado por outros, todo essa vazio aparentou ganhar um enorme latifúndio de luzes falantes e pensantes. Luzes que sabiam trabalhar no sentido oposto e lutar contra a Polícia Tática. Obviamente algumas brilhavam até demais e acabavam estourando, quase criando uma pane de sistema.

Aos poucos, graças a união popular, alguns poucos conseguiram invadir a programação dos androides e clones Táticos e se infiltrar nas camadas mais profundas do poder. Fica evidente que mais códigos a serem quebrados, mas tudo começa em algum lugar com algumas linhas prontas para serem digitadas.

 Aqueles que continuaram na inocência incoerente dos líderes, apreciavam casa pílula vermelha como se fosse a última. Entregavam, com prazer e um sorriso no rosto, suas próteses e adaptações corporais para o poder, sem nem entender que aquilo, aquela ‘doação forçada’, é o que pagava por seus comprimidos diários de uma alegria rasa e falsa que quebrava ao receber qualquer baque de realidade. Com o antivírus “gratuito” fornecido pela própria Polícia Tática, essas pessoas eram alvos fáceis, e apresentavam glitches e falhas de sistema quando se deparavam com dados levemente mais complexos.

Foi com o surgimento de hackers casa vez mais habilidosos que o poder entrou em desespero e usava qualquer falha de criptografia para tentar um contra-ataque. Alguns eram efetivos por culpa de anti-pílulas que deixavam seus caprichos pessoais, por próteses mais modernas, interferirem em sua habilidade de programação. De nada era útil uma perna de fibra de carbono cromada se a bola seria chutada para fora do gol.

Na hora de apontar as falhas, todos estavam juntos. Pois isso tudo é sobre algo bem maior, sempre foi sobre algo bem maior. Foi apenas após o ‘tenebroso’ discurso que o mundo viu, outra vez, ciborgues e androides quebrando códigos lado a lado por um bem comum: a liberdade! Levara décadas, mas a visão de que “não existem pílulas grátis” havia começado a surgir, até mesmo, entre os cargos mais altos dos Líderes.

A luta é constante e as criptografias e firewalls não podem deixar de ser quebrados. Programadores cairão durante o caminho e outros voltarão a acreditar em mentiras baratas e oportunistas plantadas por aqueles que julgam ter a razão sobre todos os códigos. Mas assim é que estamos descobrindo quem ainda toma e acredita nas pílulas vermelhas e quem se livrou desse mal e está pronto para programar pela liberdade dele e dos demais.

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Com o tempo novos desafios surgirão. Os Líderes não vão desistir tão facilmente e tentarão nos impedir a cada linha escrita. Criarão barreiras e códigos e farão censura seletiva enquanto se dizem em prol da liberdade. Irão tirar hackers do sistema e roubarão modificações até que não haja mais peças suficientes para pagar a dívida dos comprimidos. Tudo isso se passando por defensores da pluralidade de ideias e da paz.

O futuro é incerto, pois a casa dia novos firewalls surgem e impedem os bons programadores de prosseguirem para camadas mais profundas. Seguiremos fortes, investindo em nossa tecnologia e equipamento, nas quais ninguém de fora jamais tocará. Infelizmente, descansar ainda é uma opção inexistente em nossa realidade.

Com sorte essa guerra de programadores, ciborgues, clones e androides terminará em breve e a liberdade, nesse mundo cibernético, reinará. Para aqueles que não sabem programar, evitem as pílulas da cor vermelha. Há boatos sobre um comprimido azul surgindo também pelas mãos da Polícia Salvadora da Liberdade, mas não aparenta ser muito confiável… então evite e abra seus olhos para aprender a lutar por sua própria liberdade. Se isso não acontecer, será mais um dia, mais um comprimido…

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Eu não sou especialista em nada, mas gosto de criar conteúdo sobre tudo que me diverte. Então seja como for, a ideia é sempre ver o lado bom das obras ao invés de focar só nos defeitos. É basicamente isso mesmo!