seg, 23 dezembro 2024

Fim de Semana de Clássicos | Missão Impossível

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A franquia Missão Impossível apresenta uma versatilidade muito interessante, especialmente nos primeiros três filmes de sua filmografia. O segundo longa metragem é basicamente um retrato da ação desenfreada e ballet melodramático do diretor John Woo. Já o terceiro filme se assemelha uma pegada mais humanizada do espião Ethan, trazendo a abordagem mais “realista” da franquia, funcionado pra alguns, menos pra outros. Mas revisando o primeiro filme, o início de toda essa empreitada do Tom Cruise espião no cinema, podemos observar uma ótima junção dos maneirismos de Brian de Palma com as constantes referências as famosas séries de espionagem. Tudo isso com uma boa dose de traições, tecnologia e um amplo clima de paranoia.

O agente do governo Ethan Hunt e seu mentor, Jim Phelps, embarcam em uma missão secreta que toma um rumo desastroso: Jim é morto e Ethan torna-se o principal suspeito do assassinato. Em fuga, Hunt recruta o brilhante Luther Stickell e o piloto Franz Krieger para ajudá-lo a entrar no prédio da CIA, fortemente vigiado, a fim de pegar um arquivo de computador confidencial que pode provar a sua inocência.

O Missão Impossível de Brian de Palma funciona perfeitamente na maneira do entretenimento e todo esse acompanhamento das diferentes jogadas de Ethan Hunt. De maneira que ele busca esse clima de paranóia e angústia do personagem para seu telespectador e busca trabalhar as diferentes características de um espião, sejam os gadgets que circulam desde óculos tecnológicos, dispositivos de hackear até as famosas máscaras da série de tv clássica (extremamente bem envelhecidas).

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E nisso tudo, a direção do De Palma consegue tranquilamente adequar seu maneirismo com a proposta encaixada do filme. Isso porque existem seus icônicos elementos cinematográficos, desde os plongée, os Split Diopter, planos holandeses e os famosos pontos de vistas. Tudo isso é muito bem adequado com a proposta do longa, dessa brincadeira com a ilusão, de quem confiar, é um filme bastante metódico. Mesmo que tenha esse flerte com a antiga espionagem, até digamos “cafona”, ele funciona de uma maneira paciente com sua busca de respostas.

E a verdade é que difícil imaginar um filme nesse arquétipo sendo feito nos dias de hoje, pelo menos não por um grande estúdio. Isso porque a dose paciente do longa não agradaria o formato desenfreado e cheio de cortes feitos nos dias atuais. Algo que a franquia se adaptou e está entre uma das melhores do gênero ação nos dias de hoje. O maior exemplo disso é a calma e perfeita execução da cena do roubo da lista de espiões no cofre da CIA, tudo muito bem mostrado, a tensão sendo construída e encenada aos poucos, resultando em uma das mais emblemáticas cenas da franquia, senão a mais lembrada, futuramente parodiada em programas de tv e filmes de comédia dos anos 2000. Fora isso, a música tema continua totalmente atemporal, criação de Lalo Schifrin para a clássica série de tv. É uma música que sempre sofre modernizações a cada filme, procurando enfatizar as composições mais graves para combinar com o clima de tensão de cada filme, uma feliz adaptação para cada etapa só espião.

Talvez o primeiro Missão Impossível seja o mais convidativo para uma revisão/revisitação. Testemunhar esse cenário de espionagem de uma maneira clássica, porém formatado na visão do diretor. Antes do domínio de Tom Cruise e a consolidação da franquia no quarto filme de Brad Bird, onde ele assume e executa uma abordagem blockbuster, um retrato da época, de uma maneira alegórica na ação e acontecimentos. Independente de tudo, é bonito rever esse ótimo início para uma das franquias de ação mais influentes do cinema, e ainda mais satisfatório ela tendo passado por um dos diretores mais queridos da comunidade.

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