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Entrevista com Maxx Figueiredo, o Homem de Ferro Brasileiro

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Sua história lembra e muito a de heróis das HQ’s. Seu pai era lutador de boxe, sua mãe pianista e artista circense. Decidiu ser desenhista, fez curso de Rádio e Tv, fez parte da equipe de efeitos especiais do Castelo Rá Tim Bum da TV Cultura. Morou na Europa trabalhando como ilustrador e Diretor de Arte. Voltou ao Brasil onde atuou em diversos jornais, TV’s e Editoras.

Em Fevereiro de 2007 quando voltava do trabalho foi atingido por um carro, ficou dias em coma, teve que amputar a perna direita e perdeu parte dos movimentos da mão direita que o impossibilitariam de desenhar.

Motivos para desistir de tudo ? Não ! Ele se levantou como o Homem de Ferro.

Atleta, novamente ilustrador, dessa vez utilizando a mão esquerda, Diretor de Arte, Criador do Super Heróis da Alegria, grupo que ajuda na recuperação de pessoas em hospitais. Lançou recentemente o livro Rebrain, onde conta toda sua vida e ajuda as pessoas a superarem seus obstáculos.

Segue nossa entrevista com o Herói Maxx Figueiredo:

Você se inspirou em algo que te motivasse a dar a volta por cima depois do acidente ?
Sim, claro, ter uma pessoa que já passou pelo que eu estava passando era tudo que eu buscava. Mesmo cada inspiração sendo tenho históias diferentes, o olhar era quase o mesmo, a dor era semelhante. Tinha os famosos Oscar Pistorius, o Heinrich Popow, o Alan Fonteles, e os menos famosos. Muita gente me apoiou com tecnologia, como o IPO (Instituto de Prótese e órtese) ipobrasil.com.br , com informações sobre treinos, pessoas como o corredor Edson Dantas, Clodoaldo e Camila Rodrigues, ambos nadadores, tanta gente simples mas com uma bagagem gigante pra passar. Gente que me ajudou a vencer preconceitos e nortear minha vida. Iniciei minhas atividades esportivas no CPSP (Clube dos Paraplégicos de São Paulo) Esporte Paulista – CPSP, onde bati meu primeiro record nacional de atletismo adaptado nas seleções de índice que a Caixa faz. Até cheguei a fazer um blog http://maxxparatleta.blogspot.com.br/
Foi uma boa época, e me ajudou muito a me relacionar e fazer novos amigos. Mas a carreira de corredor requer muita dedicação, explosão muscular e patrocínio, dai acabei me afastando antes de me lesionar, pois sou um cara competitivo e poderia me machucar querendo superar ainda mais os limites de meu corpo. Me afastei do esporte e me aproximei do “Maxx Criação” desenvolvendo outros projetos. Mas todos estas pessoas que estavam que me apoiavam, me inspiravam.

Como surgiu a idéia de se tornar o Homem de Ferro ?
Meio ao acaso, na clínica onde já começavam a me chamar de homem de ferro por causa da perna, em casa quando meu irmão sugeriu comprar a armadura.  Mas foi algo muito natural.

Quando criou o Super Heróis da Alegria, pode-se dizer que foi por experiências próprias nos hospitais? Digo isso por normalmente ser uma experiência triste para crianças. A ideia veio daí ?

Sim. A bagagem veio de uma vivência de quem passou um período deitado, imobilizado e entubado. Pra mim, aquela situação não era natural. A maioria das pessoas me diziam que era assim mesmo. Mas pra mim, não. Muitas coisas me incomodavam lá também.  No livro descrevo com mais detalhes. Mas toda essa perspectiva do paciente, me fez entender o papel do médico. Que além de aplicar medicações é convencer o doente a sair dali. Não é só o medicamento que tira a pessoa do estado de enfermidade. Mas o propósito lá fora. Se lá fora a pessoa vislumbra ou tem uma vida desgostosa, o hospital é o céu. Uso muito desse repertório para mostrar aos pacientes que aquela hospedagem é provisória, igual aquilo que levou ele a estar naquele local. Mas faço isso pela catarse do herói. Pois tem mais impacto e ativa o cérebro pela alegria. Uma pessoa alegre é mais disposta a fazer certos tratamentos, se coloca mais positiva frente a seu problema. Além é claro, que o personagem resgata os melhores momentos da vida dessa pessoa. A infância.

Foram tempos muito difíceis, eu li no seu livro que seu irmão teve que assinar o termo de amputação e o fez e desmaiou tamanho o trauma. Você conseguiu ter auto controle e fazer essa reprogramação mental sozinho ?


Sim. Ficar no hospital sem estar doente é difícil pacas.  A cada minuto vinha uma informação sobre o Maxx estar vivo ou quase indo pro saco….  
A notícia deve ter feito cair a pressão dele, por isso dever ter desmaiado.
Não é todo dia que alguém chega e fala precisamos cortar uma perna do seu irmão, assina aqui que concorda com tudo isso. Imagino o médico com o papel numa mão e a serra elétrica na outra. E você com uma caneta se esforçando pra ler tudo e torcer pra estar fazendo a coisa certa. Uma grande e inusitada responsabilidade.
Quanto a reprogramação. Todos nós somos capazes de nos ajustar. Alguns necessitam de uma ajuda com algum psicólogo ou psiquiatra, mas dei conta lendo e estudando sobre. Observar é importante também. O método Rebrain mostra claramente como funcionamos, nossos padrões.

capa_rebrain1Não existe cura para um trauma desses. São acontecimentos cíclicos que tendem a se repetir até que você descubra o mistério, o porque dessa repetição de fatos, eles ficarão alí, em stand by. Aos poucos você vai sacando onde está o problema real. Daí os acontecimentos se tornam menores, ou com intervalos maiores. Uma vez que você entende a sua espiral, como funciona o seu ano novo particular, as crises ficam mais fáceis de serem administradas. Temos nossos padrões de repetição de tentativa de reparo que fazemos ano após ano, mesmo inconsciente, baseado na primeira infância, ou até mesmo na primeiríssima infância (dentro da barriga). A busca dos porquês. As dependências, os vícios, e os hábitos. Quando falo dessa espiral no livro e nas palestras muita gente saca na hora. Teve palestra que um ex-viciado em álcool veio a mim e me abraçou porque ele se identificou quando falei: “Quando você descobre que o seu vício não é o álcool, mas sim o que te levou a beber. Você descobriu o problema.” Mas a maioria acha que está viciada em álcool. Seguirá com olhar obtuso de seu problema.

O seu livro é muito rico em detalhes que nos levam de volta aos anos 80 e até mesmo na agonia dos corredores do hospital por onde você passou. Esse dom para escrever também surgiu com o novo Maxx ?

Sempre escrevi poesias dede criança. Adorava decorar palavras do dicionário, gostava de fazer redações. Minhas irmãs liam muito e sempre tinha livros jogados pela casa. Marx, Wolinsky, Coleção Vagalume, Revista coleções com palavras cruzadas, muito quadrinho. A banca de jornal era como um fliperama pra mim. Parar pra ver o que tinha era obrigatório. Lia muito turma da Mônica. Fazia minhas histórias em quadrinhos, vendia pras visitas que iam em casa. Tive bons professores e meu pai sempre corrigia o português de todo mundo em casa. Tipo: “Eu não soo muito quando corro, eu suo muito, quem soa é caixa de som.” Fazia observações enquanto assistia novela, como contar quantas vezes se falou “fica calma” naquele capítulo. Quando falávamos “nós vai”, ele corrigia “é nós vamos”. Hoje sou eu que faço com meu filho. Ele me chama de “Senhor Wikipédia” quando começo explicar as coisas. Escrever era a base dos meus quadrinhos. Todos os meus personagens diziam algo. Que na verdade era eu dizendo algo. Acredito que sempre me encantei com o detalhes, mas neste livro pude expor mais o Maxx  escritor,  além dos desenhos.  Acho que escrevo pensando nas imagens. Como se desenhasse com palavras as cenas, por isso os detalhes. Minha cabeça é de desenhista, não de escritor. E os detalhes sempre me encantaram, detalhe é aquilo que você não vê, mas sente falta se tirar.

O que vamos conhecer lendo Rebrain ?


Minha vida, como penso, no que penso, e porque criar é vital para o ser humano.

Quem faz Cosplay e tem vontade de ajudar nesse projeto lindo que vc é o diretor, podem se candidatar ?

Claro. Super benvindos, todos. Não somos uma panelinha de pressão fechada.
Damos a chance de qualquer pessoa vivenciar essa experiência como muitos viveram e se apaixonaram. Pessoas que nem tinham cosplay, arrumamos uma roupa e a pessoa seguiu firme fazendo as ações. Contanto que não venha achando que é uma festa cosplay, respeite as normas de condutas hospitalares e se mantenha no grupo, sem ficar pulando de um para outro, como se pelo fato de ser voluntariado, entenda-se “descompromissado”.  Se você é desses, não vai durar muito no grupo. O grupo é de voluntários, mas buscamos uma constância, pelas crianças e pelos heróis,  para que haja aprendizado, e experiência de campo.

Procuramos ter pessoas fiéis ao projeto. Como o S.H.A. teve muita visibilidade, muitos outros grupos semelhantes fazem o  trabalho deles visando obter a mesma visibilidade simplesmente. Como se isso, fosse o motivo do grupo existir. Marketing é legal, fazer um barulho é legal. Mas tem que ter conteúdo, saber o que se está fazendo e saber onde se quer chegar.
Não somos os únicos heróis a visitar hospitais, tem muitos outros grupos fortes que já existiam e outros novos aparecendo. Uns mais discretos, porém mega efetivos, outros com necessidades extremas de mídia, que me envergonham um pouco, pois o foco, que é a atenção a criança, fica de lado. Ou quando muito, a criança é vista como uma coca-cola na mão do super-herói.  O sucesso de tudo deve ser uma consequência, não uma causa. Senão fica tudo artificial, mecânico, hermético, asfixiante, e deixa de ser uma coisa verdadeira e natural, pra ser um serviço embalado com código de barras.
Cuidados como evitar a super-exposição, publicar fotos das crianças só com a permissão dos pais, manter a higiene nas instalações, são fundamentais para o projeto não se perder numa auto-promoção para eventos.
Sim, fazemos eventos que ajudam a gente ter fôlego para seguir com as ações voluntárias, porém, as ações voluntárias não devem ser encaradas como panfletagem.  Alí, o foco é outro. Muita gente criticava a gente quando postávamos nossas ações. Diziam que pra fazer o bem não precisa aparecer. Não precisa mesmo. Porém, fazer o bem, não é demagogia, é o que está acontecendo apenas. Mas talvez esse “hater” preferisse ver um gatinho tocando piano.

Pessoas fazendo o bem devem ser mostradas, não escondidas como se fosse algo errado.  
A intenção não é “pagar de perfeitinho, de bom samaritano”, “olha como ele ajuda os outros, ele é um anjo mesmo” Nãaaaaaoooo!!! Mas sim, incentivar outras pessoas. Mostrar que tem gente que cai doente, mas se levanta. Mostrar que você pode estar reclamando, quando tem gente com problemas realmente sérios, gastando muito dinheiro pra salvar uma vida e que em tristes casos, nem todo o dinheiro do mundo vai salvar. Eu já realizei um desejo da Make-a-Wish e a gente se entrega totalmente, pois aquele dia pode ser o último dia de vida dela. Já tivemos crianças que num dia estavam rindo e no outro não estavam mais, assim como também já tivemos heróis que caíram de cama também. Temos histórias pra contar e geramos histórias que são contadas pelas crianças para os pais também.
Outro ponto importante é separar o personagem dentro do hospital da pessoa que o faz (sua vida particular).  Comete um erro gigantesco aquele que esquece sua vida seus amigos e vive e respira o personagem. Ele acaba se tornando um “Crust “ da vida real. Pessoas que como eu são parecidas, devem tomar o triplo de cuidado, pois muitas pessoas não conseguem te ver sem o personagem. Elas te olham e veem o Thor, o Wolverine, e Tony Stark e a “pessoa”  mesmo, elas não enxergam. E acabam misturando tudo. Acham que vou levar o Maxx pra dentro do Hospital, ou o contrário, levar o personagem pra dentro da família. Esse cuidado eu tomo, e tenho claro quem é quem. Mas não é muito difícil encontrar casos de pessoas que entram no personagem e não saem mais. As vezes há casos em que é preciso dar uma afastada do personagem por um tempo. Atores também passam por isso.
Uma novidade no S.H.A. é a Marcia Batista, que entrou na equipe pra cuidar da arrecadação dos livros que entregamos para os pacientes lerem enquanto estão no hospital. As doações dos livros podem ser feitas aqui: http://www.superheroisdaalegria.com.br/livros

E se você gostou da proposta e quer ser um herói como nós, preencha a solicitação de cadastramento neste link: http://www.superheroisdaalegria.com.br/quero-ser-heroi

Que lição o Maxx pode deixar a todos os curtidores da página Estação Nerd ?

Lição de casa:
Questão 1

Se é um número real, resolva a equação exponencial 32x + 3x + 1 = 18:


Brincadeira kkkk.  

 

A lição é:
Pesquise bastante, se informe bastante, mas coloque em prática mesmo que não tenha tudo claro. Se esperar obter todo conhecimento pra começar a fazer algo, nunca vai começar, pois o conhecimento e a informação não tem fim.
Aproveite o seu dia hoje, ele acaba rápido. Tente fazer coisas que você vá se orgulhar hoje, não amanhã! Hoje, até meia noite é hoje!

Essa entrevista foi realizada pelo colaborador do Estação Nerd, Carlos Bocchi Filho!

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