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Entrevista | Eduardo Bueno, o Peninha fala sobre a segunda temporada de B de Brasil

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Tive o prazer de entrevistar o jornalista e escritor Eduardo Bueno, o Peninha, ele falou um pouco sobre a sua carreira, mas principalmente sobre o seu programa de sucesso no HISTORY, o B de Brasil, que vai estrear a sua segunda temporada e tem como objetivo mostrar a história do nosso país de uma forma mais divertida e dinâmica.

Veja mais detalhes da segunda temporada de B de Brasil:

Após se debruçar sobre a independência brasileira na primeira temporada, a série documental B de Brasil, uma coprodução com a Moonshot, está de volta ao History, destacando os aspectos menos conhecidos de figuras e eventos da História nacional. Desta vez, Eduardo Bueno se inspira nos 200 anos de Constituição no Brasil para fazer uma viagem pelo século XIX e pelo segundo Império.

Depois da proclamação da Independência, em setembro de 1822, o Brasil ingressou num período repleto de guerras, turbulências e inquietações políticas que culminou no surgimento de sua primeira Constituição. Apesar de não ter sido promulgada, mas sim outorgada pelo imperador, a Constituição de 1824 perdurou por quase 70 anos – sendo a mais duradoura da história do país. Curiosamente, vários dos temas que ela debateu continuam sendo discutidos pelos brasileiros.

Como o assassinato de um jornalista no século XIX impactou os rumos deste país? Houve um exército invisível combatendo na Guerra do Paraguai? Será que Pedro II inventou a solução para a crise climática há 160 anos? Libero Badaró, José do Patrocínio e José Bonifácio, entre outros personagens, também são retratados na série. Com o seu bom humor característico, apoiado por um elenco de atores, Bueno conta a história da liberdade de imprensa, da proteção ao meio ambiente e de vários outros direitos com os quais nem sempre os brasileiros puderam contar.

No início de cada episódio, uma citação é apresentada para contextualizar o tema abordado, seja proveniente do artigo da Constituição de 1824 relacionado ao assunto em questão ou de outro texto relevante, quando a Constituição é lacunosa ou pouco esclarecedora.

Assim como na primeira temporada, os episódios se dividem em cenas ficcionais, com figuras históricas interagindo com o apresentador; explicações de Bueno dadas diretamente para a câmera, em estúdio e também nos locais onde os eventos do passado aconteceram; além de entrevistas com especialistas, que explicam e desenvolvem os casos que vão sendo contados.

Outra novidade de B de Brasil são as cenas de “vox populi”, em que Bueno entrevista o cidadão comum na rua e tenta saber a opinião dele sobre fatos do passado, como por exemplo: “Pedro I fez bem quando dissolveu a Constituinte?”, “Como você resolveria a crise hídrica no Rio de Janeiro?”.

Estas cenas são usadas ao longo dos episódios para introduzir e comentar os temas de forma divertida, além de servirem para salientar a ligação deles com a atualidade brasileira. Cada episódio é finalizado com um questionamento sobre o estado atual do tema discutido, em que os entrevistados compartilham suas perspectivas. O ideal sonhado há dois séculos foi realizado? Ou permanece inalcançado?

A advogada Taís Gasparian, Paulo Rezzutti, escritor e biógrafo, a historiadora Isabel Lustosa, o jornalista Eugenio Bucci, o ambientalista e advogado Fábio Feldmann, a analista ambiental Viviane Lasmar, a indígena da etnia Kadiwéu, Bení Kadiwéu, Rodrigo Goyena, historiador e cientista político, são alguns dos especialistas que participam da série. O roteiro da segunda temporada de B de Brasil é de Eduardo Bueno e Jorge Vaz Nande; a direção é de Andre Barmak e a produção executiva de Cris Moraes.

“Estamos muito entusiasmados com a produção da segunda temporada de B de Brasil. Após o sucesso da primeira, é uma honra continuar produzindo e trazendo novas histórias brasileiras para o público. Nesta nova temporada, celebramos os 200 anos da constituição brasileira, abordando temas importantes como a liberdade de imprensa, racismo estrutural, o direito das mulheres ao voto, proteção ambiental entre outros. Acreditamos que essas histórias refletem questões do passado, mas que são relevantes hoje para pensarmos no nosso futuro” afirma Karen Santiago, vice-presidente de Conteúdo do History.

Os episódios estreiam às segundas-feiras, às 23h.

Confira a entrevista:

Marcel Botelho: Hoje eu tenho o prazer de entrevistar  o brilhante Eduardo Bueno, o Peninha: jornalista, escritor, apresentador e youtuber. Muito obrigado pela entrevista, Bueno.

Peninha: Obrigado a você, Marcel, e ao pessoal aí do Estação Nerd. Valeu, muito obrigado.

Marcel Botelho: Começando pela sua carreira, eu queria saber, como jornalista, quando que surgiu essa sua paixão pela história em si e quando que você decidiu partir mais para essa área na sua carreira profissional?

Peninha: Então, o jornalismo é uma forma de fazer história, né? O jornalismo é uma história viva que é registrada no momento que acontece. O Brasil sempre teve um dinamismo impressionante, uma história, desde que eu nasci, avassaladora, com golpes e contra-golpes, períodos de calma e tal. Quando o Brasil foi se aproximando dos 500 anos da sua descoberta oficial, eu, que tinha sido um hippie de verdade naquelas praias desertas de Santa Catarina, né? disse, cara, estou a fim de escrever sobre o momento em que portugueses chegam a bordo das suas naves estratosféricas, imagina o que os indígenas pelados acharam da chegada daqueles caras? E me apaixonei por aquele momento em si. E aí resolvi escrever um livro sobre o descobrimento do Brasil, chama-se Viagem do Descobrimento, um livro que vendeu mais de 600 mil exemplares, é um sucesso que me projetou amplamente, e eu dei continuidade àquela coleção sobre o Brasil colônia. E, antes disso, eu já tinha escrito fascículos sobre a história do Brasil, desde o descobrimento até o Fernando Collor, para serem encartados na Folha de São Paulo. Então, aquilo me propiciou uma guinada definitiva, de fazer uma transição do jornalismo para a história, sem ser historiador. Como eu sempre disse, eu não sou historiador, eu sou um jornalista que escreve sobre história. Eu abri, inclusive, as portas de todo um novo mercado, Laurentino Gomes, outros tinham feito, inclusive, antes de mim, o Jorge Caldeira, que é jornalista, escreveu o Mauá, o Rui Castro, na verdade, ele faz história o Rui Castro, a história da Bossa Nova, a história do Garrincha, o autor de Olga, Fernando Moraes. Esses caras todos eram jornalistas e já tinham aberto esse portal para mim. Mas o que eu fiz? Eles pegaram temas específicos da história. E eu peguei a historiografia inteira, que estava aprisionada dentro da sala de aula, e dei um viés pop, mais leve. Justamente por ter dado esse viés pop, e eu já tendo trabalhado na TV… Ficou nítido que eu tinha que fazer a transição desses meus livros, desse meu tipo de abordagem, para a TV. Fiz uma série com o Pedro Bial, talvez você saiba, “É muita história”. E antes disso, eu já tinha feito contribuições para o History, que sempre foi meu canal favorito, pelo próprio nome, era óbvio. Até que daí, depois dessas… Eu fiz meras pílulas para o History. Eram só umas intervenções, já projetando que existiria o horroroso TikTok anos depois. Eu falava assim, 40, 50 segundos, 2 minutos. Pílulas, a gente chamava de pílulas, né? Depois teve o Fantástico, com o “Que é muita história”, e aí eu fui convidado outra vez pelo HISTORY pra fazer o “B de Brasil“. A ideia, o nome da série, a concepção da série foi minha. A gente fez a primeira temporada com a Moonshot, a produtora. Graças a Deus deu certo, foi sucesso de público, de crítica e tal, e abriu as portas para uma segunda temporada. E a segunda temporada era uma continuação lógica, porque depois da independência houve o quê? Uma assembleia constituinte para fazer a primeira constituição de um país. O que é a constituição do país? É ao mesmo tempo o seu esqueleto, o seu coração, o seu cérebro. A constituição é o que define os rumos, os destinos, a essência de um país, né? E era a nossa primeira Constituição, que já começava com uma turbulência incrível, porque o Dom Pedro, em vez de promulgar a Constituição, como em todo país civilizado, o que é promulgar? Você reúne uma Assembleia Constituinte, os deputados constituintes fazem um plano, esse plano é apresentado ao governo e à nação, e o povo a proclama, a promulga. E o Brasil já nasce sob o signo do autoritarismo, porque o Dom Pedro destitui a constituinte e, em vez de promulgar, outorga. E a maioria dos brasileiros não sabe isso até hoje, que é uma vergonha inominável, ainda mais que agora são 200 anos redondos desse momento, não da destituição. A destituição se deu em novembro de 1823. Portanto, passou um ano agora redondo sem ninguém ter dado a menor bola. E ela foi promulgada em março de 1824. Mas está ainda no ano dos 200 anos. E aí a gente pegou esse acontecimento dinâmico, porque a gente teve outras entrevistas também e eu repeti para alguns jornalistas, o que eu vou repetir para você, que é divertido. Eu chegando assim para minhas filhas ou para amigos meus. Ah, estou fazendo uma série para o HISTORY. O cara, é, que legal. Sobre o quê? Sobre a primeira Constituição do Brasil. A pessoa dizia ironicamente “muito, muito interessante”. Porque ficava pensando assim, né? No Arthur Lira, no Hugo Mota, no Centrão. Como se o Arthur Lira, o Hugo Mota e o Centrão não fossem House of Cards, né? Porque são, né, cara? Porque são, porque dá pra fazer a série Succession, dá pra fazer uma série sobre esses caras. Basta tu olhar com um olhar de true crime. E aí a gente descobriu hoje, antes de falar com você na conversa que antecedeu as entrevistas, que na verdade a gente fez uma série true crime, o assassinato de um país. Como é que tentaram assassinar o Brasil já em 1824, com uma Constituição que foi otorgada e não promulgada. E aí a gente resolveu analisar como é que essa Constituição tratou a liberdade de imprensa e a liberdade de expressão, a preservação do meio ambiente, o direito das mulheres, os direitos indígenas e, acima de tudo, o racismo estrutural, a questão da escravatura, a abolição da escravatura e a liberdade dos homens pretos e mulheres pretas, do povo escravizado. Cara, eu já sabia, obviamente, mas quando a gente foi estruturando a nível de roteiro, cara, a gente foi ficando assim, é hoje, é como se estivesse acontecendo hoje, é tudo vibrante, é tudo atual, e é aquela divisão entre as pessoas progressistas, arejadas, lutando pela transparência, pela construção de um país menos injusto, menos desigual e um cerne regressista, reacionário, disposto a manter os seus privilégios, a concentração de poder e renda e terra e dane-se os demais e as minorias. Então, cara, a gente contou uma história de 200 anos que é igual a de hoje. E isso nos propiciou, então, ter essa direção ágil, que é do André Barmac, o roteiro, que é ótimo, do Jorge Vaznandi. O argumento é meu, a ideia geral é minha, os temas são meus e o Jorge desenvolveu, e a Camila Oliveira selecionou entrevistados incríveis, grandes historiadores sobre esses temas específicos. Eu sugeri alguns, ela encontrou a maioria. Então, além de ter ação, aventura, dramaturgia, com a presença de atores, cenas no estúdio, a gente filmou também em locação, a gente filmou no lugar onde o jornalista Líbero Badaró foi assassinado, a gente filmou na Floresta da Tijuca, a gente filmou no exato local onde era a Assembleia Constituinte. (Só um instante, recebi uma mensagem do Walter Salles). É que eu vi hoje pela primeira vez, eu vi o filme “Ainda estou aqui” do Walter Salles, baseado lá no livro do Marcelo Rubens Paiva. Então, mandei uma mensagem para eles antes de começar e eles estão respondendo agora. Que bonitinhos, né? Eu ia dizer que a gente filmou em locação, filmou em estúdio, a gente tem atores, a edição é dinâmica e com toda a modéstia que me caracteriza, eu diria numa frase única, elegante, eloquente, que ficou muito legal.

Marcel Botelho: Você acha que o formato do programa e a forma carismática com que você apresenta ajuda o programa a chegar em pessoas de mais idades a um público-alvo maior?

Peninha: Olha, cara, é uma piada a primeira parte da frase, tá? Só que ela tem um fundo de verdade. O meu talento é tão enorme, é tão gigantesco, é tão extraordinário, que eu fui contratado para escrever um livro sobre a Independência do Brasil pela minha própria mulher, que é dona de uma editora. E ela disse assim, esse livro tem que pegar de 10 anos de idade a 16. Eu disse para ela: Tu já teve 10 anos? Já, né? E tu já teve 16, né? Já, né? Tu sabe o abismo que tem entre 10 e 16, né? E tu quer que eu escreva um livro que pegue 10 e pegue 16? Ela, sim. Mas eu sou tão genial, tão fantástico, tão extraordinário… Mas falando sério, o meu Dicionário da Independência, e agora, claro que eu estava me elogiando, mas é verdade, eu comecei a dizer que pegou de 8 a 88 anos de idade. Porque como ele é um dicionário, eles são só verbetes. E esse dicionário serviu de base para a nossa primeira série “B de Brasil” Tanto é que quem editou esse livro é a Paula Taitelbaum, a minha mulher, que fez as ilustrações do livro, que serviram para ilustrar a primeira temporada e que serviram de base para ser as ilustrações da segunda temporada. Porque essa primeira temporada e a segunda, elas têm, como já falei, filmagem em locação, filmagem em estúdio, entrevistas e animações e ilustrações. E aí, então, cara, respondendo a tua pergunta… Claro, eu acho que, óbvio, tem um lado que eu sou carismático nesse tipo de coisa, mas eu consigo uma linguagem que, por ser pop, atinge pessoas, umas crianças de 10, 11, 12 anos, que nem é mais uma criança, não é mais, com 11, 12 já é pré-adolescente ou adolescente, que fica olhando assim, quem é essa figura? Mas isso vai se expandindo, chega no meu público-alvo, que é o público do meu canal, dos meus livros, que tem de 25 a 45 anos de idade, que as pesquisas do YouTube já mostraram que é esse o público majoritário do meu canal e dos meus livros, 25 a 45, que para mim me dá muito orgulho, porque é quem forma um país, é quem trabalha, é quem divulga opinião, quem movimenta a economia, tem bem essa faixa, né? Mas eu, que já sou um velho, tenho 66, comecei a pegar um monte de gente de mais idade. Tenho um monte de fãs de 80 anos. Então, a gente está totalmente convicto, totalmente entre nós, da Moonshot e do HISTORY, que essa série consegue pegar essa abrangência de idade e de classe social, sabe? E o que a gente mais tem dito nas outras entrevistas, eu queria repetir, reforçar para você, é que a série tem conteúdo e pungência e assim, aponta defeitos e até caminhos para o Brasil sem ser militante, entendeu, cara? Sem ser aquele mimimi, e no entanto ela é assim, mas ela é assim com transparência do tipo, olha que país é esse, desigual injusto, cruel entendeu? Porque, cara, tu já me conhece, já falou que me conhece, para politicamente correto eu não sirvo. Pelo contrário, eu sirvo quase para politicamente incorreto. Então, não vou ficar nessa assim. Só que é o seguinte, as questões que cada historiador, cada sociólogo, cada antropólogo e cada jornalista, que nem você e eu, enfrentam no Brasil de hoje é a luta contra a desigualdade e pela diminuição das diferenças raciais, de gênero, de tudo. E, obviamente, a preservação do meio ambiente, porque cara, estou falando aqui de Porto Alegre com você, e está fazendo seis meses da enchente. Seis meses! A enchente foi no dia 3 de maio, completou seis meses redondos. Porto Alegre estava destruída no dia 3 de maio. Então, se você não tiver essa consciência, você não tem nenhuma. Então, a gente está muito, muito orgulhoso da série, porque, além de tudo, além da firmeza do seu propósito, além da transparência e dignidade do seu conteúdo… ela, ao mesmo tempo, diverte e entretém. E tem ritmo. E é rápida. E só mesmo um gênio que nem eu seria capaz (risos). Foi um belo trabalho em equipe, e a gente se deu super bem. Todo mundo… Porque, sabe, já trabalhei em várias produções e sempre tem uma estrela. Claro, tinha uma estrela, eu (risos). Mas sempre tem um mala para reclamar, sempre tem uns problemas, mas aqui não teve. Cara, foi assim, a equipe jogou por música.

Marcel Botelho: Peninha, para a gente encerrar, duas perguntas em uma, é o seguinte, a gente está passando por um período agora aqui no Brasil, que nós vemos muitas pessoas abertamente, inclusive, menosprezando disciplinas como filosofia, sociologia e história. Eu queria saber quais você acha que são os danos de um povo que não conhece a sua própria história e até que distorce os fatos sobre ela pode ter? E já que você citou o filme Ainda Estou Aqui, o filme brilhante do Walter Salles, eu gostaria que você falasse um pouco como que você vê todo esse revisionismo histórico sobre a ditadura militar e como que você acha que nós estamos pagando por isso nesse exato momento da nossa história.

Peninha: Cara, estupenda, excelente pergunta. Porque a gente… Falei antes, a defesa do meio ambiente, a defesa das minorias, a defesa em busca da igualdade racial e econômica. Temas focais, né? E o que nos desvia desse tema? Tem fake news, mentira, redes sociais mentirosas, esse escândalo desse discurso mentiroso, essa ascensão da extrema-direita. E eu quero te deixar claro, porque a gente tem que dizer isso, e, na verdade, eu sempre disse, a direita tem todo o direito de existir. Se existe esquerda, a direita tem a plenitude de existir. O que não tem direito de existir é a extrema-direita, que é nociva, nefasta e que tem que ser combatida firmemente. Aí vai dizer, e a extrema-esquerda? Claro que a extrema-esquerda também, só que de momento a extrema-esquerda é um problema concentrado na Venezuela, na Nicarágua e vai parando por aí. Ao passo que a extrema-direita, alimentada pelo Elon Musk, por essas redes, por esses conglomerados mentirosos, insidiosos, cretinos, divulgando fake news, mentira, chamando de comunista todo mundo, eu, por exemplo. Mas eu sempre fui muito crítico à esquerda. Muito, muito, muito, muito, sabe? Eu fui muito crítico ao PT inúmeras vezes, sabe? E… Então… Nesse momento em que tem isso que você, com toda razão, chamou de revisionismo histórico, escola sem partido, com os caras querendo mentir e dizer que não houve ditadura no Brasil. Nesse momento, o filme do Valtinho se impõe com uma dignidade, com uma grandeza. E aí, cara, se você ver a nossa série… Na nossa série está o cerne que ia gestar a ditadura, o golpe militar de 1889, que chamam de Proclamação da República, o golpe militar de 1930, que chamam de Revolução de 30, e esses dois bem menos nefastos do que dois golpes que viriam a seguir. O golpe do Estado Novo, em 1937, que é o mais sombrio e mais terrível da história do Brasil, muito pior que o golpe de 1964, embora o golpe de 1964 tenha sido horrível também, sombrio, nefasto, assassino. Então, se você ver essa série e ver o filme do Walter, que eu vi hoje, se você é um povo que não consegue discernir que isso está tudo conectado, os tempos são sombrios. Agora, os tempos são sombrios no Brasil e no mundo. Tivemos eleição nos Estados Unidos, com o Donald Trump ganhando. Ele tem que estar na cadeia. Não é uma questão de esquerda ou direita ou de centro, é uma questão de constitucionalidade, de lei. É uma questão jurídica. Ele afrontou a maior democracia do mundo. Ele ordenou a invasão. Então, tu não está vendo isso? Eu estou. E eu acho que a gente tem a responsabilidade moral e ética de combater isso com todas as forças que a gente tiver. As minhas são verbais, narrativas, eu escrevo e falo, e ao mesmo tempo também sou um extraordinário ator (risos). E a gente está fazendo isso. Daí sim, com militância, mas militância no sentido transcendente da palavra, e sem esquecer que nós também estamos aqui para nos divertirmos, mesmo em tempos sombrios.

Marcel Botelho: Sem dúvida. Peninha, muito obrigado. Sucesso não só na sua carreira, mas claro, na segunda temporada do programa, que estreia dia 11, é isso?

Peninha: Dia 11 do mês 11 às 11 da noite.

Marcel Botelho: Então, para não esquecer, dia 11 do 11 às 11h da noite. Meu querido, obrigado, sucesso. Mais uma vez, foi uma honra para mim. Tudo de melhor, viu?

Peninha: Valeu. Obrigado, um abração. Valeu. Valeu, tchau, tchau.

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