dom, 22 dezembro 2024

EXPLICANDO CINEMA: Como funciona a classificação indicativa?

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Você já se perguntou como os filmes e séries são classificados para diferentes faixas etárias?

Recentemente questionamentos quanto à classificação do último filme da trilogia de X (2022), MaXXXine (2024), viralizaram na rede vizinha. Isso porque o filme teria recebido no Brasil uma classificação muito maior do que em outros países, sendo proibido para menores de 18 anos.

No Brasil, esse processo é gerenciado pelo Ministério da Justiça, através da Coordenação de Classificação Indicativa (COCIN). Uma equipe multidisciplinar de especialistas, composta por psicólogos, pedagogos, assistentes sociais e outros profissionais, assiste ao filme ou série e analisa seu conteúdo. Com base nessa análise técnica, o conteúdo é classificado em uma das faixas etárias estabelecidas pelo Ministério da Justiça: L (livre para todos os públicos), 10, 12, 14, 16 ou 18 anos.

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Além da idade recomendada, são fornecidas informações sobre os elementos presentes no conteúdo, como violência, linguagem imprópria, sexo, drogas, entre outros.

Para que serve?
Um dos objetivos da classificação indicativa é proteger crianças e adolescentes, auxiliando os pais na escolha de conteúdos adequados para a faixa etária dos filhos, protegendo-os de informações e imagens que possam ser prejudiciais para o desenvolvimento; e garantindo que crianças e adolescentes tenham acesso a conteúdos que respeitem sua idade e maturidade emocional.

Além disso, a classificação também permite que o público saiba, antecipadamente, o tipo de conteúdo que deve assistir.

Contestação e reclassificação
Além da equipe técnica do Ministério da Justiça, a sociedade civil também pode contribuir com o processo de classificação, enviando sugestões, críticas e denúncias sobre o conteúdo audiovisual.

Em alguns casos, um filme ou série pode ser reclassificado após seu lançamento, caso novas informações ou cenas sejam adicionadas, ou se houver contestação do púuublico sobre a classificação original.

Filmes e séries que abordam temas polêmicos ou complexos podem representar um desafio para os classificadores, que precisam analisar cuidadosamente o contexto e a representação desses temas na obra.

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Um exemplo notável de reclassificação devido à pressão da opinião pública no Brasil ocorreu com o filme “Bacurau”. Dirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, “Bacurau” foi originalmente recebeu a classificação de “18 anos”, devido às cenas de violência e linguagem forte.

No entanto, após um intenso debate nas redes sociais e na mídia, questionando a justificativa para uma classificação tão alta, o filme acabou sendo reclassificado para “16 anos”.

Plataformas digitais
Com o surgimento das plataformas de streaming, a classificação de conteúdo audiovisual também incluiu diretrizes específicas para séries e filmes lançados diretamente nas plataformas digitais.

Esse é o caso da série de animação “Super Drags”, lançada pela Netflix em 2018, que passou por uma reclassificação devido à pressão da opinião pública no Brasil.

A série, que acompanha as aventuras de três super-heroínas LGBTQ+ que trabalham durante o dia em uma loja de departamento e à noite combatem vilões. Originalmente, a série foi classificada como não indicada para menores de “16 anos”.

No entanto, muitos pais e grupos conservadores manifestaram preocupações sobre o conteúdo da série, argumentando que sua temática LGBTQ+ e algumas cenas mais ousadas não eram apropriadas para adolescentes. Como resultado da pressão da opinião pública, a série foi reclassificada para “18 anos”.

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Diferença entre paises
Existem várias razões pelas quais um filme pode receber uma classificação indicativa mais alta no Brasil do que em outros países, como nos Estados Unidos.

Cada país tem sua própria cultura e sensibilidade em relação a certos temas, como violência, sexo, drogas e linguagem imprópria. O que pode ser considerado aceitável em um país pode ser visto como inapropriado em outro. Portanto, os critérios de classificação podem variar de acordo com essas diferenças culturais.

Os critérios e diretrizes também podem variar de acordo com as leis, regulamentos e políticas governamentais de cada país.

Impactos no governo
Alguns países podem ter sistemas de censura mais rigorosos do que outros, o que pode influenciar diretamente na classificação indicativa dos filmes. Se um país tiver políticas mais conservadoras em relação ao conteúdo audiovisual, é mais provável que atribua classificações mais altas a certos filmes.

A pressão da opinião pública e de grupos de interesse também podem causar impactos na classificação indicativa de filmes. Se houver preocupações sobre o impacto negativo de determinado conteúdo na sociedade, os classificadores podem optar por atribuir uma classificação mais alta para evitar controvérsias.

Quais são as faixas etárias e o que significam?

Livre (L): Indicado para todos os públicos. Não apresenta conteúdo inadequado para crianças.

10 anos: Conteúdo adequado para crianças a partir de 10 anos. Pode conter violência mínima, linguagem moderada e situações levemente assustadoras.

12 anos: Indicado para maiores de 12 anos. Pode conter violência moderada, insinuação sexual leve e uso moderado de linguagem imprópria.

14 anos: Recomendado para maiores de 14 anos. Pode conter violência intensa, consumo de drogas e linguagem mais forte.

16 anos: Indicado para maiores de 16 anos. Pode conter violência intensa, cenas de sexo mais explícitas, consumo de drogas pesadas e linguagem imprópria frequente.

18 anos: Restrito a maiores de 18 anos. Conteúdo adulto, com cenas de sexo explícito, violência extrema, consumo de drogas pesadas e linguagem muito forte.

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Gabriela Castello Buarquehttps://estacaonerd.com/
Jornalista com Minor em Cinema. Apaixonada por terror, preto, Halloween e mais um monte de coisa "estranha".