ter, 5 novembro 2024

Fim de Semana de Clássicos | A Mosca (1986)

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O cinema de horror tem apresentado ao longo dos anos diversos tipos de terror, temos o Slasher, Gore, Found Footage e etc. Existe um tipo muito específico conhecido como Body Horror, uma verdadeira violação do corpo humano, elas podem ser desde zumbificação, mutilações, doenças e assim vai. Uma escancarada do corpo, praticamente não existem limites nesse gênero e quando caem nas mãos certas, somos presenteados por algo único. E esse é o caso de A Mosca, de David Cronenberg.

O Excêntrico cientista Seth Brundle completa seu dispositivo de teletransporte e decide testar a eficácia do experimento em si próprio. Sem que ele perceba, uma mosca cai no aparelho durante o processo e provoca uma fusão dele com o inseto. Contudo, ele pensa que o experimento foi um sucesso, até que começa a notar que as células da mosca estão tomando conta de seu corpo, e ele acaba se transformando em uma criatura monstruosa.

Repugnante, essa é a melhor forma de descrever a experiência com A Mosca (1986), uma verdadeira caracterização do cinema naquele tempo: simples, porém impactante. Trata- se de um remake de A Mosca da Cabeça Branca (1958), um filme pouco comentado da era clássica do cinema, muito devido a versão extraordinária dos anos 80. Diferente de clássicos como Frankenstein e O Homem Invisível (1933), aonde a história é mais teatral, aqui, por conta da direção de Cronenberg, ele não economiza quando o assunto é chocar.

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Acompanhamos a transformação física e mental do cientista vivido por Jeff Goldblum, enquanto se transforma literalmente em uma mosca gigante. Começa de forma amigável quando Seth desenvolve seu corpo, ganhando capacidades acima da média humana, mais vigor, mais força. Tudo isso é jogado fora quando suas unhas começam a cair, sua pele vai criando bolhas, membros começam a cair, é tudo muito, muito nojento. E não apenas isso, é simplesmente triste acompanhar a mentalidade do cientista indo embora, sua natureza humana sumindo e ele se transformando em um ser com as mais nojentas e primitivas ações.

Interessante notar as diferentes passagens da trama durante o filme, começa com uma simples ficção científica, com pitadas de comédia romântica, depois, seu terço final se transforma basicamente em um filme de monstro, com direito até a donzela em perigo. A trama se transforma em algo muito mais assustador e triste do que o esperado, é um caminho sem volta, cada mudança no corpo de Seth deixa o filme mais pesado. E não por acaso, A Mosca ganhou o Oscar de melhor maquiagem, os protótipos construídos em suas diversas mutações são impressionantes até os dias de hoje. O casamento perfeito da ficção científica com o Body Horror, os efeitos criados por Chris Walas, junto ao maquiador Stephan Dupuis  criam uma das aparências mais asquerosas e bem feitas do cinema, uma mistura de machucados e inflamação no corpo. A trilha sonora consegue acompanhar fielmente todo essa jornada de suspense e perda de humanidade. É simplesmente perfeito.

Além da parte técnica, outro acerto do filme é a questão moral imposta entre a criação do teletransporte. Esse debate do cientista inventar mecanismos considerados impossíveis, desafiando as leis da natureza. Uma espécie de “brincadeira de ser Deus”, algo que rapidamente é controlado pela mesma, a submissão de Seth( da humanidade) é punida nessa combinação de genes entre um homem e uma mosca.

É bastante animador que este filme permaneça no imaginário e na cultura pop até os dias de hoje, se tornou o responsável por colocar David Cronenberg no alto patamar do cinema. A Mosca usa incrivelmente o corpo como um palco das mais terríveis e pavorosas transformações já vistas no cinema, é uma jornada asquerosa, mas inegavelmente difícil de parar de acompanhar. É uma produção bastante versátil, vai trazer desde nojo, pena, medo e até tristeza com toda a situação de Seth. É uma obra atemporal e símbolo das maiores produções de ficção científica e horror.

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