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Início Especiais Fim de Semana de Clássicos | Harry Potter e a Câmara Secreta

Fim de Semana de Clássicos | Harry Potter e a Câmara Secreta

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Lançado em 2002, Harry Potter e a Câmara Secreta traz de volta o universo que conquistou diversos fãs após o lançamento de seu primeiro filme, alcançando a possibilidade de adaptar os famosos livros da escritora. Com seu relançamento em novembro de 2022, comemorando vinte anos, a obra é conhecida por desagradar diversas pessoas, tanto o livro quanto o longa, mas será que merece tanto alvoroço negativo em cima de um filme tão simples e direto como esse?

Após as sofríveis férias na casa dos tios, Harry Potter se prepara para voltar a Hogwarts e começar seu segundo ano na escola de bruxos. Na véspera do início das aulas, a estranha criatura Dobby aparece em seu quarto e o avisa de que voltar é um erro e que algo muito ruim pode acontecer se Harry insistir em continuar os estudos de bruxaria. O garoto, no entanto, acaba descobrindo segredos antigos e perigosos envolvendo sua escola.

Com seu tom ainda infantil e ingênuo, o telespectador é lentamente transferido para as questões mais adultas e difíceis que farão bastante diferença nos filmes seguintes. De fato é um filme infanto- juvenil, temos crianças com espadas combatendo cobras gigantes. E de uma maneira ou outra, Harry é sempre colocado em situações mal vistas por quase todos em sua volta, constantemente tendo que lutar por esse azar e sorte lado a lado em sua vida, como diz Severo Snape: “ No lugar errado, na hora errada”.

Semelhante ao seu anterior, temos a “volta” de Lorde Voldemort, mas de uma maneira peculiar. O vilão se utiliza de um feitiço em que um espectro jovem seu acaba realizando um domínio em uma das alunas. Dessa forma, ela realiza seu ato maléfico de limpar a escola dos alunos “sangue ruim”, nascidos de famílias trouxas, e se utilizando do monstro Basilisco, uma cobra gigante que é capaz de matar pessoas com apenas um olhar, ou no caso de ser vista por um reflexo, ela petrifica a pessoa.

O preconceito trazido aqui é bastante interessante, e é personificado nas figuras polêmicas de Lúcio e Draco Malfoy, constantemente verbalizando frases preconceituosas, o trabalho maléfico de Lúcio é interessantíssimo, uma pena ter ganhado destaque apenas neste filme. E temos uma mudança de perspectiva sobre esse mundo aos poucos apresentado para o protagonista, se afastando daquele olhar mais puro que o público e Harry Potter tinham do universo de bruxaria. Aos poucos somos revelados as reais consequências desse tipo de pensamento, e mesmo que as petrificações sejam muito alongadas ou sem seu devido impacto narrativo, elas representam uma antecipação dos diversos perigos que Harry irá enfrentar em sua difícil adolescência.

O diretor Chris Columbus é uma boa escolha para tratar essa etapa infantil do personagem, consegue trazer aquele abraço carinhoso em seu retorno mágico. Desde a nossa surpresa junto com Harry das peculiaridades da casa dos Wesley, até as curiosas partes envolvendo defesa contra as artes das trevas e uma “simples” aula de botânica. É uma direção segura, ela aos poucos insere elementos sombrios, mas sempre existe aquele respiro para aproveitarmos mais da infância de uma criança com seus fiéis amigos. Destaque também para a ótima rivalidade entre Draco e Harry, desde seu melhor momento representado no duelo entre os dois, seja no quadribol ou aprendendo a se defender de magias.

Temos mais elementos para construir o caráter de Harry Potter, o seu questionamento de pertencimento, de suas escolhas. Grifinória ou Sonserina? O chapéu seletor o quis mandar para a polêmica escola, mas o protagonista pediu outra, no final das contas sua semelhança com a outra casa é clara, tanto em sua habilidade de conversar com cobras, até na mania de sempre quebrar regras, por bem ou por mal. É uma passagem necessária, apesar da longa duração de seu filme e com diversos enchimentos em sua trama, precisamos observar acontecimentos de agora para futuras entender futuras passagens da franquia.

De maneira sentimental, as diversas passagens envolvendo os atores icônicos da franquia trazem emoção, desde o primeiro professor Dumbledore, que faleceu após o lançamento do segundo filme, tão calmo e paciente com seus alunos. Até os doces momentos de Hagrid, onde a cena final dos aplausos dos estudantes com sua volta e provada inocência causam ainda mais saudades de uma das figuras mais querida de todos os filmes. E claro, a magnitude de Alan Rickman como Severo Snape, e sua constante inquietação com qualquer coisa envolvendo Harry Potter, um perfeito “vilão” do bem.

De fato, Câmara Secreta é um filme injustiçado da franquia, apresenta uma história simples e direta, mas destacando elementos que serão importantes no futuro e universo desse personagem, é um filme necessário na cronologia. Além disso, apresenta um dos visuais mais interessantes da saga, a câmara do Basilisco é impressionante de se ver até os dias de hoje, os efeitos práticos em sua maioria envelheceram muito bem, trazendo mais vida para as tão belas criaturas desse mundo, destaque para a cena de renascimento da fênix. E por mais que algumas interpretações do trio de amigos acabe oscilando durante o filme, é recompensador a construção dessa amizade até o último filme. São perigos e mais perigos que irão definir a grande responsabilidade que Harry terá que carregar em seu futuro próximo.

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