O início da onda de super-heróis nos anos 2000 começa pelas mãos da Marvel. Os direitos pelos personagens da editora eram uma bagunça. Eles estavam espalhados entre Sony e Fox e a estratégia da Marvel de fechar parcerias com produtores e estúdios se provou um sucesso. Foi isso, aliás, que fez “X-Men, O Filme” (2000), lançado pela Fox, um marco dos longas de super-heróis modernos. Então, a Sony decide lançar Homem Aranha, provando de vez que esse tipo de material poderia funcionar na telona, quando feito do jeito certo.
É sempre bom relembrar a história, apesar de todo mundo já conhecer a origem do personagem. Depois de ser picado por uma aranha geneticamente modificada em uma demonstração científica, o jovem Peter Parker ganha superpoderes. Inicialmente, ele pretende usá-los para ganhar dinheiro, adotando o nome de Homem-Aranha e se apresentando em lutas de exibição. Porém, ao presenciar o assassinando de seu tio Ben e sentir-se culpado, Peter decide não mais usar seus poderes para proveito próprio e sim para enfrentar o mal, tendo como seu primeiro grande desafio o psicótico Duende Verde.
É fato que dentro de todas as histórias de origem de herói já adaptadas ao cinema (incluindo os dias de hoje), Homem Aranha ainda se mantém como uma das melhores, sem deixar esse equilíbrio cair em momento algum. Tudo isso muito em conta pelo respeito à obra original (criada por Stan Lee e Steve Ditko), o equilíbrio da direção e trilha sonora, e simplesmente ser uma adaptação bem feita (com pequenas mudanças).
Antes da chegada do diretor, a Sony não estava interessada no trabalho de Sam. Inclusive, o cineasta estava lá embaixo em uma lista de potenciais diretores para o longa. No entanto, sua paixão pelo personagem e algumas peculiaridades da primeira reunião com a empresa abriram o caminho para que conduzisse o material. Quando Sam Raimi ingressou no projeto, o longa começou a tomar forma definitiva. O diretor naquela época muito conhecido pela série de filmes Evil Dead e por possuir uma direção com bastante personalidade e ousadia, a escolha não poderia ser mais que perfeita (e inusitada!) para a obra.
Raimi foi bastante firme nas decisões, ao lado de Koepp (roteirista) desejavam trazer uma narrativa que não se apoiasse apenas no mundo fantástico dos quadrinhos, mas queriam que a história se apegasse aos termos dramáticos que compunham os verdadeiros sentimentos da jornada de Peter Parker. Exatamente essa sensação passada durante o filme é o que aproxima o publico com o personagem, a identificação. Sim, o herói possui poderes absurdos, mas essa trama envolvendo as dificuldades na escola, a paixão de Peter por Mary Jane e esse lado “comum” que ele precisa levar durante sua outra vida, são o que o definem e consequentemente aproximam do telespectador.
Existe uma mudança polêmica envolvendo a mitologia do personagem: os lançadores de teia mecânicos foram substituídos pela lançadores orgânicos, parte da mutação sofrida por Peter depois de ser picado por uma aranha geneticamente modificada. Mas em relação ao uniforme, a roupa foi mantida o mais próximo possível dos quadrinhos, com uma aparência emborrachada e perfeitamente as cores do uniforme em destaque, com o gigante símbolo do herói no peito. Combinado a isso, a construção dos movimentos digitais do herói aumentam mais ainda essa aproximação com aos fantasia das HQs, para os anos 2000 era incrível de se ver os malabarismos e saltos por Nova York.
Peter Parker de Tobey Maguire permanece no consciente do público até hoje, não diferente, o sucesso de Homem Aranha- Sem Volta para Casa (2021) bebeu muito desse hype criado em torna do retorno do personagem. É fato que o ator possui uma limitação em questão de atuação, mas o casamento do herói com ele é tão perfeito, tanto sentimento envolvido na obra, que após vinte anos de lançamento a sensação permanece a mesma ou até mais elevada, dado o vínculo emocional com a história. Acompanhado disso, temos Willem Dafoe brilhantemente como Duende Verde, o vilão mais conhecido do herói. Ele serve como um contraponto completo das atitudes honrosas de Peter, o ator adiciona muito ao personagem, devido essa brincadeira envolvendo caras e bocas e o famoso jogo de espelhos de Norman Osborn e o Duende, é tudo muito emblemático e com personalidade.
É fantástico pensar que diversas coisas que Homem Aranha realizou vinte anos atrás, muitos filmes hoje em dia não conseguem chegar nem perto. Isso explica muito o carinho dos fãs com o conjunto completo da obra: os atores, diretor e etc. Aquele sentimento plantado ao acompanhar pela primeira vez na telona uma aventura do aracnídeo jamais será tirado, no mínimo merece o mérito de ser um divisor de águas do gênero. Que força incrível esse personagem possui!