É impressionante pensar que uma das maiores e mais icônicas criaturas do cinema teve início por conta de uma piada com outro clássico da ficção científica: ET- O Extraterrestre. Alguém comentou que a única pessoa com quem Rocky Balboa não tinha lutado ainda era o ET, dessa brincadeira inofensiva surgiu a ideia de criar O Predador. O misterioso ser nas densas selvas tem apenas um objetivo: caçar as presas mais difíceis do Planeta Terra.
Dutch é contratado pelo governo dos Estados Unidos para resgatar políticos presos na Guatemala. Mas quando ele e sua equipe chegam na América Central, logo percebem que há algo errado. Depois de descobrir vários cadáveres, a equipe descobre que está sendo caçada por uma criatura brutal com força sobre-humana e uma capacidade surpreendente de se camuflar.
O feito alcançando pelo diretor John McTiernan é de tirar o chapéu, um dos maiores contribuidores do cinema blockbuster da década de 80. Emplacou duas obras: Duro de matar com Bruce Willis, uma espécie de quebra da forma como o cinema tratava os brucutus e uma consolidação para o sucesso do ator principal. E temos O Predador, uma mistura quase perfeita do brucutu com ficção científica, no final das contas se tornou uma diversão gigante para o gênero.
Vindo de sucessos como O Exterminador do Futuro (1984) e Comando para Matar (1985), Arnold Schwarzenegger praticamente consolidado com um grande astro de ação se junta ao esquadrão com a cara da década de 80. Temos Carl Weathers, muito querido pelo público por causa de seu papel na franquia Rocky. Bill Duke, Jesse Ventura, Sonny Landham (uma espécie de Rambo) e complementando a trupe de brucutus temos Elidia Carrillo, uma guerrilheira que por conta das circunstâncias acaba de aliando ao grupo. Esse grupo é a encarnação da ação muito pregada na época, uma espécie de força tarefa perfeita. Essa escolha tanto na mistura de atores quanto nos tipos traz muito cuidado dos criadores com seu projeto, um conjunto ideal para enfrentar o inédito alienígena.
A misteriosa criatura é o principal chamariz do filme, funcionando de forma parecida com o clássico Alien, o Oitavo Passageiro em que vai eliminando soldado por soldado, não á toa, o encontro dos dois seres seria finalmente testemunhado em Alien Vs Predador. Inicialmente o Predador foi criado por uma empresa de efeitos especiais que o estúdio escolheu para poupar dinheiro. O conceito original era próximo com um lagarto, com a cabeça que lembrava a de um pato. Eis que surge Stan Winston(supervisor de efeitos visuais) responsável por redesenhar a criatura, adicionado a ideias do mestre James Cameron. O que impressiona no design é fugir dos alienígenas tradicionais da sétima arte, causando a impressão de realmente ser o caçador perfeito, fora isso, os detalhes presentes: seu capacete, o cabelo dreadlock, sua armadura e também os detalhes do armamento, variando entre a arma laser e a icônica garra. A roupa era pesada, desajeitada e o ator que encarnou o personagem não conseguia enxergar com a máscara.
A narrativa funciona de forma simples e objetiva, os personagens vão sendo mortos um a um pela criatura, tudo isso representado pela câmera em primeira pessoa (destacando a visão de calor) e sua habilidade de camuflagem. O roteiro e a direção tornam tudo muito divertido de se acompanhar, cada soldado é representado por alguma morte heroica e a medida que vai avançando descobrimos cada vez mais sobre o predador, seja seu sangue fosforescente, seus equipamentos, até chegar na fatídica cena de revelação do rosto aterrorizante do monstro. A cautela de McTiernan em usar a atmosfera da selva e juntamente com a trilha sonora genial de Alan Silvestri causa uma sensação de suspense única, conforme vamos chegando ao inevitável confronto de Dutch com o alienígena.
A melhor parte do filme é representada pelo duelo entre Dutch e o Predador, uma espécie de embate dos invencíveis, o melhor dos dois mundos. O terço final é acompanhado por quase uma presença nula de diálogos e uma verdadeira caça. A camuflagem descoberta usando lama traz uma fraqueza até então desconhecida pelo público e o próprio personagem, tudo se torna uma intensa batalha primal, usando armadilhas, flechas e combate corpo a corpo.
O Predador é um presente do cinema blockbuster, incrivelmente permanece muito comentado até os dias de hoje (muito em conta das fraquíssimas continuações) e traz consigo diversos momentos clássicos: seja a reação de Arnold com a face da criatura, os diálogos brucutus, frases de efeitos inesquecíveis e umas das melhores “tretas” dos filmes de ação. Uma mistura quase perfeita de imagem e efeitos sonoros, uma verdadeira ação de qualidade. O longa deixa claro desde seu início: Que vença o melhor!
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