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Fim de semana de Clássicos | Uma Noite Alucinante: A Morte do Demônio (1981)                          

Reprodução Twitter
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Desde seu bizarro título é possível observar toda essa loucura para conceber o projeto de Sam Raimi e seus amigos apaixonados por cinema. Inicialmente produzindo um curta chamado “Within The Woods”(1979) com o propósito de chamar a atenção, ganhar fundos, para então produzir o longa metragem. E após inúmeros pedidos de estúdio em estúdio, o cineasta conseguiu a verba de noventa mil dólares, abaixo dos requisitados cinto e cinquenta mil, mas “suficiente” para dar largada ao ambicioso projeto de terror.

Ashley e um grupo de amigos vão para uma casa na floresta para uma noite de diversão. Lá, encontram um velho livro que, quando lido em voz alta, desperta a morte. Os amigos acabam libertando uma corrente de demônios e agora terão que lutar por suas vidas ou acabarão como um deles.

A produção desse filme é uma verdadeira aula de como driblar falta de orçamento e usar toda a criatividade para conceber suas cenas. Isso vale já no minuto inicial da obra, onde vemos uma espécie de entidade passeando por meio da floresta e acompanhamos sua visão, tudo isso já é fantástico de se observar, é algo tão simples, mas representa uma imersão interessante para o que está por vir. E o mais impressionante disso, a forma que a cena foi concebida, usando basicamente duas pessoas segurando uma madeira, onde a câmera estava presa e os dois iam controlando ela, segurando de cada ponta. Isso provocava uma imagem levemente tremida e causando aquela sensação do sobrenatural, tudo isso porque não tinham dinheiro para comprar uma Steadycam, um estabilizador de câmera. Com essa forma de contornar a falta de dinheiro, Sam Raimi e sua equipe acabaram criando a Shakycam, uma emblemática técnica que ficou marcada no cinema de horror.

Se o dito “filme de terror na cabana” é tão batido hoje em dia, na época era algo extremamente chamativo. Reunir um grupo de jovens, isolados, simplesmente rodeados de demônios, violência e principalmente o gore. É uma crescente durante o longa, conforme as coisas vão desandando e aos poucos os personagens começam a ser possuídos e mortos, cada vez mais somos “presenteados” com essa violência trash, é o absurdo de cabeças decepadas, olhos saltando, etc. Tudo isso funciona com um conjunto de lidar com a morte da maneira mais absurda e criativa possível, obviamente sabendo das limitações de orçamento, isso acaba justificando a extrema importância da obra para o terror dos anos 80 e seu eterno legado.

Foto: DEG/Divulgação

É uma das coisas mais impressionantes de A Morte do Demônio é sua criação de atmosfera/tensão. Somos constantemente surpreendidos pelos demônios do filme, nesse vai e vem entre a loucura, o medo, as pausas de alívio cômico, pra lá de bizarras. Tudo isso é construído de uma forma parecida com os filmes de zumbi, onde temos um grupo de sobreviventes e pouco a pouco vão sendo infectados, aqui no caso, possuídos pela entidade,  assim tornando o protagonismo do personagem Ash mais claro, e praticamente o consagrando como figura principal em sua continuação. Aqui temos esse início da batalha, numa época de “Final Girls”, Ash surge como uma quebra desse padrão no slasher, enfrentando e matando os demônios de qualquer forma disponível, e consequentemente tendo que eliminar seus amigos possuídos

As construções dos ataques são relacionados de diversas formas para demonstrar o desespero e loucura tomado naquele local. Temos desde planos holandeses para representar os choques dos personagens nas situações bizarras e toda a nojeira que sobra durante todo o filme. Temos os famosos Pont of View para representar os inevitáveis ataques do demônio e cada vez mais violentos e intensos. E o mais engraçado, é imaginar que alguns sustos permanecem excelentes até os dias de hoje, mesmo após inúmeras assistidas, o clima criado por Sam Raimi é genial.

É por essas e tantas outras razões que tornam A Morte do Demônio um clássico absoluto do terror. Fica claro a falta de vergonha de Sam Raimi e seus criadores ao realizar esse projeto, o clímax é nada mais que um verdadeiro banho de sangue, com direito a todo tipo de cor saindo do corpo. É um marco do cinema independente e representa toda essa genialidade e talento do seu criador, que seria posteriormente marcado em diferentes gêneros do cinema. Um ou outro efeito pode parecer datado, mas é inegável a personalidade e carisma de todos os seus elementos visuais, simplesmente inesquecível.

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