“Quanto mais você envelhece, o que você realmente entende é que não tem todas as respostas”.
Clint Eastwood, aos 91 anos de idade e com quase 40 longas no currículo como diretor – mais uns tantos como ator -, tem uma disposição para se observar que impressiona a cada década. Cry Macho: O Caminho para a Redenção é outra incursão do cineasta no faroeste (a última foi o sensacional Os Imperdoáveis, de 1992), mesmo que, na prática, seja muito mais um road movie clássico do que um filme do gênero que fez dele popular lá atrás. No filme, um caubói aposentado vivido pelo próprio diretor encara a missão de atravessar a fronteira do México para trazer o filho adolescente de um velho amigo de volta para o Texas. A tarefa passa longe de ser fácil, já que o menino de 13 anos é, a princípio, arisco e temperamental e sua mãe tem capangas preparados para ficar no encalço de quem quiser levá-lo (por razões nada maternais).
Com sua sensibilidade habitual, Clint examina não apenas a mística que sua persona inspira nos outros, mas também as cores e valores de sua honradez. Abre-se sem cinismo para as possibilidades que surgem no trajeto, sejam conflitos resolvidos com rapidez ou a contemplação do aconchego de uma estranha (as mulheres são o ponto fraco até aos 91). Talvez ainda mais do que em seus trabalhos intimistas, como As Pontes de Madison e A Mula, ele é aqui o suprassumo da linearidade, da objetividade formal e da singeleza na inflexão de cada cena. Abraça as batidas narrativas ultra convencionais não como escolhas fáceis, mas como um conforto merecido pelos seus personagens. Transforma também a estrada num caminho de reflexões, sem saudosismo. Porque ser homem também significa sempre seguir adiante: aprender, sentir e amar a cada nova parada. Não importa em que fase da vida.
O filme estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (16), com distribuição da Warner, e entra no catálogo do HBO Max 35 dias depois.
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