O Rastreador é um dos mercenários que se candidatam para encontrar um menino desaparecido, provavelmente o herdeiro legítimo do trono de um império e que talvez nem esteja mais no mundo dos vivos. Guiado por um faro excepcional, que lhe permite identificar bebidas envenenadas e inimigos à espreita a quilômetros de distância, este incansável caçador cumpre sua jornada em uma África pré-colonial. Passa por cidades ancestrais, desbrava rios e florestas e também esbarra com uma vasta galeria de personagens ― demônios, feiticeiros, bruxas, prostitutas e necromantes ― muitos deles flutuam entre os gêneros, mudam de cor e alternam entre os status humano e não humano.
Em Leopardo negro, lobo vermelho, que a Intrínseca lança em janeiro, Marlon James cria uma trama poderosa, inspirada nas histórias e folclores da África, que perpassa as fronteiras entre o real e o surreal. Neste épico fantástico do qual também transbordam sangue e violência, o autor, vencedor do Man Booker Prize em 2015, questiona os limites da verdade e do poder e o preço da ambição, sempre valendo-se do uso de referências múltiplas, que vão de Gabriel García Márquez, passando por Hieronymus Bosch e o universo Marvel.
Diferentemente do cultuado best-seller Breve história de sete assassinatos, cujos capítulos são narrados por vários personagens, cada um com seu modo muito particular de interpretar os “fatos” e de se expressar, desta vez quem conta a maior parte do que se lê é o Rastreador. Confrontado pela vastidão do continente, por toda a beleza e terror em seu caminho, ele decide ir contra seus princípios de caçador solitário ao perceber que seus inimigos são mercenários em busca do mesmo objetivo. O grupo ao qual se junta é heterogêneo e composto por uma gama de criaturas extremamente atípicas, entre eles um misterioso metamorfo — metade homem, metade Leopardo —, que irá conduzi-lo pelo caminho.
Enquanto lutam para sobreviver e concluir a tarefa, o Rastreador é assombrado por diversos questionamentos: quem é o menino desaparecido? O que o fez desaparecer? Por que há tanto interesse em que não seja encontrado? Mas, sobretudo, quem está mentindo e quem está dizendo a verdade? Desdobrando personagens e lendas em uma cascata vigorosa, Leopardo negro, Lobo vermelho ─ em uma bela edição capa dura ─ é uma ode à beleza e à pluralidade da mitologia africana.
Direitos de produção de uma adaptação para o cinema foram adquiridos por Michael B. Jordan e Warner Bros.
“James cria uma África ancestral perigosa e alucinante, um mundo fantástico ao estilo de Tolkien, o tipo de livro que eu não sabia que precisava ler até lê-lo.”
Neil Gaiman
“Contagiante, cheio de ação, o equivalente literário do universo dos heróis da Marvel.”
Michiko Kakutani, The New York Times