Em diversos países, as loot boxes vêm sendo apontadas como a mais recente causa de problemas sociais associada à juventude e à cultura do gaming. No Brasil, a mídia especializada falou um pouco do tema, mas nenhuma autoridade se moveu para questionar se a polêmica que aconteceu em outros países deveria ser replicada em terras tupiniquins.
Compreenda a polêmica
A loot boxes é uma forma de as desenvolvedoras monetizarem seus jogos, através de pequenos pagamentos feitos pelos usuários. O jogador paga para ter a chance de conseguir um item extra ou especial; se a funcionalidade não lhe der o “prêmio”, ele pode sempre tentar de novo, pagando novamente também.
O mecanismo é tão semelhante a um caça-níquel virtual (clique aqui para encontrar diversas opções de caça-níqueis online) que as desenvolvedoras até acrescentam um software GNA (Gerador de Números Aleatório) que determina as chances de um determinado item ser oferecido; é o mesmo tipo de software que as desenvolvedoras de cassinos online utilizam para determinar a vantagem da casa em seus jogos.
A ideia de que milhares de usuários, muitos deles menores de idade, podiam estar gastando dinheiro de forma injusta e descontrolada causou, naturalmente, bastante polêmica.
Reação em vários países…
Já faz um ano que surgiram as primeiras grandes reações, nomeadamente na Europa e nos Estados Unidos. Ao longo do ano, surgiram novos desenvolvimentos; a Bélgica, por exemplo, classificou as loot boxes como jogos de azar e obrigou as desenvolvedoras a retirá-las em seu mercado.
Algumas desenvolvedoras aceitaram…
Diversas empresas aceitaram as críticas conjuntas de governos e do público e tomaram a decisão de retirar suas loot boxes. O caso mais conhecido foi o de Forza Motorsport 7, da Turn 10, que concretizou a retirada com seu update ao jogo no início de novembro. Outras tentaram ir na onda e passaram a anunciar explicitamente que seus títulos vêm sem loot boxes, para capitalizarem uma relação de confiança com o usuário.
…mas outras revidaram!
A 2K, desenvolvedora responsável pelo jogo 2K19, replicou que não só não estaria disponível para acabar com suas loot boxes como ainda apelou a seus usuários na Bélgica para entrarem em contacto com suas autoridades e mostrarem que estavam satisfeitos com a atuação da empresa. Mais recentemente, o CEO da Ubisoft declarou que não vê problema algum com as loot boxes e que se os jogadores não gastassem dinheiro com elas, as empresas não as colocariam.
Que futuro?
Muito vai depender da força da opinião pública em cada país. Na Europa e América do Norte, parece provável que mais medidas de restrição sejam adotadas em um futuro próximo. A Austrália poderá ser o próximo país a reagir em força, pois o Senado deverá divulgar em breve o relatório de um inquérito, promovido pela própria instituição, à atuação das desenvolvedoras e aos efeitos das loot boxes na sociedade.
Contudo, já passou um ano e em grande parte dos países do mundo pouco aconteceu. É o caso do Brasil, onde além da mídia especializada praticamente ninguém se incomodou com esse assunto. Talvez agora, passada a eleição presidencial e com o início de novo mandato, esse assunto possa ganhar alguma prioridade.