dom, 22 dezembro 2024

Meus filhos não lerão metade dos livros que eu li.

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     Não é minha culpa, nem culpa deles. É questão de geração. Do mesmo jeito que não brinquei de todas as brincadeiras que meus pais brincaram. Não desci de rolimã pelas ruas e me ralei toda, nem fiquei até tarde na rua brincando com amigos da vizinhança. Eu sou da geração, a qual a internet era discada e os monitores pareciam uma caixa. Eu estava assistindo a revolução tecnológica sentada, recebendo lentamente o acesso a essa grande novidade. Passei minha infância em casa, com saídas aos finais de semana, para ter contato com a natureza. Meus intervalos entre as refeições e quando a TV Globinho acabava era ocupada por livros.

  Brinquei de casinha, de comidinha e, graças às histórias, que lia conseguia inventar histórias novas para os meus bonecos. Não tinha muito com o que ocupar tempo, e então…eu lia. Até que chegou um multi game, 999 em 1-quem teve sabe como era- e eu brincava de cobrinha e de bloquinhos, mas um dia quebrou. E Deus sabe o quanto fiquei triste, o quanto esperei que ele do nada voltasse a funcionar-criança tem disso. Até jogar de novo no chão joguei, para ver se reencaixava alguma pecinha, mas nada. Ganhei um videogame também, mas aquele de camelô, brinquei muito de mario e futebol, mas tudo bem controlado: um dia da semana e com horário certo. O resto do tempo que dava eram livros, dos infantis as guerras, eu me lambuzei de histórias. Fui incentivada à leitura e me apaixonei por esse mundo.

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     Whatsapp, celular, internet rápida, vídeos de jogos, câmera, jogos no computador… Meu irmão, geração Z, está crescendo com tudo isso no auge. Incentivada a leitura também, mas a resposta não é a mesma. Por mais que tenha acesso a todos os livros que eu tenho, que me veja lendo, a mente dele está interagindo de outra forma. Recentemente, ganhou um multi game da madrinha “para ter infância”. E o aparelhinho está largado na gaveta. Os gráficos de hoje são mais atraentes, a velocidade, a qualidade, novidades sempre… Imagine como não será o mundão que meus filhos encontrarão!

    Ninguém é igual a ninguém, nenhum tempo é igual ao outro… Enquanto eu arrumo os exemplares da minha infância no meu armário, lembro de cada história, as risadas que dei, as que me emocionei… É que nem música, sabe? Hoje, livros estão disputando espaço com jogos, vídeos, filmes, séries, inclusive na minha vida. A tecnologia alcança a todos e traz com ela suas vantagens, nos agradando. Entretanto, eles sempre terão espaço nas minhas estantes, mesmo que eu não devore-os mais como antes. Meus filhos lerão mais do que eu li nos sites, nas mensagens, e os e-books. Mas, eu tenho aquela pontada de esperança de criança de que eu esteja errada, e eles consigam ler boas e marcantes histórias nos livros.

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