
Eleito Melhor Filme pelo júri popular do Festival de Vitória, “O Deserto de Akin” acompanha a busca por pertencimento de um médico cubano, interpretado por Reynier Morales (Melhor Ator no Festival do Rio). O protagonista trabalha em serviço de uma comunidade indígena do Espírito Santo, pelo programa Mais Médicos, criado em 2013 e interrompido pelo governo Bolsonaro. Em um território novo, tanto para o personagem quanto para o ator – que nunca tinha saído de Cuba antes do filme -, Akin encontra um lugar de acolhimento e compreensão na amizade com o amigo Rafael, interpretado pelo luso-guineense Welket Bungué. O filme chega aos cinemas nesta quinta-feira, 31 de julho.
Welket Bungué (“A Viagem de Pedro”) e o diretor capixaba Bernard Lessa já haviam trabalhado juntos em outros projetos. Os dois se encontraram profissionalmente pela primeira vez em 2013, com o curta-metragem “Terra Mar”. Desde então, se tornaram grandes amigos e voltaram a dividir sets em mais produções, incluindo o último longa de Bernard, “Matéria Noturna”.
“Toda essa dimensão de consciência artística, sociológica e cultural que o Bernard tem, e que ele traz para esse filme, eram motivos mais do que óbvios para eu querer fazer parte desse filme também.”, conta Welket, sobre mais uma etapa da trajetória artística com o cineasta capixaba. “‘O Deserto de Akin’ vem para nos recordar sobre a importância de preservarmos os direitos democráticos.”, complementa. “A exacerbação das liberdades que nos são atribuídas pela democracia podem ser utilizadas de forma iníqua por certos cidadãos, então nós temos que estar sempre em alerta. A liberdade é sustentada diariamente, e tem que ser nutrida pelo amor e por um pensamento de amplitude mais globalizante.”
Entre os próximos projetos de Welket, destaca-se a primeira série de terror do Globoplay, “Reencarne”, que traz no elenco os brasileiros Taís Araújo, Julia Dalavia e Enrique Diaz, além da portuguesa Isabél Zuaa.
Já Reynier surge nas telonas em seu primeiro longa-metragem rodado no Brasil. Depois de pegar um avião pela primeira vez para estrelar a produção, o ator escolheu permanecer no país. Premiado como Melhor Ator no Festival do Rio, pela mostra Novos Rumos, o cubano que conquistou o público brasileiro também integra o elenco de “Makunaíma XXI”, filme inspirado no clássico de Mário de Andrade, com Itallo Makuusi, Mario Jorgi, Gaby Amarantos e Bruno Gagliasso.
“O Deserto de Akin” é uma produção da Rede Filmes, com coprodução da Ladart Filmes, distribuição da Retrato Filmes. Após a estreia mundial no Festival do Rio, passou pela Mostra de Cinema de Gostoso, pelo Festival de Havana (cidade natal do protagonista) e pelo Panorama Internacional Coisa de Cinema, em Salvador, onde venceu Melhor Roteiro, escrito por Bernard Lessa. A última parada no Festival de Vitória, onde venceu os prêmios de Melhor Filme, eleito pelo júri popular, e de Melhor Fotografia, pelo trabalho de Heloisa Machado.
Sinopse: Akin é um dos médicos cubanos trabalhando no Brasil em 2018. Com as eleições, a cooperação entre o Brasil e Cuba chega ao fim. Os médicos são convocados a retornar ao seu país de origem. Akin está em uma encruzilhada. Voltar para Cuba ou se estabelecer no Brasil?