Publicidade
Publicidade
Início Cinema Oscar 2016 | A premiação que se tornou um lobby industrial

Oscar 2016 | A premiação que se tornou um lobby industrial

Publicidade

Não há como negar, o Oscar é a maior premiação cinematográfica do mundo e definitivamente movimenta o cinema como nenhuma outra. Pois o Estação Nerd está preparado um mega especial para você, nosso querido leitor e que nos acompanha sempre. Todos os dias durante estes 14 dias que antecedem a premiação, que acontecerá no dia 28 de fevereiro, iremos publicar diversos artigos, que vão desde curiosidades sobre a história da premiação, até um termômetro aonde comentaremos as chances de vitória dos indicados à Melhor Filme, Melhor Ator, Melhor Atriz, Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Diretor, para ajudar vocês que pretendem apostar em bolões com os amigos.

Hoje (13) daremos largada no nosso especial do Oscar 2016. Prepara a pipoca, pega o refrigerante, se acomoda em um lugar confortável e venham conosco.

logo oscar

Hoje, infelizmente, o Oscar é uma festa de interesses pessoais, comerciais e industriais – que premia filmes de acordo com a vontade e opinião de alguns membros da Academia de Artes e Cinema, que raramente combina com a nossa opinião sobre os melhores filmes do ano. Toda a festa que da premiação, do anúncio dos indicados até a cerimônia do tapete vermelho, envolve questões desde pontos de audiência durante a transmissão, figurinos e jóias caríssimas ostentadas pelas atrizes durante a cerimônia, até acordos envolvendo patrocínios milionários, contratos fechados, cachês inflados, negócios assinados, business, business, business. Não quero dizer que isso não é importante. O Oscar dá status a um ator, diretor, produtor ou roteirista, garante que ele aumente em alguns milhões os valores de seus próximos contratos e ficam mais conhecidos e requisitados no mundo do cinema, mas isso não garante uma das coisas principais: sucesso de público. Por isso existem os “filmes-pipoca” e “filmes de Oscar”.

O roteiro dos filmes pretendidos a este tipo de premiação já são escritos pensando no gosto dos membros da Academia. E mesmo assim, muita coisa boa ainda fica de fora, perdendo sua vaga por outras questões, como por exemplo questões políticas, morais e até preconceituosas. Por que Kathryn Bigelow, vencedora de melhor diretora por Guerra ao Terror (em que os americanos são os heróis frente ao terrorismo) não foi nem indicada por A Hora Mais Escura (sobre a caça a Bin Laden) em 2013? Provavelmente porque ela e seu roteirista foram acusados pela CIA de obterem informações sigilosas sobre as torturas praticadas por americanos para obter o paradeiro do terrorista. Se americano não for o herói ou o salvador do mundo, não pode entrar na premiação?

Como é feita a votação para a escolha do vencedor

Primeiramente, o filme tem que seguir algumas regras: deve ser um longa-metragem com duração acima de 40 minutos, exibido publicamente em 35 mm, 70 mm ou em formato digital em uma sala comercial da cidade de Los Angeles antes da meia-noite de 31 de dezembro e permanecer em cartaz por pelo menos sete dias consecutivos. Sua divulgação deve seguir as restrições impostas pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. Filmes que estrearem na internet, TV a cabo, TV aberta ou em vídeo não podem concorrer.

O processo ocorre em dois turnos. Hoje são cerca de 6.000 membros votantes, entre atores, produtores, fotógrafos, montadores, executivos, diretores de arte, editores de imagem e de som, relações públicas, músicos, etc, que votam em sua área própria de atuação para as categorias técnicas (ou seja, diretores só podem votar na categoria diretores, etc) mas todos podem votar para melhor filme. Após receberem a lista com os filmes inscritos, os integrantes da Academia têm cerca de duas semanas para devolver as cédulas com suas escolhas (desde 2013 os votos também são por meio digital). Em sigilo, os documentos são encaminhados para uma empresa de auditoria, que tabula os votos de todos os membros e elenca os mais apontados. As cédulas, agora somente com as indicações por categoria, voltam para as mãos dos integrantes da Academia, que tem mais duas semanas para que decidam os vencedores. Depois, os auditores da empresa somam as respostas e obtêm o resultado final, divulgado ao vivo, no dia da cerimônia.

As regras de seleção só mudam um pouco para a escolha de melhor filme estrangeiro. A Academia permite quaisquer esforços das produtoras para fazer os membros da Academia assistirem aos seus filmes, mas proíbe as produtoras de enviar incentivos financeiros e presentes caros. As produtoras têm permissão para enviar aos membros da Academia cópias em vídeo dos filmes concorrentes e organizar exibições especiais de seus filmes.

Então, além de todas as questões levantadas aqui sobre a votação, ainda existe a probabilidade de muitos membros da academia, principalmente os mais antigos, delegarem a parentes, alunos e funcionários suas escolhas por não terem tempo, paciência ou vontade de assistir a todos os filmes indicados. Por isso hoje em dia outras premiações como a realizada pelo SAG Awards – Sindicato de Atores de Hollywood estão tendo cada vez mais importância, pois são os próprios atores votando em seus colegas de profissão. E se eles querem ser respeitados e valorizados por seu trabalho, imagino que eles tratem esse assunto com a importância devida, votando seriamente. Outras premiações de peso são o BAFTA (o Oscar britânico), o Golden Globe Awards (em que a seleção é feita por jornalistas) e o Urso de Prata no festival de Berlim. Bom, raramente você comenta sobre um filme ou um ator vencedor do BAFTA. Alguns hábitos e tradições são difíceis de terminar…

Mas todo ano é a mesma coisa. A gente critica, reclama, xinga, aplaude, mas assiste a premiação e pelo menos terá uma certa curiosidade em saber porque aquele filme que você nem tinha ouvido falar venceu o Oscar em determinada categoria. E assim caminha a indústria do cinema.

Texto de Leonardo Casillo

Publicidade
Publicidade
Sair da versão mobile