O conteúdo da série produzida pela Netflix já é conhecido: a história de vida de Piper Chapman, uma mulher comum, que teve sua vida virada de ponta cabeça após ser condenada por um crime de tráfico de drogas há anos atrás.
A série que gozava de um tom mais cômico e jocoso, se transformou drasticamente. Temas como relacionamentos homo afetivos entre as detentas, traições e problemas familiares eram outrora abordados com uma sensibilidade diferente, com uma veia na comédia, dando um tom mais cartunesco a trama.
Porém, nessa Quarta Temporada, a história das detentas aborda um problema da sociedade: A segregação racial. A penitenciária federal Litchfield recebe novas detentas e, com isso se dá a (tão conhecida em terras tupiniquins) superlotação.
Devido a tanto, os grupos étnicos separam-se dentro do ambiente carcerário e começam a lutar pela superioridade e autonomia de suas próprias raças e grupos, usando todas suas armas e engenhosidades para conseguirem ter o controle de Litchfield.
Dito isso, é hora de abordarmos as questões técnicas de OITNB. As atuações surpreendem, afinal, a mudança de tom exigiu muito das atrizes em destaque. Suzanne “Crazy Eyes” Warren (Uzo Aduba) merece uma atenção especial devido a certeira atuação ao vivenciar os conflitos e preconceitos vividos nesta temporada. Não é a toa que a atriz angariou um EMMY por seu papel na série. O roteiro não deixou a desejar, e o desenrolar da trama consegue prender um pouco mais da atenção do público. Nos emocionamos e torcemos por nossas personagens prediletas, algo que tem que estar presente em obras do gênero.
Embora a séria tenha um hype, até certo ponto justificado por seu ótimo início, deu uma leve “escorregada” na 3ª Temporada. Os questionamentos internos e profundidade das personagens foram pontos esquecidos, bem como as adversidades no universo LGBT, que acima de tudo, são o grande argumento da série.
Entretanto, a presente temporada veio para mudar o pensamento de quem havia desistido de assisti-la. Os personagens e as tramas irritantes e desinteressantes foram desaparecendo aos poucos, dando lugar a quem realmente vale a pena dedicar algumas horas em frente a TV.
Em geral, questionamentos relevantes são abordados, fazendo com que personagens assimilem características que os colocam em prateleiras definidas. Vilões e Heróis ( ou melhor, vilãs e heroínas), estão mais bem divididas, o que facilita o grande público a lidar com as problemáticas. Contraditório pensarmos que, internamente todas possuem um certo bem e um certo mal, característica esta que possibilita as diversas nuances que os roteiristas podem abordar.
OITNB mostrou que pode se superar e entregar um conteúdo de qualidade aos espectadores. E que, mesmo após uma temporada claudicante, foi hábil e certeira a abordar temas sociais que precisam ser levados em consideração. A sociedade e o mundo atual precisam de questionamentos desse calibre.
- Colaboração Especial : Giovanna Bartho
Onde? 1ª a 4ª Temporadas disponibilizadas no NETFLIX.