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    “Quando as Luzes se Apagam”

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    Roteiro: Eric Heisserer, David F. Sandberg.

    Em “Quando as Luzes se Apagam”, Rebecca (Teresa Palmer) vive sozinha e acredita que todos os seus medos de infância foram deixados para trás. Depois de ouvir que seu irmão mais novo Martin (Gabriel Bateman) está passando pelos mesmos eventos que um dia testaram sua sanidade, Rebecca descobre que uma entidade assustadora que vive no escuro possui uma ligação com sua mãe Sophie (Maria Bello). Quando as luzes se apagam, ninguém está a salvo.

    O longa dirigido por David F. Sandberg surgiu após seu curta fazer sucesso na internet. “Lights Out” é a estreia do diretor nos estúdios de Hollywood que já prova ser um grande talento para filmes do gênero terror.

    O filme consegue trazer novamente ao espectador aquele medo de infância que só o escuro conseguia proporcionar. Geralmente, crianças correm para os pais quando sentem medo, o ator mirim Gabriel Bateman traz o desespero de Martin em saber que nem sua mãe poderia o proteger e faz com que o público sinta a mesma fobia do personagem quando as luzes se apagam. O diretor também explora clichês como o mostro em baixo da cama de forma inteligente nos momentos certos.

    O mais interessante aspecto na direção de fotografia de Marc Spicer é que não importa quantas luzes os personagens acendam no filme, estes permanecem sempre rodeados por sombras (principalmente Sophie), o que traz a sensação de que nunca estão a salvos. Como durante o filme inteiro os personagens precisam correr atrás de alguma fonte de iluminação para se protegerem, cria-se a necessidade de diferenciar as luzes de uma forma criativa, isto foi muito bem executado tanto nas cores (vermelho, azul) quanto nas fontes utilizadas (farol do carro, por exemplo).

    Quem assistiu o curta lembrará dos sons que a entidade fazia: os passos rápidos, o ranger da madeira. O ruído das lâmpadas aumenta a tensão significativamente em algumas cenas, parece substituir o tic-tac de um relógio lembrando que a qualquer momento a luz se apagará.

    A atuação de todos surpreende, até conseguimos ignorar em parte as falhas de roteiro que o filme apresenta. Gostei principalmente da participação de Alexander DiPersia como Bret (namorado de Sophie), o personagem se destaca por não ser do tipo que ignora o que está acontecendo, como ocorre em muito em filmes de terror. Além disso, toma decisões coerentes diante de certas situações.
    Maria Bello faz a angústia da personagem se tornar algo crível e, juntamente com Teresa Palmer, cria um relacionamento mãe e filha problemático e forte o suficiente para aumentar a empatia do público.

    Alguns diálogos são desinteressantes e forçados: as falas de Martin não combinam com o personagem fazendo com que certas cenas não possuam naturalidade. A facilidade com que Rebecca acha respostas para o problema que enfrentou em sua vida inteira também foi algo incômodo. A descoberta da história da entidade – chamada Diana, poderia ser contada de maneira diferente para não ficar tão exposto o momento “vamos explicar para o público o que esta acontecendo”.

    Por outro lado, a relação de Diana com a depressão de Sophie foi muito bem explorada. A personagem que apresentava um psicológico conturbado acaba sendo a vítima deste ser que seria uma forma de depressão materializada.
    (Atenção: interpretações de algumas cenas nos próximos parágrafos com spoilers.)
    [spoiler] “Se Diana não é um fantasma, o que ela é?”
    Sophie sofre de uma doença que a faz ficar isolada e quase sempre no escuro. Seu psicológico representado em um monstro pode ser visível aos outros pelo motivo da depressão não envolver somente a pessoa que a possui, mas todos à sua volta. Em vários momentos do filme os personagens mencionam que precisam fortalecer Sophie para que Diana vá embora. Há também a tentativa da personagem em mascarar o problema: “ela é minha amiga”, até o momento que silenciosamente Sophie chora por ajuda. Sobre as caixas em que Rebecca achou e continha gravações dos tratamentos de Diana: tirando a necessidade de incluir o público em um contexto, qual sentido faria a personagem possuir tais documentos? Talvez estes sejam todos sobre a própria Sophie que poderia ter conseguido sair do hospital depois que mataram Diana, ou seja, supostamente eliminaram a depressão. Porém, é algo que não desaparece simplesmente: a depressão é como uma sombra que persegue a pessoa e pode se manifestar mais tarde.
    A princípio achei estranho como abordaram o final, como se o suicídio de Sophie fosse um ato heroico. No ponto de vista desta personagem talvez tenha sido, mas logo a cena de seus filhos devastados por falharem em salvar a própria mãe de algo tão horrível deixa claro que esta foi a pior solução para o problema (destaque para atuação de Teresa Palmer neste momento).
    OBS: A luz piscando na ambulância já no final do filme pode sugerir a tendência dos filhos em também desenvolverem depressão. O que acham? [/spoiler]

    Como escrevi ao final do texto sobre “A Bruxa”, assistir filmes de suspense/terror no cinema pode se tornar uma experiência desagradável pela falta de respeito do público com o gênero. Os comentários e piadas em voz alta acabam destruindo a imersão que o espectador deveria ter com o filme. Porém, ver “Lights Out” em uma sala escura com tela grande te fará estar completamente ao lado dos personagens e pensar duas vezes antes de desligar o abajur do seu quarto.

    Trailer:

    Curta “Lights Out”:

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