Sua bateria durou quatro horas até o desligamento completo. Nessas intermináveis horas, em que não via nada além da densa neblina, que ofuscava o céu azul, cercado de nuvens brancas, percebeu que tudo não passava de coincidência. Que o planeta fora criado, de fato, ao acaso, e que não havia um destino ou uma missão a ser cumprida; apenas a existência, até o inevitável dia do fim.
Sinopse?
A sinopse de “O Androide” divulgada pela editora é um trecho do livro, por isso preferi contar com as minhas palavras a sinopse desse livro, para ser mais justa com o autor e vender melhor uma obra tão interessante. Fica aqui a crítica: as editoras deveriam valorizar e se interessar um pouco mais por um nicho tão interessante da literatura.
Resenha de “O androide” de Paulo de Castro
Quando soube da existência de um livro de androides e robôs espalhados por um Brasil pós apocalíptico eu simplesmente precisava ler esse livro.
Porque são tão poucas as opções de Sci-fi nesse estilo, e ainda mais brasileiro, que não daria para desprezá-lo de modo algum. Queria muito saber mais sobre essa história.
A capa
A capa é tosca. Um androide não é um robozinho bobo e isso já dá uma sensação estranha. Torceria o nariz se não fosse de uma editora meio negligente com seu conteúdo. Sim, já vi publicarem livro com sinopse nada a ver com o conteúdo, então, deixemos essa questão pra lá.
Cada autor tem a sua personalidade!
A escrita me incomodou. O autor descreve além da conta, acho que se perdeu principalmente no início, sendo repetitivo e prolixo, mas no geral, pela história ser interessante, consegui superar esse detalhe.
A história é muito curiosa
Um mundo pós apocalíptico, não existem mais humanos e os robôs dominam a Terra, e perseguem outros robôs que teoricamente apoiaram os humanos durante a guerra que resultou no extermínio da humanidade. Resumidamente é isso!
É um cenário para deixar Asimov nervoso e chateado: robôs se voltando contra humanos. Parece clichê de tão batido. Contudo, a história é original e explora ao máximo a inteligência artificial dos robôs nos fazendo pensar muito sobre essa realidade. Não são apenas robôs revoltados com a humanidade ou com sede de poder (o que, aliás, faria sentido algum).
O leitor mais acostumado com ficção científica pode achar que é pouco. E de fato é, como eu disse foi um resumo e sempre tomo cuidado para não entregar mais do que devo e estragar a experiência de quem vai ler.
Mas, é só isso?
É claro, a história ainda precisava de um arco dramático, mas, como?! Que motivação vai ter um robô? E as soluções que o autor encontra ao longo do livro para motivar os robôs a seguirem em frente, desafiarem o comando geral, resistirem à programação e agirem “quase como se humanos fossem” é muito boa.
Paulo de Castro usa recursos de escrita pra nos lembrar o tempo inteiro (até em excesso) que os personagens não são humanos. E a estranheza que isso causa é bem legal.
E cadê todo mundo?
Mas, e os humanos? Vocês podem se perguntar. Todo mundo pós apocalíptico tem sobreviventes… Será?! Não vou dar esse spoiler, acho que já falei demais.
O que quero dizer é que esse livro deve ser lido. Pra apoiar a literatura Sci-fi brasileira, autores independentes, e pra ver São Paulo depois do fim, e fábricas gerenciadas por inteligência artificial. ?
É sério! É uma história que vale a pena apesar dos pequenos problemas que atrapalharam em nada pra fazer pensar sobre um universo de ficção científica que fala português. Curti!
Obrigada Aninha Espindola por me dar essa dica de leitura! É nesses momentos que a gente vê como é legal interagir com as pessoas nas redes sociais.
E você, conhece um sci-fi brasileiro? Indica aí!
Título: O Androide
Autor: Paulo de Castro
Editora: Novos Talentos da Literatura Brasileira
Ano: 2016
Brochura | 256 páginas