Ganhador do prêmio Nebula, em 1974, além do Hugo e do Locus em 1975, Os Despossuídos lida com temas fundamentais a sua época, como embate entre o capitalismo, o comunismo russo e o anarquismo. O romance se passa em dois planetas-gêmeos, Uras e Anarres, com sistemas políticos opostos e prestes a entrar em conflito, numa alusão à Guerra Fria.
Resenha de Os despossuídos, de Ursula Le Guin
Em “Os despossuídos” Ursula K Le Guin experimenta uma sociedade nova, livre do sentimento de posse, vivendo em uma filosofia de vida quase perfeita, uma sociedade de revolucionários. Será??
Não existe dinheiro, todo trabalho é voluntário, não existe família, as pessoas são incentivadas a viver “para” a sociedade, a amizade é incentivada e as relações sexuais aceitas desde a puberdade, há quartos para casais nas comunidades para que eles transem, ou vivam juntos se quiserem, eles podem ter filhos à vontade, as crianças são criadas em instituições de educação deixando livres os “parceiros” que as geraram.
E aqui entra um primeiro indício da “direção” dessa estória: as instituições que vão condicionando as crianças para a vida em sociedade. Todos são condicionados, e aí é onde começa. Isso para que a sociedade funcione bem. É tudo pelo bem das pessoas, do planeta. Lindo, né?
O livro é curioso e cheio de reviravoltas!
Acompanhamos Schvek, um físico que começa a se questionar sobre o sistema em que eles vivem. O planeta Anarres, que é bem inóspito, tem um planeta gêmeo (Urras), que é o de onde essa comunidade de Anarres se origina, com o qual eles não mantém contato.
Aliás, eles aprendem a odiar os habitantes do planeta vizinho. Percebem?! Essa liberdade anárquica, talvez não seja bem assim. E todas as quase 400 páginas desse livro nos fazem pensar sobre cada diferença, sobre cada semelhança. Que livro!
É tanta passagem incrível que o livro ficou assim, tomado de post its. Eu ainda preciso reler esse livro um dia, para revisitar esse universo tão diferente e impressionante.
Uma obra atemporal
Ursula K. Le Guin escreveu “Os despossuídos” em 1974 e trata de temas como família, regimes políticos, homossexualidade, machismo e feminismo, sem ser chato, sem ditar regras. Esses temas estão ali, fazendo parte do enredo, não da trama em si. É perfeito!
O único porém é que em várias passagens ele fica lento e sonolento (pra mim) pelo nível hard de descrições. Apesar disso, indico fortemente que todos tenham contato com essa obra Sci-fi clássica que faz uma análise profunda do ser humano como ser social, usando planetas distantes como local para os seus eventos.