qui, 4 julho 2024

Sábado de Clássicos do Horror #3 | Confira dicas de obras do gênero para assistir em outubro

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No terceiro Sábado de Clássicos do mês do horror, trazemos mais indicações de filmes do gênero com comentários de nossa equipe, hoje com foco no cinema slasher, desde suas raízes no giallo até as manifestações mais contemporâneas.

Confira:

Tenebre (Dario Argento, 1982)

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Sinopse: O escritor Peter Neal chega à cidade de Roma para promover seu último livro, Tenebre, mas descobre que alguém está usando seus romances como inspiração para cometer assassinatos. Logo, ele se vê envolvido nos crimes e passa a tentar descobrir o provável assassino.

Comentário: O jogo de referências entre obra cinematográfica e obra literária que rege Tenebre vai além de uma mera brincadeira entre mídias, mas uma possibilidade criada por Dario Argento para comentar sobre os fundamentos do giallo e suas problemáticas enquanto gênero popular na Itália. Ao colocar em conflito o autor e suas práticas narrativas com as consequências no mundo real, Argento constrói uma reprodução do gênero como questão social de uma violência majoritariamente misógina. Não por menos, transitar entre câmera subjetiva nas cenas de assassinato e trabalhar com a sugestão em objetos relevantes para a trama relaciona os aspectos comportamentais do assassino e do público no geral. Quando apresenta tais cenas de forma a incorporar a persona do assassino, reflete sobre uma presente questão de certos encaminhamentos que levaram ao sucesso do giallo. O autor, o assassino, o espectador, todos participam das mortes diretamente como uma espécie de desejo mortal reprimido.

(Comentário de Gabriel Luna)

Filme disponível no Looke e no NetMovies

Pânico (Wes Craven, 1996)

Sinopse: Um grupo de jovens enfrenta um assassino mascarado que testa seus conhecimentos sobre filmes de terror. A pequena cidade de Woodsboro nunca mais será a mesma.

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Comentário: Dificilmente haveria nome mais indicado do que Wes Craven para a realização de um exemplar de sucesso do cinema slasher na metade da década de 1990, quando o subgênero se encontrava em curva de declínio criativo e comercial. Responsável por obras anteriores que compõem a memorabília do nicho – A Hora do Pesadelo (1984) talvez seja o maior exemplo –, Craven faz de Pânico um exercício de terror que se apropria do legado que o antecede para jogar com as expectativas e percepções do espectador. Elementos familiares ao público se acumulam em tela para compor um cenário que converte a autoconsciência em ameaça desde sua icônica cena inicial. Mais do que mera curiosidade, o recurso à metanarrativa como guia de uma obra que vai se comentando enquanto toma forma dota Pânico de um senso de jogo. Tudo é ao mesmo tempo ação concreta, perigo real e construção de uma brincadeira débil e desvairada em que o mais importante é estar um passo à frente do adversário no conhecimento das tradições do gênero. O diretor exprime sua visão do slasher como não apenas exercício de narrativa cinematográfica, mas fenômeno social com impacto sobre a subjetividade do público, ao passo que leva esse mesmo público a acompanhar e vibrar com mais uma história do filão. Pânico é o resultado do trabalho de um diretor no auge do seu gênio criativo e, sobretudo, do controle sobre obra e audiência.

(Comentário de Felipe Lima)

Filme disponível no Google Play

Os Estranhos (Bryan Bertino, 2008)

Sinopse: Kristen e James estão esperando por um final de semana de descanso na casa de campo da família, mas a estada deles é perturbada. Primeiro, uma mulher misteriosa e perigosa chega ao lugar enquanto James está fora. Quando ele retorna, ele acidentalmente mata seu amigo Mike, confundindo-o com um intruso e, então, o verdadeiro perigo aparece na forma de três torturadores mascarados, deixando Kristen e James lutando para sobreviverem.

Comentário: Poucas coisas assustam mais do que a sensação de estar sendo observado. Ainda mais quando o observador é indecifrável, impenetrável, implacável e inapelável. Entre os vários filmes que lidam muito bem com esse mote, poucos conseguem transmitir o terror (físico e psicológico) com tanta precisão quanto Os Estranhos, lançado em 2008. A partir de uma situação já bastante desconfortável – o climão após um frustrado pedido de casamento – o diretor então estreante Bryan Bertino extrai doses generosas de tensão logo nos primeiros minutos do filme. Ruídos apavorantes se transformam gradativamente em pancadas graves conforme o casal central, isolado na sua casa de veraneio à noite, vai sendo cercado pelo trio de psicopatas mascarados. A falta de uma explicação para toda aquela violência não é exclusiva do filme de Bertino, mas acrescenta aquela sensação de mistério e incerteza que inexiste na expressiva maioria dos slashers. E a força do terceiro ato está justamente na sua não-subversão de expectativas: se você espera pelo pior, é o pior que você vai ter.

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(Comentário de André Guerra)

Filme disponível no HBO Go e no Claro Video

Bônus: em 2018, Johannes Roberts comandou a tardia e muito decente continuação, que recebeu o nome de Os Estranhos: Caçada Noturna. Protagonizado por Christina Hendricks e Bailee Madison, o filme segue uma estrutura inicial semelhante ao primeiro, mas troca o tom carregado de home invasion por uma atmosfera mais assumidamente devota ao slasher tradicional oitentista (cores, luzes, músicas e muita homenagem). O resultado é um pouco menos aterrorizante, mas provavelmente ainda mais divertido. A purgação frenética dos últimos 15 minutos é tudo o que um fã do subgênero poderia querer.

(Filme disponível no HBO Max)

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Felipe Lima
Felipe Limahttp://estacaonerd.com
Formado em Direito. Palpiteiro em Cinema.