seg, 23 dezembro 2024

Um Pouco de Mim, Um Pouco de Nós | Documentário será exibido no Museu da Imigração (16/9)

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O que o passado tem a nos dizer e alertar sobre o presente? Como a história pode nos ensinar a não repetir os erros e horrores das outras gerações? Perguntas como essas são instigadas pelo documentário UM POUCO DE MIM, UM POUCO DE NÓS, que receberá neste sábado, 16 de setembro, uma exibição gratuita às 15h no Museu da Imigração. O diretor André Bushatsky estará presente para diálogo com a plateia. A produção é assinada pela Bushatsky Filmes, com distribuição da própria Bushatsky Filmes em parceria com a Prisma. Em São Paulo, a obra seguirá em cartaz amanhã, quinta-feira, 14 de setembro, no Espaço Itaú de Cinema – Augusta, em sessões diárias às 13h30, na sala 2.

O longa começa com uma judia alemã que fugiu ao primeiro sinal de que algo de muito errado estava por vir. E segue para histórias de quem se escondeu na floresta, fugiu para outro país, debaixo do subsolo, em um cômodo. Encontramos aqueles que contaram com uma mão amiga, que arriscaram vida e família ajudando os perseguidos pelo regime e os Partisans, guerrilheiros prontos para sabotar o exército alemão. Há os que foram para o campo de concentração e tiveram a sorte de sobreviver, mas, mesmo assim, tiveram que se reerguer em outro país, sem dinheiro, sem ajuda, com outra língua e cultura. O filme conta com depoimentos dos jornalistas Pedro Bial e Caio Blinder, do filósofo Mário Sérgio Cortella e da economista e professora Claudia Costin.

A partir dessa narrativa traçada por depoimentos de sobreviventes que se radicaram no Brasil, o documentário medita também sobre o nosso presente, seja na questão do surgimento de líderes extremistas quanto na situação de refugiados e imigrantes na atualidade, e sobre o mundo que queremos construir.

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“Falamos a respeito dos sobreviventes de uma Europa dos anos 1930/40, cheia de autocratas e ditadores, ao mesmo tempo que dialoga com repressões que assolaram o mundo nos anos seguintes e chega até hoje, com o crescimento dos extremistas. Parece que não nos cansamos de ver tragédia. Povos sendo dizimados, refugiados atravessando os mares numa jangada”, explica o diretor.

Colocando-se também em primeira pessoa no documentário, Bushatsky se apresenta como investigador sobre as dinâmicas pessoais e as questões políticas que levaram à ascensão do nazismo na Alemanha do século XX e o extremismo contemporâneo, e, dessa forma, questiona o passado para tentar iluminar o presente.

“O filme nasceu da vontade de saber mais sobre as minhas origens. Explorar os caminhos que me fizeram chegar aqui. Meus avós maternos fugiram da Áustria. Minha avó Erika, morou em um gueto na China, meu avô Erich fugiu por diversos países até que conseguiu vir para o Brasil. Meu avô conseguiu o visto devido ao embaixador Luiz Martins de Souza Dantas.”

Nas entrevistas, Bushatsky se deparou com histórias fortes, aquelas que tanto vemos em filmes e livros sobre o Holocausto, mas que estavam sendo contadas ali, na frente de sua câmera, pelas pessoas que as vivenciaram. “Tinha emoção, lágrimas, mas todos fizeram questão de contar, falar e passar para a frente a mensagem de que se aconteceu uma vez, pode acontecer de novo e essa memória não pode ser esquecida jamais”, relata o cineasta.

Essa proximidade com as pessoas entrevistadas surgiu por conta daquilo que o documentarista define como “um processo artesanal”. “Reunia a equipe, geralmente aos finais de semana, e fazíamos uma ou duas diárias de filmagem. Visitávamos os personagens, com calma, dando tempo para a conversa acontecer e a emoção falar. Aí passava um tempo, fazíamos mais uma entrevista até que conseguimos todo material. No paralelo, começamos a montagem do filme. São histórias muito fortes que precisam decantar antes de serem contadas.”

Ele confessa que, por meio do filme, confirmou “a tremenda e inigualável perseverança e resiliência dos sobreviventes. A vontade de viver perante a tragédia. E que, sim, estavam diante do horror.”

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Hiccaro Rodrigues
Hiccaro Rodrigueshttps://estacaonerd.com
Eu ia falar um monte de coisa aqui sobre mim, mas melhor não pois eu gosto de mistérios. Contato: [email protected]