Outro dia, parei para observar, na sala, umas crianças de 3 anos. A professora estava contando a história de Gigi, a girafa elegante. É uma pequena história cuja autora é Tatiana Fonseca e a editora Prazer de Ler. Em síntese: Gigi era uma girafa muito elegante e metida, que não saia do salto e via os animais sempre por cima. Em um belo dia, os macaquinhos abrem a bolsa dela e pegam a chave de casa. Assim que começa a chover, todos os animais vão para suas casas, exceto Gigi. O laço cai da sua cabeça, o vestido fica molhado e, por fim, o salto da girafa quebra. Toda sua elegância vai embora. Depois que o sol aparece, alguns animais riem, achando que ela teve o que mereceu. Mas a mãe dos macaquinhos vem com a chave da casa na hora que ela mais precisa, os animais se entendem com Gigi e a história tem seu final feliz. É uma história simples e me peguei concentrada não só nas crianças, que finalmente estavam todas sentadas – até as mais agitadas e inquietas –, mas na história em si. Ensinando a sermos humildes, não nos acharmos superiores a ninguém. Mas, prestei mais atenção ainda na forma como era contada pela professora, e como as crianças interagiam, o que esperavam em cada página que passava. E aqueles olhinhos em uma girafa de laço rosa. Cada história, pequena ou grande, com palavras simples ou complicadas, trazem uma pequena coisa a nos acrescentar. Eu, leitora e escritora me vi presa escutando, quase me recordando de quando era a criança a estar sentada ouvindo, ou folheando meus livros. O público alvo, por mais destinado e bem escolhido que seja, é qualquer um que esteja disposto a entrar num mundo novo. Eu, Ingrid Medina, que já me permiti entrar em tantas cidades. Uma viagem ao redor do mundo, em lugares que, para uns podem nem existir, entrei, nesse dia, numa floresta, para saber o que Gigi tinha a me ensinar.
Terminada a história, como num passe de mágica a bagunça voltou ao seu lugar, e me permiti ficar com Gigi mais um pouco para escrever esse texto. Alguns podem achar que nada de Gigi ficará nas crianças, mas eu acredito que um pouquinho sempre fique. Mesmo que elas cresçam e não lembrem mais. Uma história está nas canções, nos filmes, nos livros e na memória. E a melhor história sempre é aquela que estamos vivendo. Se os livros podem nos dar uma dose de comédia, romance, aventura ou terror, porque não experimentar?