Sexto longa-metragem da sua filmografia, Kleber Mendonça Filho retorna para a sua cidade natal para um projeto pensado há anos. “Todo mundo me pergunta porque faço filmes em Recife. Bem, é porque eu moro aqui”, disse o diretor na pré-estreia do filme no Teatro do Parque, um dos símbolos do cinema recifense.
Além da expectativa natural por mais um filme do diretor, o público está na empolgação esperando por esse projeto após a repercussão no maior festival cinematográfico do mundo, quando ‘O Agente Secreto’ venceu dois prêmios no Festival de Cannes em maio deste ano.
Marcelo (interpretado por Wagner Moura), um professor de tecnologia com um passado misterioso, sai de São Paulo em 1977 e vai para o Recife com a esperança de recomeçar sua vida, mas logo descobre que o refúgio que buscava está longe de trazer paz.
Os enquadramentos usados para destacar barraquinhas de comida tradicionais da cidade, cenários feitos com detalhes de casas recifenses, trilha sonora com letras sobre a capital, figurinos que, mesmo a história se passando nos anos 70
Porém, mais importante que isso, toda essa construção do cenário é importante para o uso na narrativa. Se a memória é um ponto forte na obra, Recife é a cidade das histórias. A história de uma vida melhor; de um refúgio Armando, ou melhor, Marcelo precisava
Ao mesmo tempo que, vivendo nessa busca por uma história melhor, a realidade não parece nada agradável com seus habitantes. Se, por um lado, Armando vive mais “fechado”, com expressões mais contidas e mais desconfiado das situações, os seus pesadelos perturbam a noite como uma explosão de situações que o afetam.
Um simples casal angolano da vizinhança, na verdade, vive preso na necessidade de mudança. Da mesma forma que, o que é apenas uma visita técnica de um membro superior da empresa, na verdade acaba sendo a confrontação que iniciou uma perseguição de vida ou morte contra o protagonista.