Experimente-se abordar a ideia de caos em que se transformará Westworld, o parque temático que recria o Velho Oeste americano – administrado pela Delos Corporation, empresa que desenvolve Inteligência Artificial –, a proporcionar aos visitantes as emoções com que estes sempre sonharam. Os Anfitriões mais não são do que robôs programados para serem imortais, que de tão parecidos com os humanos também se tornaram imprevisíveis. Em quem vão transformar-se, agora que têm a capacidade de mudar as coisas de que não gostam em si próprios?
No episódio de estreia os mistérios não são resolvidos. Na verdade, acrescentam-se peças a mais no complexo quebra-cabeças do seriado, mas o clima de violência beneficia a narrativa, já que o estouro era irrefreável. Bernard Lowe (interpretado por Jeffrey Wright) parece ter um papel cada vez mais fundamental numa tentativa de convivência pacífica entre homens e máquinas. Forma-se, a princípio, dois líderes dos subjugados, Bernard e Dolores, com ideais diferentes. Quase como vimos na vida real tantas vezes, não?
Criada por Jonathan Nolan e Lisa Joy, com J.J. Abrams na produção executiva, Westworld é uma série baseada no filme com o mesmo nome de 1973, realizado por Michael Crichton. Ao contrário do original, a mostrar um parque temático com os mundos medieval e romano, além do western, o argumento da série segue noutra direção e introduz o mundo shogun, inspirado no período Edo (1603-1867). Ao gosto pessoal dos criadores, ambos fascinados pelo cinema japonês desde a infância, junta-se a necessidade de chegar a uma maior audiência, e um dos novos episódios será todo em japonês.
Mais do que ficção científica, Westworld fala de tecnologia e futuro. Em março, no festival South by Southwest, Nolan disse já estarmos a viver o apocalipse da Inteligência Artificial. “O erro é estar à espera do momento em que a Inteligência Artificial se vai tornar mais inteligente do que nós. Se formos negligentes como fomos com as redes sociais, estamos tramados.”
Westworld tem estreia mundial hoje, 22 abril, as 2h (madrugada de domingo para segunda-feira).