qua, 30 outubro 2024

Crítica | Não Solte!

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Para quem curte terror, especialmente terror psicológico, há sempre a expectativa de um novo filme do gênero ser uma boa opção, pelo menos, de entretenimento, ainda mais conhecendo a rica história de filmes desse tipo. Dessa vez chega aos cinemas ‘Não Solte!”, dirigido por Alexandre Aja, conhecido por filmes como ‘Oxigênio’ (2021), ‘Piranha 3D’ (2010) e ‘Predadores Assassinos’ (2019), com alguns desses filmes dando um bom retorno financeiro. Somando toda sua filmografia, os filmes de Aja já arrecadaram mais de $350 milhões de dólares. O filme ainda é estrelado e produzido pela vencedora do Oscar, Halle Berry.

Vivendo em uma casa no meio da floresta, uma mãe (interpretada por Halle Berry) cuida dos seus dois filhos, Sam (interpretado por Anthony B. Jenkins) e Nolan (interpretado por Percy Daggs), os protegendo do “mal”, que rodeia a floresta.

Considerando o contexto da filmografia de Alexandre Aja, ‘Não Solte!’ até possui características visíveis do diretor, algumas boas, mas principalmente as negativas. Toda obra de arte, pelo bem ou pelo mal, reflete o inconsciente do(a) seu(sua) autor(a). E no caso de Aja, sempre existiu uma dúvida em seus filmes sobre os caminhos escolhidos durante a obra. Isso não é diferente neste filme. Todos os elementos do filme acabam sendo “anulados” por uma sequência de frustrações causadas no espectador por caminhos seguidos na trama.

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Créditos: Paris Filmes/Lionsgate

Indeciso, o filme parece não se decidir entre o lado mais psicológico e a sua linha vazia de símbolos e metáforas. Desde o começo, principalmente pelo modo como os elementos são usados e estão à disposição do diretor, a linha do terror mais psicológico sempre pareceu mais adequada tanto à trama quanto ao que o diretor queria contar. Há a construção de uma estética sombria, desde a concepção da floresta, o uso das cordas por parte da mãe e dos filhos, toda a mística envolvendo “o mal” até mesmo o passado daquela família. Apesar desses momentos em que exploram essas estruturas e abrem muitas possibilidades interessantes, parece que o longa não quer nenhuma delas e escolhe apenas fazer metáforas tentando parecer muito inteligente. Na ideia final, principalmente com o último ato do filme, você até compreende sobre a mensagem que queria passar, um raciocínio sobre como ideologias ou crenças cegam as pessoas que faz com que elas quase “criem um mundo para si próprio”, mas não é como se o interesse da obra fosse esse. Acaba ficando bastante um gosto de “poderia ser melhor”, até com as portas que o próprio filme abriu e não foram exploradas. 

Apesar da premissa interessante, ‘Não Solte!’ se parece mais com um filme em que o próprio diretor duvida da escolha artística que ele próprio escolheu. Sem saber para onde ir e com uma boa ideia inicial que vai desaparecendo no imaginário do espectador, o longa se transforma em uma tentativa de alegorias forçadas, com uma trama “inteligentinha” e um questionamento do próprio filme sobre o que ele quer fazer.

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