Uma mãe solo é levada ao seu limite pelas dificuldades financeiras. Desesperada, sem ter onde morar e vendo a vida de sua filha ameaçada, ela invade um banco e faz todos de reféns. Essa é a sinopse de Até a Última Gota, novo filme do diretor Tyler Perry (Diário de uma Louca) na Netflix.
O diretor e roteirista do filme cria uma história que tem o objetivo de criticar a sociedade. Mostrando como o desprezo da sociedade pelos menos afortunados, é algo muito atual e cruel. Para isso usa-se a figura de Janiyah, uma mulher negra e mãe solo de uma garotinha doente, que, apesar das dificuldades, ainda consegue ser generosa. A sociedade é resumida na trama por colegas de trabalho e outras pessoas que cruzam seu caminho, essas pessoas são representados, na maioria da vezes, como pessoas que a desprezam e fazem chacota da protagonista não dando a mìnima para os seus problemas e dores. “Só é preciso um dia ruim para reduzir o mais são dos homens a um lunático”. O que uma vida inteira assim pode fazer com uma pessoa? A resposta está aqui nesse longa.

O roteiro cria um thriller policial com toques de drama, que consegue comover e funciona muto bem devido a sua protagonista: Taraji P. Henson (O Curioso Caso de Benjamin Button) a atriz é a dona do filme e carrega ele nas costas, todas as demais atuações são muito fracas e parecem ser artificiais. Com isso, Henson eleva o nível e grande parte do sucesso desta produção se deve a sua entrega no filme. Não sendo injusto, Sherri Shepherd (The View) também entrega uma boa atuação e seus diálogos com Henson são sensíveis e bastante críveis. O desenvolvimento da história tem algumas incoerências, mas no final elas são explicadas e fazem tudo ter sentido. A reviravolta é brutal e irá chocar por dar ao filme um final agridoce na jornada da protagonista.
Se no quesito atuação e texto, as coisas fluem bem, o mesmo não se pode falar do técnico. Já que algumas cenas soam desconexas, como se uma equipe tivesse filmado uma parte e outra a outra, são questões como fotografia e estilo que divergem e deixam a sensação de que estamos vendo dois filmes em um só. Além disso, é nítido a falta de orçamento em algumas tomadas, mas isso nem é um defeito, apenas uma observação.

Entre alguns erros e muitos acertos Perry entrega um filme sensível que toca em várias feridas da sociedade e ainda joga sal em cima delas. Uma obra hipnotizante, que utiliza do desespero de uma mãe para mostrar o escárnio do mundo. Esse é um filme que irá impactar o público fazendo refletir sobre a sociedade e sobre as suas próprias atitudes com o próximo.