Brick acompanha Tim e Olivia, um casal que acorda preso em seu apartamento, isolado por um muro preto futurista que surgiu do nada. Juntos com seus vizinhos, eles precisam unir forças para descobrir a origem do muro e encontrar uma forma de escapar, enfrentando o medo e a paranoia.
O novo sucesso da Netflix, dirigido por Philip Koch (Picco) aposta em misturar suspense e ficção científica, afim de construir uma sutil trama onde o mistério referente ao que está acontecendo é crescente. Nem os personagens, nem o espectador sabem ao o que aconteceu e gradativamente a história vai apresentando teorias e pistas sobre o que aconteceu. Como a trama se passa dentro de um prédio, Koch usa bem os espaços para construir uma história claustrofóbica. A câmera se move de modo ágil por frestas e usa ângulos que exploram muito bem o design de produção criado. As resoluções encontradas são críveis, na maioria das vezes, o que ajuda o espectador a imergir na história sem dificuldade, mesmo havendo aqui e ali, algumas conveniências (leia: roteiro força a barra para justificar certas ações dos personagens) mas nenhuma delas prejudica a história.

Os personagens são bem desenvolvidos e a dinâmica entre eles é boa. Os grandes destaques são a dupla protagonista vividos pelos carismáticos Matthias Schweighöfer (Exército de Ladrões) e Ruby O. Fee (Die Ketzerbraut) que possuem um arco interessante, eles perderam a filha e viveram por muitos anos “isolados”, quando decidiram acabar com a relação foram isolados do mundo por uma barreira física. O roteiro desenvolve as situações de conflito entre os sobrevivente de modo natural e bastante compreensível. Eles não serão citados para não atrapalhar a experiência, mas é inegável que o que vemos poderia causar mais aflição, mais embate, o filme até seus 20 minutos finais fica em banho-maria, criando hipóteses e mais hipóteses para explicar o que houve.
As teorias são úteis e realmente explicam o que aconteceu. E quando vemos o quadro geral, entendemos o que houve, aí sim o filme gera aflição, terror e choque, todas as sensações que se acontecessem antes, fariam desta produção algo espetacular. Mas Koch deixa para chocar nos momentos finais.
Brick não é um filme convencional. O thriller poderia elaborar conflitos interpessoais interessantes, mas abandona essa proposta afim de apostar suas fichas na ficção científica e no mistério. A produção acaba não alcançando todo seu potencial, mas é um boa pedida.