Quando Stranger Things estreou a exatos 3 anos, a NETFLIX não imaginava o tamanho do sucesso que teria em uma série juvenil com base nos anos 80. Na época – até o lançamento de The Crown -, Stranger Things foi pra mim a melhor série original da plataforma.
Repaginada em sua segunda temporada, com um pouco mais de nostalgia mas também com bastantes furos de roteiro e episódios complementares desnecessários, fazia parecer que uma continuidade era arriscada, tendo em vista também que o “final” da segunda temporada selava o portal do mundo invertido e amarrava as pontas soltas da primeira etapa.
Com o anúncio da terceira temporada, os Irmãos Duffer ( Matt Duffer e Ross Duffer ), criadores da série, resolveram ignorar os erros da temporada passada e explorar um novo universo, ou multiverso, ampliando assim o leque de opções na trama, com o benefício de ter ainda um elenco maravilhoso que literalmente cresceu – e como – com a série e o roteiro baseado em uma época que respira cultura pop.
Nessa nova fase, voltamos a cidade de Hawkins no verão americano da década de 80, recheado de amor e novas descobertas; do crescimento do capitalismo, como é mostrado no shopping que é onde boa parte dos fatos importantes acontecem, e claro, o mundo invertido, que agora tem uma forma e quer dominar o mundo real.
Para estruturar a história os criadores incluíram na trama uma organização russa que pretende reabrir o portal do mundo invertido a todo custo. Apesar da ideia pegar no primeiro episódio, ela se perde nos demais e mesmo sendo parte essencial do roteiro, se torna um pouco forçada, principalmente por alguns acontecimentos de certa forma “bobinhos” que quebram o ritmo da série, mas sem comprometer o resultado final.
O devorador de mentes, que se acreditava ter sido destruído na temporada anterior juntamente com o portal, retorna de uma forma melhor explorada – o que nos trás efeitos visuais muito bem trabalhados – e que tem um único intuito: Dominar o mundo; mas, somente depois de acabar com Eleven (Millie Bobby Brown). Eleven que agora mesmo sendo uma garota com “superpoderes”, está aprendendo a se conhecer e descobrindo sobre as coisas do mundo real, com a ajuda de Max que se torna sua grande amiga; e ainda tem um arco amoroso cheio de altos e baixos (todos super importantes) com Mike, além de continuar sendo um dos personagens principais da série, que desta vez foca um pouco mais individualmente nos personagens.
Winona Ryder que retorna como Joyce Byers foi quem mais me chamou atenção negativamente. Sua personagem fica muito aquém da Joyce das temporadas anteriores e em várias vezes ele simplesmente existe na tela.
David Harbour (Jim Hopper) assim como Winona parece perder um pouco de relevância durante os episódios, mas é sem dúvidas um personagem que nos faz mudar de opinião do primeiro a último episódio. E é responsável também por altas cargas sentimentais e de ações que vivemos/fazemos na vida.
Por outro lado, desta vez, Dacre Montgomery que volta como Billy Hargrove, e é um dos papeis de maior destaque da temporada. Não somente pela sua atuação e o quanto seu personagem tem peso para a série toda, mas também para mostrar os dramas cotidianos e existenciais que seu personagem trás de uma forma direta e muito bem representada.
Todos os demais atores retornam com seus personagens, Finn Wolfhard como Mike Wheeler, Gaten Matarazzo como Dustin Henderson, Caleb McLaughlin como Lucas Sinclair , Noah Schnapp como Will Byers, Sadie Sink como Maxine “Max” Mayfield, Natalia Dyer como Nancy Wheeler, Charlie Heaton como Jonathan Byers e Joe Keery como Steve Harrington, tendo ainda a inclusão de Maya Hawke como Robin, que cresce tanto quanto a série durante seus episódios e nos traz uma surpresa muito importante e surpreendente no final!
Novamente assim como na temporada 1, os episódios tem um tom mais sombrio, apesar de várias vezes o clima de “amor no ar”, dar o alívio cômico da série. Mas há também um bom espaço para mostrar como eram os relacionamentos naquela época, como era o mercado de trabalho, a toxicidade dos homens com poder e a importância da representatividade e respeito. É uma temporada plural, mesmo se passando nos anos 80, e, com certeza, a mais nostálgica de todas elas. Existem tantas referências nos episódios que o Capitão América ficaria maluco.
Por fim, Stranger Things ainda continua sendo uma das minhas séries favoritas. Sua terceira temporada resgata a sua essência, aborda novos temas, emociona e nos diverte de diversas maneiras, fazendo o que uma ótima série deve fazer: Nos cativar. Nos prender. Nos surpreender. Merece ser maratonada, compreendida e sem sombra de dúvidas, elogiada!
Todos os 8 episódios já estão no catálogo da Netflix.