qui, 21 novembro 2024

Crítica | O Irlandês

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A vida dos gângsters e a dominância das “famílias” ítalo-americanas no auge das décadas de 50, 60 e até 70, sempre foi tema de grandes filmes e sucesso. O maior de todos talvez e sempre lembrado pelo tema é O Poderoso Chefão. Desde ele, inúmeros filmes retratando o tema foram feitos, mas, apenas Martin Scorsese conseguiu durante décadas, e por diversos filmes se firmar como o maior especialista no tema.

Agora em O Irlandês, Scorsese conseguiu não apenas elevar o patamar de seus filmes no tema, mas criar um novo ponto para o gênero, que, é sempre retratado entre os meios familiares e a violência – de todo tipo – em prol do poder; como o mesmo fez em Os Bons Companheiros, um de seus maiores clássicos. Diferente dos filmes citados, O Irlandês é um filme de ritmo lento que tende a mostrar que mesmo os mais ferozes gângsters irão sempre perder um luta invencível: contra o tempo!

Baseado no livro I Heard You Paint Houses, de Charles Brandt, que narra a história real de Frank “O Irlandês” Sheeran (Robert De Niro), veterano da 2ª Guerra Mundial acusado de envolvimento com a máfia. O filme simplesmente tem um elenco incrível, contando com Al Pacino, Joe Pesci, Paul Herman, Harvey Keitel, Anna Paquin, Bobby Cannavale e Ray Romano! Sendo este o primeiro filme em que Scorsese/De Niro/Pacino/Pesci trabalham juntos!

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A história do filme, que tem 3h e 30 de duração, passa por diversos arcos. O mais importante fala sobre um dos crimes mais emblemáticos dos EUA: o desaparecimento do líder sindical Jimmy Hoffa (Pacino).

Narrado desde o início por um Frank Sheeran idoso e cheio de culpa pela vida que viveu, o filme visa elucidar como um veterano de guerra, que se torna um motorista de caminhão se envolve com a máfia e se torna um dos mais temidos assassinos americanos, que em vários pontos se vê dividido entre sua amizade com Hoffa e sua lealdade com a máfia. Apesar de mostrar a violência e o terror causados por ele, o foco do filme acreditem é mais saudosista, o que o torna um drama muito peculiar. Todos os fatos envolvem a quem assiste ao ponto de que, em várias cenas, possamos entender o que um simples gesto pode significar. Sentimos medo, tensão, preocupação e por muitas vezes ódio, pela frieza do personagem.

Apesar das várias cenas retratadas com CGI, mostrando a época da segunda guerra, ou os próprios atores mais jovens, com vigor em suas ações, explosões e assassinatos sem medo, todo o filme tem um tom melancólico. A fotografia nos mostra um filme triste, de uma vida vazia, que consiste em acatar ordens para sobreviver. Isso é extremamente notável na cena em que Joe Pesci e Al Pacino dividem com De Niro, mostrando talvez a mais alta técnica do cinema ao tema do filme, com uma enorme carga emocional em que cada olhar pode ser entendido em meio ao silêncio.

Anna Paquin, que no filme é filha de Frank, é a personagem de presença mais humana no filme. Mesmo tendo apenas uma fala, ela é a única que enxerga desde criança quem o pai e seus companheiros são de verdade, e em todas as cenas em que se faz presente, notamos que a humanidade num meio “sem humanidade” é tenso, desconfortável e indigesto.

A cada cena, cada lembrança, cada estilhaço contado da vida e das sua ações, Frank nos mostra que no fim, o poder, as lutas, a irmandade, a união, cumplicidade, a violência, a prepotência, a coragem e a raiva, terminam um dia de alguma forma. Seja por uma bala rival, seja por uma doença, ou pior, pela idade, decadência e tristeza em carregar todos esses males até o fim da vida, com um peso de nunca ter vivido de verdade para si mesmo em nenhum dos seus dias.

O Irlandês é uma união de Cassino com os Bons Companheiros, mostrando agora aos olhos de quem viveu e foi parte da história destes dois filmes um novo filme completo. É sem dúvidas o maior e melhor trabalho se Scorsese e o único a mostrar que por mais poderosos e vitoriosos foram os gângsters, todos eles fracassaram como seres humanos.

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Uillian Magelahttps://estacaonerd.com
Co-Fundador do Estação Nerd. Palestrante, empreendedor e sith! No momento, criando meu sabre de luz para cortar a lua ao meio. A, SEMPRE escolha a pílula azul. Não faça como eu!
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