sex, 22 novembro 2024

Crítica 2 | As Viúvas

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Harry Rawlings (Liam Neeson) é um notório assaltante. Metódico, nunca deixou provas que o incriminassem, e sempre se afastou de concorrentes perigosos. Porém, tudo muda em seu último trabalho. Roubando 2 milhões de dólares de um criminoso local, Harry acaba sofrendo uma emboscada que resulta na sua morte e na de seus três comparsas.

Acontece que Harry resolveu roubar de Jamal Manning (Brian Tyree Henry), um homem que tenta tornar seus negócios legítimos ao se candidatar ao cargo de vereador, mesmo à contra gosto de seu irmão e sócio, o explosivo Jatemme (Daniel Kaluuya). Incapaz de entender os motivos de Harry, Jamal exige que a viúva do assaltante salde a dívida em um curto prazo. Assim, além de lidar com a repentina morte do marido e a inevitável falência, Veronica (Viola Davis) precisa se virar para conseguir a quantia.

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A salvação de Veronica está no caderno deixado por seu marido. Lá, Harry detalha todos os seus planos, incluindo um ainda não executado. Fria e racional, Veronica vai atrás das únicas pessoas que pode manipular: as viúvas dos comparsas de seu marido. Linda (Michelle Rodriguez) é a mãe de dois filhos que perde tudo graças aos gastos do falecido esposo. Alice (Elizabeth Debicki) finalmente está livre dos abusos de Florek (Jon Bernthal), mas para nas garras da própria mãe, que a induz a se tornar acompanhante de luxo. Já Amanda (Carrie Coon) tem um bebê recém nascido e nem sequer aparece para a reunião.

Expondo o plano para as duas viúvas que passam por necessidade, Verônica propõe a divisão igualitária do dinheiro que seria roubado a mais. Caso não aceitassem, teriam suas identidades reveladas aos irmãos Manning. Assim, três mulheres dependentes e inexperientes começam a executar o roubo de 5 milhões de dólares. Com o roteiro de Gillian Flynn, escritora de Garota Exemplar e Objetos Cortantes, não faltam mulheres fortes e reais ao filme.

Se temos um grande diretor, um grande elenco, uma grande obra, de uma grande escritora, provavelmente teremos uma obra prima, certo? Errado.
De forma alguma pretendo afirmar que As Viúvas é um filme ruim. Steve McQueen é um diretor competente e dedicado, que trabalhou com um elenco de altíssimo nível. Na direção de atores, em especial, ele se sai melhor neste filme, especialmente na combinação com o talento de Viola Davis, que constrói uma protagonista cheia de força, de medos e de contradições. Daniel kaluuya, por sua vez, tem grande atuação como coadjuvante, ao criar um antagonista contido e cruel, alguém que conseguimnos temer somente pelo olhar. Michelle Rodriguez não se destaca, e Elizabeth Debicki nos traz uma coadjuvante cujo arco dramático é o mais envolvente entre os personagens secundários. Liam Neeson parece deslocado, nem chega parecer uma história escrita por Gillian Flynn- geralmente mais centrada no suspense psicológico do que na ação. Colin Farrel está apenas ok.

Tecnicamente, As Viúvas é impecável. O jogo de câmeras é show de bola, com alguns planos sequência, em cenas-chave para ação, de alto grau de dificuldade de execução. A fotografia, apoiada pela direção de arte e pelo figurino, em certa medida, reflete a frieza contida de uma narrativa na qual as emoções estão sufocadas.
No roteiro, escontra-se o principal ponto fraco de As Viúvas, principalmente porque a autora da obra original co-assina a adaptação para o cinema. Sem dar spoilers, creio que haja dois equívocos gigantescos: primeiro, a forma como se faz a grande revelação do plot twist foi mal desenvolvida e, em combinação com a montagem, mal colocada na linha do tempo; segundo, algumas pistas tornaram o desfecho mais previsível do que deveria ser, ainda mais em se tratando de uma história de Gillian Flynn – basta lembrarmos de Garota Exemplar. Esses equívocos reduzem, significativamente, o efeito de As Viúvas sobre a audiência.

Embora As Viúvas seja um dos favoritos à indicação ao Oscar de melhor filme, bem como às categorias de direção, roteiro adaptado e de atuação e seja, de uma forma geral, bem executado e bem interpretado, falta energia. A sensação que melhor descreve o é: “bom filme , mas não é nenhum Garota Exemplar“. Resumindo, um bom filme, mas que ficou abaixo das expectativas.

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Destaque

Harry Rawlings (Liam Neeson) é um notório assaltante. Metódico, nunca deixou provas que o incriminassem, e sempre se afastou de concorrentes perigosos. Porém, tudo muda em seu último trabalho. Roubando 2 milhões de dólares de um criminoso local, Harry acaba sofrendo uma emboscada que...Crítica 2 | As Viúvas