seg, 23 dezembro 2024

Crítica | #Alive

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O cinema sul coreano é conhecido por poucos, mas apreciado por muitos. Recentemente os cineastas de lá tem apostado no gênero de terror para contar suas histórias, apostando especialmente em tramas envolvendo zumbis. Os longas que mais se destacam são Invasão Zumbi e Península (este ainda inédito no Brasil). Para aumentar a galeria de filmes dessa boa safra coreana, temos #Alive, obra que estreou hoje (08/09) na Netflix. O filme pode ser definido como o “apocalipse zumbi da era digital” e assusta mais por suas semelhanças com a quarentena, que estamos vivendo desde março, do que pelos comedores de cérebro que permeiam o filme.

Foto: Netflix/ Divulgação

#Alive, filme dirigido e roteirizado por II Cho (Verão em L.A.) narra a história de um misterioso surto de vírus que repentinamente se espalhou por Seul e rapidamente ficou fora de controle. Um jogador recluso luta para sobreviver em um condomínio repleto de pessoas infectadas com o vírus. A primeira observação a ser feita a esse longa é que ele usa e abusa da tecnologia disponível em nosso dia a dia para mostrar como seria um apocalipse na atualidade, a segunda é que ele usa da terrível situação para focar num drama que vivemos (bem menos intenso) de uma quarentena sem fim. Os mortos-vivos aqui não são vilões nem heróis, mas sim perigosos obstáculos. O blockbuster sul coreano, que seria lançado nos cinemas, inicia sua história sem muita enrolação, mostrando o início do surto e apresentando o protagonista da história. II Cho explora bem a cartilha do gênero de filmes de zumbi e mostra sem muito estardalhaço o caos que ocorre em Seul.

Foto: Netflix/ Divulgação

Passado o caos inicial da situação, o longa usa a tecnologia para mostrar o protagonista sucumbindo gradativamente ao desespero de não ter notícias de seus entes querido e por não ter alguém. Esqueça os sustos gratuitos e as cenas de tensão (temos elas, mas de modo pontual). O condomínio infestado de zumbis é usado como plano de fundo para uma analise da era digital e, acidentalmente, dos efeitos da quarentena. Vemos os dias passarem e nada mudar, inicia assim as crises de ansiedade, o desânimo, a solidão e por fim o desespero. Vemos tudo isso na ótima atuação de Oh Joon-Wo (Em Chamas) que carrega a primeira metade do filme com maestria. A partir dessa segunda parte temos um paralelo interessante entre as personalidades dos personagens em cena. Um é o típico garoto de classe média que gosta de jogos de computador e redes sociais, usando a tecnologia a seu favor para sobreviver. Enquanto o outro usa de itens mais tradicionais, como ferramentas de acampamento e telescópios para sobreviver. Com suas diferentes especialidades, ambos funcionam como Yin e Yang para se manterem vivos. Esse contraste é um belo acerto do roteiro e da direção.

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#Alive tells the story of two people struggling to survive as a mysterious illness spreads throughout Seoul. Photo: Spackman Entertainment Group

O longa ainda acerta na construção dos zumbis, não fazendo uso exagerado de efeitos digitais como ocorreu em Invasão Zumbi, os monstros aqui são frutos de uma maquiagem convincente. Porém, o filme derrapa nas situações de terror que são muito poucas para um filme do gênero (mas isso não é um pecado, apenas uma observação). O roteiro mescla bem situações plausíveis e clichês do gênero. O ritmo da trama é bom e o que vemos ocorre sem atropelos, de modo bem orgânico no geral.

Foto: Netflix / Divulgação

#Alive é a prova de que as melhores produções de zumbi vêm atualmente da Coreia do Sul, mesmo não sendo assustador o longa diverte e entretém com maestria, além de fazer um paralelo interessante com a quarentena que vivemos.

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Hiccaro Rodrigues
Hiccaro Rodrigueshttps://estacaonerd.com
Eu ia falar um monte de coisa aqui sobre mim, mas melhor não pois eu gosto de mistérios. Contato: [email protected]
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