sáb, 27 abril 2024

Crítica | Avatar: O Último Mestre do Ar

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Em Avatar: O Último Mestre do Ar (Avatar: The Last Airbender), um garoto chamado Aang descobre que é o novo Avatar, uma entidade que consegue dominar os quatro elementos. Mas, um incidente acaba colocando o jovem afastado por 100 anos, enquanto uma guerra devastava o mundo. Ao despertar, Aang percebe que precisa por um fim nos conflitos, enfrentando um inimigo mortal.

Quando se achou que a recente leva de adaptações já estaria saturada, a Netflix surgiu com propostas deveras interessantes para clássicos como One Piece e Yu Yu Hakusho, que, apesar da inevitável estranheza de qualquer produção baseada em um rico e influente material original, funcionaram tanto para o novo público quanto para os fãs mais antigos. Entrando na roda de remakes produzidos pela plataforma de streaming, Avatar: O Último Mestre do Ar, adaptação do anime norte-americano “A Lenda de Aang”, criado por Michael Dante DiMartino e Bryan Konietzko, surge com tudo, apostando na fidelidade ao universo que conquistou admiradores e até os mais metódicos dos críticos, mas com algumas mudanças significativas na trama que podem agradar ou decepcionar os fãs.

Gordon Cormier brilha como Aang. Imagem: Netflix

Ao longo de seus 8 episódios, dirigidos por Michael Goi, Roseanne Liang, Jabbar Raisani e Jet Wilkinson, a jornada de Aang, o último dobrador de ar que despertou 100 após um confinamento no gelo, é contada de maneira dinâmica, ora até demasiadamente didática, que beira um perigoso teor repetitivo. Porém, os 4 realizadores da série lutam para conduzir com devida cautela o roteiro que resume todo um arco em capítulos de 50 minutos aproximadamente e ainda procura inserir elementos que poderiam ser explorados em uma segunda temporada em vez de esticar dois episódios inteiros, como toda a narrativa que envolve Bumi e Omashu. Inserir na primeira temporada da Avatar tramas importantes que poderiam agregar com altos valores na carga dramática da série, sem o esmero e o detalhismo necessário, apenas para acelerar processos ou despertar no fã mais antigo uma momentânea sensação de nostalgia, não foi uma decisão inteligente por parte da equipe de produção de Albert Kim, o responsável por desenvolver O Último Mestre do Ar da Netflix.

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No entanto, por mais que essa “pressa” em inserir vários elementos da mitologia de Avatar em sua primeira temporada soe estranha, há como considerar o desejo da produção em representar, tanto na estética quanto narrativamente, personagens e situações da animação. Há pontos que funcionam no live-action devido ao resumo bem aplicado, como a apresentação do clã dos Dobradores de Ar, que se destacam no primeiro episódio da série, antes de sua extinção, além do história da guerra dos 100 anos que é bem enxugada por Gran Gran (Casey Camp-Horinek).

O público que está embarcando em Avatar: O Último Mestre do Ar pela primeira vez pode não perceber o tom mais “pé no chão” atribuído pela Netflix à obra, não a ponto de deixar de lado a fantasia predominante na mitologia, nem mesmo a diversão e bom humor da animação da Nickelodeon. Mas, fica claro para quem acompanha Avatar por mais tempo que a seriedade atribuída ao live action, que é compreensível e até se auto-explica sobre sua existência, rompe (porém, volto a destacar, não completamente) com o fantástico e o místico que é uma das marcas registradas da série animada. Uma maior autenticidade do live-action poderia ter vindo com um casamento bem realizado entre a premissa mais “séria” e o bom humor característico da obra, sem um prevalecer sobre o outro.

O fantasioso, por outro lado, é bem representado por efeitos visuais acima da média de produções para streaming. Belas paisagens construídas a partir de CGI também acrescentam bastante na magia da narrativa, assim como as cenas de voo do Appa, o Bisão Voador, e a própria construção digital do querido personagem. Cenários, figurinos e maquiagens são bem realizadas e prezam por um perfeccionismo que não investe ousar ou ser mais do mesmo. Não que a estética visual de Avatar: O Último Mestre do Ar seja ruim, longe disso, mas todo o esmero visto cena gerou uma certa artificialidade.

Trio protagonista de Avatar: O Último Mestre do Ar. Imagem: Netflix

Sem dúvida, o maior ponto positivo da primeira temporada de Avatar: O Último Mestre do Ar é o elenco bem afiado, que esbanja simpatia. No núcleo de protagonistas é composto pelos jovens artistas Gordon Cormier, como Aang, Kiawentiio Tabell, como Katara e Ian Ousley, que interpreta Sokka, conseguem romper as barreiras da inexperiência e entregar seus respectivos personagens com emoção e energia. No lado dos antagonistas, Dallas Liu interpreta um ambicioso príncipe Zuko que carece de emoções, enquanto Paul Sun Hyung Lee brilha com a serenidade de Iroh. Azula e Lord Ozai são bem representados por Elizabeth Yu e Daniel Dae Kim, respectivamente, que conseguem amedrontar em seus vilões.

Avatar: O Último Mestre do Ar se divide entre erros e acertos. Diferente do lamentável longa-metragem de M. Night Shyamalan de 2010, a produção da Netflix consegue respeitar a obra original, na medida do possível. Só é preciso mais treinos e habilidades para poder dominar, de fato, a mitologia fantástica de Avatar na segunda temporada.

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