sáb, 21 dezembro 2024

Crítica | Garotos Detetives Mortos (Dead Boy Detectives)

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Se você está sendo atormentado por espíritos indesejáveis ou se um demônio roubou suas memórias, talvez seja a hora de procurar a ajuda dos Garotos Detetives Mortos. A nova série da Netflix, que estreia nesta quinta-feira (25), promete causar grande alvoroço.

Conhecemos Edwin Payne (George Rexstrew) e Charles Rowland (Jayden Revri), conhecidos como “o cérebro” e “o músculo” da agência de investigações paranormais Garotos Detetives Mortos. Nascidos em décadas distintas, esses dois adolescentes só se encontraram após suas mortes prematuras e, desde então, tornaram-se inseparáveis, melhores amigos e, curiosamente, fantasmas dedicados a resolver mistérios.

Unidos por laços mais fortes que a própria vida, Edwin e Charles enfrentam desafios que vão muito além de meros truques ou sustos fantasiosos. Eles fogem de bruxas malévolas, escapam das garras do Inferno, enfrentam o Rei Gato e desafiam a própria Morte (Kirby Howell-Baptiste, sim a mesma da série Sandman). Acompanhados de Crystal (Kassius Nelson), uma vidente com uma habilidade peculiar para perceber o oculto, e sua amiga Niko (Yuyu Kitamura), eles desvendam alguns dos enigmas mais complexos do reino dos vivos.

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Voltando no tempo, Edwin e Charles foram apresentados como dois meninos que foram intimidados até a morte em um internato com 76 anos de diferença. A introdução é uma espécie de história de origem sombria, que ocorreu em 1990, quando Charles ainda estava vivo na escola St. Hilarion, mas estava sendo perseguido sem trégua pelos fantasmas de colegas de classe – e professores – do passado. Charles e Edwin se encontram na morte e decidem começar uma nova vida juntos como detetives particulares amadores e mortos-vivos. Embora sejam fantasmas amigáveis e caminhem pela Terra por escolha, eles não estão isentos de traumas, dos quais Edwin tem uma medida extra, tendo passado sete décadas no Inferno por causa de um erro administrativo.

Ao longo das décadas desde que se tornaram amigos, os dois estabeleceram-se como detetives bem conceituados dos mortos problemáticos de Londres – eles alugam um escritório, com móveis de escritório e arquivos como qualquer detetive particular vivo – evitando a Morte sempre que ela chega à cidade; eles não desejam passar para a vida após a morte ou desistir de sua profissão. Eles aceitam pagamento – a economia fantasma é vaga, mas alguns têm dinheiro.

A série, inspirada nos quadrinhos homônimos de Neil Gaiman, traz uma abordagem refrescante ao gênero sobrenatural, introduzindo diversas modificações para se adaptar melhor ao novo meio. A trama explora novos crimes e uma investigação complexa sobre a vida e a morte, enquanto os protagonistas fantasmas continuam suas andanças fora da típica “vida após a morte”.

Garotos Detetives Mortos encontra paralelos em outras séries como O Mundo Sombrio de Sabrina e Supernatural, onde cada episódio apresenta uma nova investigação sempre num tom cômico e voltado para o público adolescente. É o tipo de enredo que pode cativar quem gosta de aventuras sobrenaturais com um toque leve e episódios cheios de surpresas e humor. Esta abordagem ajuda a tornar a série acessível e extremamente divertida, mantendo os espectadores engajados e ansiosos pelo próximo desafio que nossos protagonistas enfrentarão.

A personagem Crystal adiciona uma camada adicional de profundidade ao enredo. Imagine descobrir que seu ex é um demônio e que ele possui metade de suas memórias porque se considera poderoso? No auge de seus 20 anos, Crystal enfrenta não apenas o sobrenatural, mas também uma crise de identidade e inseguranças profundamente humanas. Principalmente por não ter acesso a suas lembranças. Sua busca por entender suas origens se entrelaça habilmente com a narrativa maior da série.

Em paralelo, temos Niko, que após a morte do pai, encontra-se incapaz de responder às cartas de sua mãe, pois isso significaria mentir que está tudo bem quando a verdade é o oposto. Niko e Crystal, duas mulheres com trajetórias de vida muito diferentes, acabam se conhecendo por alugar um espaço na mesma casa, dois quartos em cima do açougue Língua e Rabo administrado pela gótica Jenny (Briana Cuoco). Esta coabitação inesperada leva Niko a se envolver nas investigações, já que também possui a habilidade de ver fantasmas, e isso é uma consequência de sua própria experiência de quase morte. Ou seja, qualquer pessoa que teve uma experiência de quase morte, pode estar vendo umas pessoas meio transparentes andando por aí.

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Esta série não apenas enriquece a trama com uma sororidade feminina e bem-vinda em histórias dominadas por elementos sobrenaturais, mas também aborda temas como amizade, sacrifício e a busca pelo sentido da vida – e da morte. Com um equilíbrio impressionante entre suspense e comédia, Dead Boy Detectives promete não apenas entreter, mas também oferecer momentos verdadeiramente tocantes.

Assim como outras criações de Gaiman, como Good Omens e Deuses Americanos, onde o fantástico se entrelaça com o cotidiano de uma maneira única e cativante, Garotos Detetives Mortos/Dead Boy Detectives se destaca pelo conteúdo criativo e intrigante, prometendo algo bem feito e bem realizado e entre aqueles que procuram algo além do entretenimento superficial. Seja você um fã de longa data de Neil Gaiman ou alguém à procura de uma nova série para maratonar, esta adaptação é uma adição vibrante e emocionante ao universo expandido de Gaiman, prometendo cativar uma ampla gama de espectadores com seu encanto peculiar e mistério envolvente sem nada inovador. Como diria no final da série “Continua…”

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