Na informática o termo dia zero (também chamada de ameaça de dia zero) é usado para falar sobre um ataque que tira proveito de uma vulnerabilidade de segurança que não possui uma correção. A nova minissérie da Netflix Dia Zero, estrelada por Robert DeNiro (Táxi Drive) explora esse conceito e apresenta a seguinte trama: Um ex-presidente dos Estados Unidos volta à ativa para investigar a origem de um ataque cibernético letal e descobre uma rede de mentiras e conspirações.
Porém os desdobramentos dessa trama simples tornam o enredo algo difícil de gostar. O roteiro explora a temática e insere um mix de assuntos que possuem desenvolvimentos que variam entre o absurdo e o satisfatório, fazendo o show ter altos e baixos. Os elementos que mais chamam a atenção no aspecto positivo são temas que coincidem com o atual governo americano, como por exemplo, a abordagem da influência de empresas de tecnologia na política americana. Em alguns episódios, essa abordagem política fica em segundo plano e temas como teorias da conspiração, pânico da população, ameaça a soberania nacional, estado mental do protagonista, seu passado, relações pessoais com a família e aliados políticos se tornam destaque, mas nunca são desenvolvidos com êxito… São tantos temas que o thriller político não se sustenta.
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O caos criado apresentado em Dia Zero se resume a muito poucos impactos reais ou memoráveis. Temos um acidente de trem, alguns tumultos isolados, alguns incêndios vistos de muito longe e muitas cenas exibidas na TV de jornalistas falando sobre o caos (sem mostrar nada), no mais o caos nunca é sentido ou realmente apresentado. O que dilui tudo que é dito e desenvolvido pelo texto.
A descoberta das pistas e a conclusão de quem causou o ataque cibernético é feita por uma dedução secreta que faria inveja a Sherlock Holmes, nada apresentado na investigação é desenvolvido de modo satisfatório, hora você está vendo um interrogatório e do nada. Temos um novo suspeito, que nem foi apresentado ou citado na história. Quando a trama foca suas atenções na saúde mental do protagonista, as coisas melhoram. O espectador fica a todo momento em dúvida do que é real, será uma arma, será um problema de saúde? Bom nem a série define e nem o espectador tem elementos suficientes para cravar uma conclusão.
No quesito atuações, os altos e baixos se mantém. DeNiro é um ator de uma face apenas, sempre emburrado o ator profere suas frases num tom que demonstra que ele está fazendo o básico do básico neste projeto, e isso torna difícil se importar com ele e com seus dramas. Jesse Plemons (Tipos de Gentileza) e Angela Bassett (Pantera Negra) tem atuações melhores, porém tem menos espaço.
Dia Zero é uma produção preguiçosa no seu desenvolvimento e a atuação de estreia na TV do gênio Robert DeNiro é esquecível neste show. Muitos personagens e muitas sub-tramas que não funcionam ou não levam a lugar nenhum fazem deste program perfeito para o dia do tédio.