A Pixar/Disney nos últimos anos vem sofrendo de problemas quanto criatividade e talvez um esgotamento de ideias com suas animações. É fato que os recentes trabalhos da Pixar variam entre uma obra original e uma continuação de alguma grande franquia do estúdio, tal qual Toy Story. Agora, chegou a vez de Divertida Mente, um grande sucesso que talvez tenha sido o último produto destacável deles em relação a criatividade, não à toa, conquistou diversas pessoas. Será possível manter/construir mais alguma história relevante com este universo?
Divertida Mente 2 marca a sequência da famosa história de Riley (Kaitlyn Dias). Com um salto temporal, a garota agora se encontra mais velha, passando pela tão temida adolescência. Junto com o amadurecimento, a sala de controle mental da jovem também está passando por uma demolição para dar lugar a algo totalmente inesperado: novas emoções.
É um filme bem padrão continuação da Pixar em relação ao método do estúdio. Ele apresenta essa nova etapa da Riley, já mencionada no filme anterior, em relação a adolescência, e com isto insere a desculpa para adicionar novas emoções. E funciona também como uma atualização da franquia, a adição da ansiedade é o grande chamariz do longa, traz essa identificação com um assunto bem atual do cotidiano, que não era muito comentado antigamente, mas hoje é pauta.
Enquanto o primeiro filme era mais complexo em relação com os sentimentos e projeções da personagem humana, aqui tudo parece mais mastigado e auto explicativo, o que acaba tirando a magia que o estúdio construiu em sua carreira nos outros filmes. Os personagens constantemente estão explicando tudo que está acontecendo, o que funciona para alguns, no caso a ansiedade e sua personalidade, porém para outros parece apenas uma forçada do roteiro para deixar tudo mais fácil, no qual nunca foi necessário.
O longa mesmo assim acaba funcionando, a fórmula Pixar é sempre marcada pelo carisma, bom humor e boas sacadas. A jornada é até mesmo parecida, com alguns personagens no centro de controle e outros separados tentando arranjar alguma forma de retornar ao ponto comum. Enquanto isso acompanhamos a exploração por meio da mente de Riley, aqui somos apresentados para lugares como o cofre dos segredos ou o novo destaque do filme: o fundo do consciente onde é moldado o caráter dela. É uma boa sacada para novamente o filme trabalhar essa questão de equilíbrio, já debatido no filme anterior, mas expandido aqui.
Os personagens no geral funcionam muito bem, o equilíbrio dado para cada um é ótimo, possuem tempo de tela para ao menos alguma piada ou atitude mais destacável na jornada. Até mesmo as novas emoções conseguem convencer de maneira bem limpa sua importância e papel naquilo tudo. Claro que a importância maior fica para a Alegria e Ansiedade, ambas funcionam como uma espécie de rivalidade de comando. O molde envolvendo as percepções do mundo pelos olhos da Ansiedade são o ponto alto do filme, misturando esse pavor de maneira engraçada, mas em outros momentos de forma bastante natural e realista.
A versão assistida foi a dublada, então existem sacadas ou piadas que tentam beber nesse imaginário das redes sociais. Com piadas mais atuais, envolvendo todo esse contexto de gírias e memes modernos. Acaba que funcionando na maioria das vezes, outras situações parece apenas uma insistência para atrair a molecada mais jovem. Mas o talento da dublagem da obra anterior está presente aqui e traz carisma e conforto para quem prefere essa versão.
Divertida Mente 2 segue uma fórmula já estabelecida do estúdio e funciona como uma continuação das quais já presenciamos do mesmo. Porém a diversão, piadas, interesse por este universo é ainda capaz de encantar. Mesmo que não apresente o mesmo impacto do seu antecessor, apesar de falar de um tema bastante atual, ele consegue dar sentido para essa nova expansão.