sáb, 7 dezembro 2024

Crítica | Donzela

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Ambientado em uma terra medieval, Donzela (Damsel) acompanha a jovem Elodie (Millie Bobby Brown), herdeira de um reino inóspito, que concorda em se casar com príncipe, acreditando que isso salvaria o legado de sua família. Porém, ela descobre que o casamento era, na verdade, uma armadilha que colocara sua vida em jogo.

Existe uma linha tênue entre as adaptações e as produções originais da Netflix. Tanto os inúmeros erros quanto os discretos acertos vem sendo, cada vez mais, vistos em ambos os conteúdos, que ganham destaque devido a fácil acessibilidade do público e o marketing bem trabalhado que, muitas vezes, garante sucesso de determinada produção. Sinais de escassez e a repetitiva adesão ao simplório não parecem empecilhos para que o streaming evite lançar a cada mês uma ou mais obras cujo resultado técnico e narrativo apresente problemas. Donzela, que mais uma produção original “mais do mesmo”, apesar de ter procurado se esforçar para entregar uma originalidade digna de atenção, é o mais novo exemplo de aglomerado excessos simplórios da Netflix que, diferente das mais recentes adaptações, não chega a minimamente empolgar ou emocionar.

Equipado de uma premissa moderna de contos de fadas devidamente amalgamada à fábula, Donzela teve o infortúnio de cair nas mãos de um roteiro acostumado ao simples e que acredita que somente a boa ideia proposta pelo argumento era suficiente para convencer o público de seu universo, que é amargamente mal aproveitado, e para desenvolver sua potencial história. Assinado por Dan Mazeau (Fúria de Titãs 2, Velozes e Furiosos X), o roteiro da nova aventura da Netflix se apoio do raso e parece ter medo de navega em suas interessantes possibilidades, deixando personagens de lado, além de resolver rapidamente situações de risco vividas pela protagonista de Bobby Brown.

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Imagem: Netflix/Reprodução

A partir do segundo ato de Donzela, o longa deixa de lado a ideia de desenvolver a mínima e preguiçosa apresentação de seu universo, personagens e história para se prender em um drama de sobrevivência rápido e, surpreendentemente, sem delongas, o que acaba por aliviar o desenvolvimento inócuo do filme e atribuir a este boas, porém breves, sequências de ação. A direção do cineasta espanhol Juan Carlos Fresnandillo (Extermínio 2) procura entrar um tom apropriado para o longa que mistura excessivamente e sem grandes inspirações fantasia, aventura, ação e drama. A condução não chega a ser falha e procura subverter o roteiro de Manzeu, além de dirigir com maestria Millie Bobby Brown, que é a grande responsável por carregar o longa adiante.

A heroína de Millie Bobby Brown é escrita sob clichês de empoderamento que poderiam ser a cereja do bolo aguado e desprovido de surpresas feito pelo roteiro de Donzela. Porém, o empenho da atriz atribui à Elodie uma personalidade além do simplório que foi proposto. Por outro lado, não há muito o que extrair de outros grandes nomes do elenco, como Angela Basset, Robin Wright e Ray Winstone, que são sub-utilizados em personagens desinteressantes, sem qualquer desenvolvimento ou carisma.

Imagem: Netflix/Reprodução

Contendo uma produção de figurino e direção de arte que prezam por detalhes e cores limpas, sem ousadia ou caracterização que remetesse a um universo perigoso e instigante, Donzela pelo menos não sofre com maus efeitos visuais. Apesar do dragão aparecer, no seu maior tempo de tela, debaixo de sombras (há um grande problema de excesso de penumbras e sequências escuras demais para serem compreendidas pelo público), as sequências de perseguição entre a protagonista e a criatura ostentam efeitos digitais bem produzidos. Revelado aos poucos durante a trama, a apresentação do antagonista principal chega a ser bela e, talvez, o único ponto realmente instigante do longa-metragem.

Sem apresentar uma mensagem forte de empoderamento, além de utilizar recursos narrativos que já foram diversas vezes abordados em produções melhores, Donzela também não tem forças para se destacar como uma fantasia inovadora, sendo apenas mais uma opção de entretenimento no catálogo da Netflix.

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