sáb, 21 dezembro 2024

Crítica | Doutor Estranho no Multiverso da Loucura 

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O universo da Marvel segue em plena expansão. Após a Saga do Infinito, que foi concluída em Ultimato, a Marvel Studios decidiu apostar suas fichas em novos personagens, que são apresentados nas diversas séries que o estúdio desenvolve no Disney+ e numa nova saga, que agora envolve um novo tema. Em 2021, estreou na Marvel a Trilogia do Multiverso, os eventos foram apresentados na série WandaVision, seguiram em Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa e são “concluídas” em Doutor Estranho no Multiverso da Loucura. A produção é dirigida por Sam Raimi (Homem-Aranha 2002) e estreia nesta quinta-feira (05) nos cinemas.

Doutor Estranho 2 é com certeza a obra mais sombria e assustadora da Marvel, até o momento. Este é um filme que “foge” da conhecida fórmula Marvel e usa diversos elementos do terror para contar a sua história, que é focada do início ao fim no conceito de universos paralelos. Porém, a ideia de multiverso segue não sendo bem desenvolvida, e é quase que jogada para o espectador, o que é uma pena já que o filme poderia criar uma base sólida sobre o tema nessa produção. Nada disso é feito, é a sensação que fica é que quem assiste as produções do MCU terá que montar um extenso quebra-cabeça com peças que só vão ser reveladas em outras produções num futuro, o que é frustante e deixa a trama pouco envolvente. O roteiro de Michael Waldron (Loki) cria um passeio horripilante pelo multiverso, que possui seus momentos positivos e negativos. O texto em si foge da fórmula ação-piada, o que é bom de ser visto já que o tom é de seriedade. Porém, nos momentos em que o texto tenta inserir essas “piadocas” para quebrar a tensão ou até mesmo para aliviar o clima, as tiradas do roteiro não funcionam. O ritmo da história é lento, mas isso se deve a construção dos da dupla protagonista e das suas motivações, algo que é muito bem feito pelo texto de Waldron, mas para os fãs de cenas de ação, é necessário revelar que a produção deixa a desejar. Em especial no seu terceiro ato que é frustante nesse quesito. Esses elementos podem tornar a produção pouco tediosa e prejudicar a imersão dos mesmos na história que apostas suas fichas no terror/suspense/drama da situação para conquistar e chocar o público.

O clima e o colorido do filme, que muito lembram os quadrinhos do personagem, do início do filme vão gradativamente sendo substituídos por tons mais escuros e por uma fotografia que usa a iluminação vinda de baixo, para criar uma aparência não natural e distorcer sombras e até as faces dos personagens que estão em cena. Aliado a isso ainda temos um Sam Raimi, inspirado e que usa de toda sua experiência para transformar o Multiverso da Loucura em um filme de terror, com direito a cenas brutais (para o padrão Marvel) de violência e sangue, para contar a sua história. A cena envolvendo o grupo de super-heróis que enfrenta a vilã da trama, é a melhor de todo o filme por conseguir aliar todos esses elementos com maestria. A vilã aqui é retratada quase que como, uma serial killer com super poderes. Um ser poderoso e que está disposto a tudo para se tornar o que ela mais deseja: mãe.

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Se no primeiro filme solo do Doutor Estranho, tínhamos uma história de origem que se assemelhava muito com a do Homem de Ferro nos apresentando um Stephen Strange egoísta e dono da razão. Agora vemos uma nova faceta do herói, que amadureceu e que aprendeu algumas lições, além de ter adquirido alguns arrependimentos em sua vida, que o levaram a ser o herói que vemos em cena. A vilã da trama é outra personagem, que já é velha conhecida do MCU, mas agora está disposta a destruir mundos para atingir seus objetivos. O texto cria motivações plausíveis para os objetivos de ambos os personagens e as atuações de Benedict Cumberbatch (Ataque dos Cães) e Elizabeth Olsen (OldBoy) são os grandes destaques deste filme. Em especial Olsen, que apresenta a sua melhor atuação na carreira, ao apresentar um Wanda traumatizada que vai até as últimas consequências pelo que acredita ser o certo.

O CGI de Doutor Estranho 2, apresenta altos e baixos. Temos algumas cenas primorosas e outras em que alguns efeitos visuais foram feitos de qualquer jeito e deixam a desejar. A montagem é o ponto mais fraco da produção e não consegue dar fluidez narrativa, dividindo o filme em três bloco que são unidos por uma transição preguiçosa. A trilha sonora também não consegue engrandecer as cenas na quais são inseridas. Por fim, alguns easter eggs e participações especiais devem animar o público fã deste imenso universo compartilhado.

No fim Doutor Estranho no Multiverso da Loucura é um filme que tem altos e baixos. Isso se deve pela tentativa de fugir da fórmula do estúdio e construir algo novo. Com isso, Sam Raimi acaba apresentando elementos que podem empolgar alguns fãs, mas no fim as convenções que a Marvel criou para esse universo atrapalham a direção que entrega uma produção que tem um fim amargo e pouco impactante. A primeira cena pós-crédito mostra que as ações vistas nessa produção tem consequências. Fica a torcida para que elas sejam abordadas com mais liberdade criativa, os fãs agradecem.

PS. A produção possui duas cenas pós-créditos, uma no meio e outra no fim da projeção.

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Hiccaro Rodrigueshttps://estacaonerd.com
Eu ia falar um monte de coisa aqui sobre mim, mas melhor não pois eu gosto de mistérios. Contato: [email protected]
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